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XLV.
Mas era, sobretudo, digno de
lástima, ver-se a cidade abandonada ao acaso, como um navio sem piloto, sem
esperança de poder salvá-lo, em tão grande tormenta; todavia, embora a
resolução fosse tão mesquinha, todos ainda julgavam que a fuga lhes era melhor,
peio amor que tinham a Pompeu; abandonavam Roma, como se fosse o próprio
acampamento de César, porquanto Labieno, que era um dos maiores amigos de
César, tendo sido sempre seu lugar-tenente na guerra da Gália e sempre se
portara valentemente em todas as ocasiões, abandonou-o então, bandeando-se para
o lado de Pompeu: César, porém, mandou-lhe seu dinheiro e toda a sua bagagem, e
depois foi acampar diante da cidade de Corfínio (38), na qual se encontrava
Domício, com tonta bandeiras: vendo-se sitiado, julgou-se perdido e, sem
esperança de salvação, pediu a um escravo, que era médico, um pouco de veneno.
O médico deu-lhe um bebida, que ele tragou imediatamente, pensando morrer;
pouco depois, porém, ouviu contar de como César tratava com extraordinária
clemência e humanidade, aos prisioneiros, arrependeu-se do seu gesto e começou
a se lamentar, a mostrar-se arrependido de tão louca resolução. O médico
tranquilizou-o, dizendo-lhe que ele apenas havia bebido um soporífero, com o que muito ele se alegrou e foi imediatamente
entregar-se a César, que lhe concedeu a vida; no entretanto, o outro procurou
evadir-se imediatamente, fugindo para Pompeu. Estas notícias foram levadas a
Roma, reconfortaram e alegraram muito os que lá estavam: alguns mesmo que já
haviam se retirado, tornaram a voltar.

(38) Hoje
Sulmona. no cantão dos pellgniancs, hoje Abruaao, no reino de Nápole.

XLVI. No entretanto,
César tomou a seu serviço os soldados de Domício e fez o mesmo nas outras
cidades, onde surpreendeu os comandantes que recrutavam soldados para Pompeu,
de sorte que tendo já reunido um poderoso exército, dirigiu-se diretamente ao
seu destino, onde pensava encontrá-lo; mas Pompeu não o esperou, fugindo para a
cidade de Brinmdisi, de onde fez os dois cônsules passarem a Dirráquio
(Durazzo) com todas as suas tropas e ele mesmo passou, depois, quando soube que
César havia chegado, como diremos mais amplamente na sua vida. César bem
quisera ir imediatamente atrás dele e persegui-lo, mas por falta de navios,
voltou para Roma, tendo ficado sessenta dias soberano de toda a Itália, sem
derramamento de sangue. Encontrou Roma mais pacífica, do que esperava; esteve
com vários senadores, aos quais falou gentil e humanamente, rogando-lhes que
mandassem embaixadores a Pompeu, para acertarem a divergência entre eles, com
condições justas e razoáveis: o que eles, porém, não fizeram, quer porque
temiam o furor de Pompeu, pois o tinham abandonado, quer porque julgavam que
César, no fundo de seu coração, não queria o que afirmava com os lábios, usando
de tal linguagem por uma honesta conveniência somente: e como um dos tribunos
do povo, Metelo, quisesse impedir-lhe tirar dinheiro dos cofres do tesouro e da
reserva pública, citando algumas leis que o proibiam, ele respondeu: "O
tempo das armas e o tempo das leis são dois: e, se o que eu faço, por acaso te
desagrada, sai-te daqui, agora mesmo: pois a guerra não permite essa licença de
contradizer tão francamente, com palavras; depois que tivermos deposto as armas
e marcarmos uma reunião, então poderás vir discursar e falar quanto quiseres;
eu ainda te digo isto por deferência, cedendo um pouco do meu direito, pois tu
estás sob minha dependência, tu e todos os que, tendo-se rebelado contra mim,
caístes nas minhas mãos". Dizendo estas palavras foi ao tesouro: como não
tinha as chaves, mandou vir serralheiros e arrancar as fechaduras; Metelo
opôs-se de novo, e alguns louvaram-no, dizendo que ele fazia bem; César,
levantando a voz, ameaçou matá-lo se ele teimasse e ainda lhe disse:
"Moço! Tu bem sabes que mê é mais difícil dizer do que fazer". Estas
palavras fizeram Metelo afastar-se com medo, não só: mas também mais tarde ele
lhe deu sempre, prontamente, tudo o de que ele precisava para a guerra.

XLVII. Queria César ir guerrear na Espanha, para de lá
expulsar Petréio e Varro, lugar-tenentes de Pompeu e apoderar-se dos exércitos
e das províncias que eles ocupavam a fim de, o mais depressa possível, ir contra
o mesmo Pompeu, sem deixar atrás, inimigo algum. Durante a viagem, por várias
vezes, esteve em perigo de vida, por causa das ciladas e emboscadas que lhe
armavam em diversos lugares e de vários modos, e também em risco de perder todo
o seu exército, por falta de víveres; no entretanto jamais deixou de provocar
para o combate, de sitiar e ameaçar esses lugar-tenentes de Pompeu, até que,
pela força, submeteu seus acampamentos e suas tropas; os chefes se salvaram,
fugindo para Pompeu.

XLVIII.
Depois que ele voltou a Roma,
seu sogro Piso pediu-lhe que mandasse embaixadores a Pompeu, para tentar
encontrar-se com ele: mas Isáurico, para agradar a César, o contradisse: e
tendo sido criado ditador pelo Senado, mandou voltarem" imediatamente
todos os exilados, restituiu todas as honras aos filhos dos proscritos,
condenados e exilados do tempo de Sila, aliviou um pouco os devedores,
diminuindo as usuras que pesavam sobre eles e ainda fez outras leis e
determinações, mas poucas, porque conservou o soberano poder de ditador, por
onze dias somente, e deixando-o, nomeou-se a si mesmo cônsul com Servílio
Isáurico e depois continuou a guerra, deixando atrás de si, pelo
caminho, o resto de seu exército, adiantando-se com seiscentos cavaleiros e
cinco legiões de soldados de infantaria somente, no coração do inverno, mais ou
menos pelo mês de janeiro, que corresponde ao que os atenienses chamam de
Poseidon (39) : depois de ter atravessado o mar Jónico e desembarcado seus
soldados em terra, tomou as cidades de Onco e Apolónia: depois mandou os navios
à cidade de Brindisi, para lhe trazerem o resto dos soldados, que não haviam
podido marchar logo com ele, os quais, porém, durante a caminhada, sendo homens
que já haviam passado a "flor da idade e perdido muito da força e do
vigor, estavam cansados e esgotados, por terem travado tantas batalhas,
queixavam-se de César, dizendo: "Quando isto terá fim? Quando deixará esse
homem de nos arrastar pelo mundo atrás de si, servindo-se de nós como se
fôssemos coisas insensíveis) Todo o ferro de nessas armas está gasto pelo
grande número dos golpe? que desferimos: não deixaremos, depois de tanto tempo,
de ter a couraça às costas e o escudo na braço? César não deveria pensar, pelo
menos quando vê o nosso sangue, nossas fendas e nossas chagas, que nós somos
homens mortais e sentimos também os males e as dores que sentem os outros
homens? E agora no mais forte do inverno vai nos expor à mercê dos ventos e do
mar, num tempo em que os mesmos deuses não nos saberiam obrigar, como se
ele fugisse diante dos inimigos e não os perseguisse . Assim falando, os
soldados iam caminhando em marchas pequenas, para a cidade de Bnndisi. Mas,
quando lá chegaram e souberam que César já havia partido, mudaram logo a
linguagem e a vontade; censuraram-se a si mesmos e disseram injúrias aos seus
comandantes também, porque não os haviam apressado um pouco na caminhada;
sentando-se nos rochedos mais altos e nas pedras da costa, lançavam suas vistas
para o alto mar, olhando para o reino do Epiro, para ver se os navios
apareciam, a fim de transportá-los também. XLIX. No entretanto César,
que estava na cidade de Apolónia, não tendo exército suficiente para combater,
encontrava-se em grande aflição, porque o restante tardava a vir e ele não
sabia o que fazer; mas, por fim, tomou uma deliberação muito perigosa, isto é,
partir ocultamente numa fragata de doze remos, para regressar novamente a
Brindisi: o que não se podia fazer sem grave perigo, visto que todo aquele mar
era ocupado por grandes esquadras e poderosos exércitos inimigos. Embarcou
certa noite, disfarçado em escravo; penetrou na fragata sem nada dizer, como se
fosse um homem qualquer. A fragata estava no rio de Anio (40), cuja foz
costumava ser ordinariamente calma e tranquila, por causa de um leve vento de terra
que sopra todas as manhãs e leva para bem longe as ondas do alto mar; mas,
naquela noite, por acaso, soprou um vento marítimo que amorteceu o vento da
terra, de maneira que a rapidez do curso do no, combatendo contra o fluxo do
mar e a violência das vagas, tornava a embocadura muito perigosa, porque as
águas do no eram repelidas com enorme ruído e perigoso movimento das ondas; por
isso, o piloto que dirigia a fragata, vendo que não podia sair daquela
embocadura, ordenou aos marinheiros que remassem para trás para navegar contra
a corrente do rio; ouvindo isso, César deu-se a conhecer ao piloto, que ficou a
princípio quase fora de si, de surpresa, mas César tomando-lhe a mão,
disse-lhe: "Meu amigo, coragem, vamos adiante sem temor, pois levas César
e com ele, toda sua fortuna". Os marinheiros, então, esquecendo-se do
perigo da tormenta, puseram-se a navegar para frente e fizeram todo esforço
possível, para forçar o vento e sair da embocadura do rio: não foi possível,
porém, porque a fragata começou a se encher de água e esteve prestes a ir a
pique, de modo que César se viu obrigado, com grande pesar, a voltar atrás:
regressando a seu acampamento, os soldados vieram-lhe ao encontro em massa,
queixando-se e lamentando-se de que não confiava neles e julgava não poder
vencer seus inimigos, somente com eles, mas se inquietava a ponto de expor sua
pessoa a grave risco, para ir procurar outros e por não ter confiança neles.

(30) Veja ar, Observações.
(40.
Estrabão. Tito Lívio. Plínio, chamam-no Aus ou Eas. Èle corre, segundo
Estrabão. a dez estádios, um pouco menos de meia légua de Apolónia.

L. Nesse ínterim, António chegou trazendo de
Brindisi o resto do exército: César então sentiu-se bastante reanimado e
apresentou-se para dar combate a Pompeu, que estava aquartelado num lugar
propício para se abastecer tanto por mar, como por terra: César, que desde o
começo não tivera víveres em abundância, encontrou-se também em dificuldades a
esse respeito; seus homens colhiam raízes que misturavam com leite e as comiam;
faziam assim também com o pão e às vezes, combatendo em escaramuças com o
inimigo, atacando as sentinelas, impeliam-nas até às suas trincheiras, dizendo
que, enquanto a terra produzisse tais raízes, jamais levantariam o cerco de
Pompeu. Pompeu proibiu que se divulgassem essas palavras e se semeasse esse
alimento no seu acampamento, de medo que isso fizesse os seus perderem a
coragem e sentissem medo quando considerassem o rigor e a aspereza dos
inimigos, com que tinham de lutar, visto que eles não se cansavam de nada como
os animais selvagens.

LI.
Faziam-se ordinariamente
incursões e escaramuças perto das trincheiras e fortificações do campo de
Pompeu, nas quais César quase sempre levava vantagem, exceto uma vez, quando
seus soldados fugiram mui assustados, havendo mesmo naquele dia grande perigo
de perder, não só o acampamento, mas também todo o exército: porque
Pompeu saiu a combate contra eles e eles lhe não puderam resistir, mas foram
rechaçados até o próprio campo, cujas trincheiras ficaram abarrotadas de
mortos, os quais eram sacrificados mesmo diante de suas portas e junto das
defesas, tão veemente foi a perseguição. César apareceu diante dos fugitivos
para obrigá-los a voltar atrás, mas nada conseguiu; pois quando ele pensava
tomar as insígnias, para detê-los, os que as levavam lançavam-nas por terra, e
assim os inimigos chegaram a apoderar-se de mais de umas trinta e duas delas e
pouco faltou que César mesmo não fosse morto; pois, quando ele tentava deter um
soldado alto e forte, que fugia, ordenando-lhe que parasse e se voltasse para o
inimigo, o soldado, cheio de medo, levantou a espada para feri-lo; mas o seu
escudeiro impediu que ele tivesse o ombro rachado por um golpe; César naquele
dia ficou tão aflito e desesperado pelo seu infortúnio, que, quando Pompeu, por
temor ou receio da sorte, pôs fim a este assunto e retirou-se para seu
acampamento, contentando-se em ter repelido e rechaçado os inimigos até seu
acampamento, César voltando-se aos seus amigos, disse em voz alta e clara:
"A vitória hoje teria sido dos nossos inimigos se eles tivessem tido um
comandante que soubesse vencer".

LII.
Voltando ao seu aposento,
deitou-se e aquela noite foi a pior e a mais aborrecida de todas; não podia
deixar de refletir, com tristeza, no grande erro que havia cometido por ter-se
obstinado em ficar tanto tempo junto do mar, onde os seus inimigos eram os mais
poderosos, quando ele tinha diante de si, um país extenso e abundante de todos
os bens, cidades da Macedónia e da Tessália, e não tivera a ideia de levar a
guerra para lá, enquanto perdia tanto tempo num lugar onde ele estava mais
sitiado por seus inimigos, pela falta de víveres, do que ele mesmo os sitiava
com a força de suas armas: assim, envergonhando-se e aborrecendo-se de se ver
em tão grande penúria e seus negócios em tão mau estado, ele afastou-se dali e
deliberou ir ter com Cipião, na Macedónia, imaginando que, ou ele atrairia
Pompeu ao combate, contra a vontade, quando não tivesse mais o mar à sua
disposição para lhe fornecer víveres em abundância, ou então, ele derrotaria
facilmente a Cipião, quando estivesse sozinho e não fosse ajudado.

LIII. O afastamento de César animou o exército de Pompeu e
seus comandantes, os quais queriam a todo transe persegui-lo, imaginando-o já
derrotado, por ter fugido; mas, ele não queria absolutamente arriscar a
batalha, que seria de graves consequências, pois sentia-se muito bem provido de
tudo, para esperar a oportunidade, queria prolongar essa guerra, a fim de
esgotar, pela dilação do tempo, o pouco de vigor que ainda restava ao exército
de César, cujos homens, assaz aguerridos, tinham uma coragem a toda prova para
um dia de batalha; mas, andar errante pelo país, mudai tão frequentemente de
acampamento, de um lugar para outro, atacar uma muralha, ficar de sentinela, ou
de prontidão, em armas, toda a noite, isso eles não podiam fazer mais, na maior
parte, por causa da idade, pois já estavam demasiado velhos para semelhante
trabalho, de modo que a fraqueza do corpo diminuía-lhes também o ardor e a
coragem. Além disso, havia se disseminado entre eles uma doença contagiosa,
como uma peste, proveniente das carnes deterioradas que eles eram obrigados a
comer c, o que ainda era pior, não havia dinheiro suficiente, nem ele Unha
meios para obter víveres, de sorte que parecia que em pouco tempo ele, derrotar-se-ia
a si mesmo. Por essas razões Pompeu não quis absolutamente combater: mas
somente Catão era do seu parecer, porque queria poupar o sangue de seus
concidadãos; vendo os mortos no campo dos inimigos, na última escaramuça, mais
ou menos uns mil homens, ele cobriu o rosto e se foi, chorando. Todos os
outros, ao contrário, aconselhavam-no e até o censuravam porque ele hesitava em
dar batalha; outros provocavam-no, chamando-o de Agamenon, e rei dos reis,
dizendo que ele fazia a guerra continuar, porque não queria abrir mão da
soberana autoridade e estava muito contente por ver sempre tantos generais ao
seu lado, que lhe vinham fazer a corte em sua casa. E Faônio, um estouvado, que
imitava o falar de Catão, fingia preocupar-se, dizendo: "Não é grande
pena que não possamos comer ainda este ano os figos de Túsculo (41), pelo
ambicioso desejo de reinar que domina Pompeu)" E Afrânio, há pouco chegado
da Espanha, porque tinha sido mal sucedido ou porque o acusavam de ter traído e
cedido a César, seu exército, por dinheiro, perguntava por que não se
combatia a tal mercador, que dizia ter comprado dele a província da Espanha;
Pompeu, por fim, impelido por essas palavras, foi, contra a vontade, em pós de
César, para lhe dar combate.

LIV.
César achava-se em graves
dificuldades, no começo, porque não encontrava quem lhe fornecesse víveres,
pois era desprezado por todos, por causa da derrota sofrida recentemente; mas,
depois que ele tomou a cidade de Gonfes (42), na Tessália, não somente teve
víveres em abundância para alimentar seu exército, mas também o imunizou contra
as doenças, porque os soldados encontraram grande quantidade de vinho, com que
venceram a pestilência, à força de bebê-lo e de estar alegres; não faziam outra
coisa que dançar, divertir-se, entregar-se a bacanais, por todo o caminho e
assim curaram-se daquela enfermidade, por meio da embriaguez e fortaleceram-se
bastante no corpo e no espírito.

(41)    
Túsculo estava a cinco
léguas de Roma, a sudeste. Tal cantão possuía muitas casas de veraneio; o
terreno ara muito fértil. Hoje chama-se Frascati: a antiga Túsculo" estava
a- meia encosta: Frascati está ao pé da montanha.
(42)     A primeira cidade da Tessália, saindo do Épiro,
diz César.

LV. Depois que ambos
chegaram a Farsália e os dois acampamentos se defrontaram, Pompeu voltou à sua
primeira deliberação, ainda mais porque tivera sinistros presságios e más
revelações, em sonho: pois, certa noite, ele sonhara que entrava no teatro,
onde os romanos o receberiam com grandes aplausos (43) ; mas os seus amigos
eram tão presunçosos e temerários e contavam tanto com a vitória, que já
Domício Espmter e Cipião discutiam e disputavam o supremo pontificado que César
tinha; vários outros mandaram homens a Roma para alugar as casas mais próximas
da praça, como sendo as mais cómodas para pretores e cônsules, pois já faziam
seus cálculos, que esses cargos não lhes poderiam escapar e deles seriam no fim
daquela guerra. Mas, acima de todos os outros, inflamavam-se em desejo
de combater contra os jovens e gentis-homens cavaleiros romanos, bem montados e
revestidos de armaduras reluzentes, cavalos gordos e descansados; eram eles em
número de sete mil, e os de César, apenas mil.

(43) O original grego é defeituoso neste ponto: e é necessário
completá-lo com o que está escrito na vida de Pompeu. — Amyot. Veja-se
a Viui de Pompeu, t. VI.

LVI. O número de
soldados de infantaria também não era equivalente pois eles eram quarenta e
cinco mil contra vinte e dois de César: por isso este mandou reunir os seus,
aos quais disse que Cornifício estava perto dali e lhe daria duas legiões
completas e ele tinha quinze coortes sob o comando de Caleno, que ele mandara
estacionar em redor de Megara e de Atenas: depois perguntou-lhes se eles
queriam esperar aquele reforço ou se se animavam a travar combate, sem ele; os
soldados clamaram bem alto que não diferisse mais, ao contrário, que imaginasse
algum estratagema para atrair os inimigos à luta, quanto antes.

LVII.
Quando ele sacrificava aos
deuses para a purificação do seu exército, a primeira vítima não tinha
ainda de todo sido imolada, quando o adivinho lhe garantiu que, dentro de três
dias se travaria a batalha. César perguntou-lhe se via nos sacrifícios algum
presságio feliz, com relação ao êxito final: e o adivinho respondeu-lhe:
"Darás tu mesmo melhor a resposta a isso, que não eu: pois os deuses nos
prometem uma grande mudança no estado presente para o contrário; pelo que, se
agora estás bem, espera então ter uma sorte pior: e se estás mal,
tranquiliza-te, que hás de melhorar". Na noite precedente à batalha,
quando pela meia-noite foi fiscalizar as sentinelas, viu um como grande
archote, aceso no ar, que, passando por cima do campo de César foi dissipar-se
no de Pompeu: na hora em que se faz a
troca das sentinelas, de manha, ouviu-se um falso alarme, sem motivo aparente,
o que costumamos chamar de terror pânico, que se manifestou no acampamento dos
inimigos: não tencionava, porém, combater naquele dia, mas tinha determinado
mover-se dali para ir à cidade de Escotusa; estavam já as tendas e os pavilhões
desarmados, quando seus inimigos se preparavam para dar combate; com isso muito
ele se alegrou e depois de ter feito aos deuses a sua oração, para que o
ajudassem naquele dia, reuniu seus homens, dispô-los em ordem de batalha,
divididos em três grupos; deu o comando do centro a Domício Calvino, o da ala
esquerda a António e ele se pôs à frente do da direita, escolhendo para
combater na décima legião; vendo que os inimigos tinham dirigido contra ela
toda a sua cavalaria, teve medo, quando os viu em tão grande número e com
equipagem tão perfeita; por isso, mandou vir da retaguarda de suas alas seis
coortes, que pôs de emboscada por trás da ala esquerda, tendo antes instruído
bem os soldados, a respeito do que tinham de fazer, quando a cavalaria dos
inimigos iniciasse o ataque.

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