Contos

O CRIME DA CARVOEIRA

maio 9th, 2012 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós Inventei uma biblioteca semi-submersa, guardada por um negro velho, que dormitava com os óculos comprados em camelô pendurados no nariz, rodeado de algas, liquens e peixes. Havia uma craca de ostras no teto. Um resto de rede tapando quadros borrados nas paredes. Uma cabeça de golfinho sorrindo sinistramente para mim. Um volume detonado […]



UM ESTRANHO CASO

dez 6th, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós Cachorro-Em- Pé era visado pelos maus da vizinhança. Com um tronco desproporcional aos pequenos braços e pernas, que sacudiam no andar desengonçado, o rapaz virou alvo fácil logo que chegou de mudança na rua, junto com a família. Além de bizarro, era de outra cidade. Parece que de Santiago ou Cachoeira, lugares distantes, […]



O PARADOXO DE WHILE

ago 17th, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós Pesquisador brasileiro, que se esconde sob o pseudônimo de While (talvez para fugir de um Jondertson) levantou uma hipótese polêmica, que depois de abandonada no meio acadêmico alcançou súbita notoriedade. Trata-se de uma relação entre duas situações incomensuráveis. A primeira é a da linha contínua que forma o círculo e que, em tese, […]



INGLESES ROUBARAM A JULES RIMET

jun 17th, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós Custou a cair a ficha: os ingleses jamais perdoaram o fato de o Brasil ter ficado com a taça Jules Rimet para sempre. Por isso, subornaram cartolas para deixar o texsouro bem à mostra sem segurança na sede da CBD e contrataram um argentino para fazer o roubo. Depois, foi só contra-informação: bastou […]



PARAÍSO TROPICAL

maio 17th, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós Em filme americano, o céu é uma corporação com executivos que recebem os espíritos e os encaminham para as tarefas eternas. Só que sempre há um equívoco e a alma que chegou antes do tempo volta para continuar sua missão na terra. Vamos imaginar como seria o céu brasileiro. O traficante receberia o […]



O QUE É MICROCONTO?

mar 21st, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós O microconto é a literatura da era da nanotecnologia. A palavra microconto já é a metade de um microconto. Acordou cedo e deu de comer aos microcontos. Toda vez que ouço falar em microcontos eu puxo a minha garrucha. Cuidou de queimar os rascunhos pois desconfiava que seriam confundidos futuramente como ninho de […]



MUITO ABAIXO DO PETRÓLEO

mar 11th, 2010 | Por | Categoria: Contos

Nei Duclós O ministro Linóleo Bólio foi recebido em caráter de urgência pelo presidente Prospectus Erectus. O assunto era explosivo: tinham descoberto, muitos quilômetros abaixo da sueperfície totalmente tomada pelo petróleo, algo parecido com o Mar, entidade mítica que existia nos relatos muito antigos. A alta tecnologia desenvolvida para procurar água no planeta oleoso era […]



O COTOVELO DE VIDRO

dez 18th, 2009 | Por | Categoria: Contos

A casa era pequena, mas bem planejada por um oficial da Marinha. Os ventos podiam fazer escândalo na vizinhança, mas nossas portas não batiam. Copa e cozinha eram a mesma peça, e a sala um cotovelo todo ajanelado que dava para a praia de São José, cidade grudada a Florianópolis. Lá mergulhei mais uma vez na literatura.A revelação maior foi deixar que cada personagem mostrasse a integridade específica de vidas diferentes da minha.



O VENDEDOR DE MORANGOS

dez 18th, 2009 | Por | Categoria: Contos

Nossa colega estava surtada porque não conseguira explicar direito o objetivo do seu projeto. Sabíamos só que o troço agregava valor. Ou tinha algo a ver com qualidade de vida e meio ambiente. Parece que o importante era a transparência e não sei mais o quê. Concordávamos com ela, apesar de não entendermos patavina, só pelo alívio que poderia gerar nosso assentimento diante do seu nervosismo. (Crônica pubicada dia 6/11/2005 no caderno Donna, do Diário Catarinense)



QUANDO FALTA LUZ

dez 18th, 2009 | Por | Categoria: Contos, Crônicas

A cidade fica toda escura e a casa é invadida por mãos cegas em busca de fósforos. onde coloquei a vela? é a pergunta mais comum. Custa um pouco colocar ordem no mundo desconhecido que se instala com a escuridão completa que chega até o horizonte. Longe, atrás do monte, um clarão se vislumbra; mas para lá não fica o mar, o pampa? De onde vem a luminosidade? Será a esperança que se recolhe numa distância prudente, esperando que nós, os eternos pessimistas, possamos recuperar o que perdemos subitamente?