ESPERA
jun 17th, 2010 | Por Nei Duclós | Categoria: PoesiaNei Duclós
Não és um continente
Para ser descoberto
Outros não são naus
Sonho não é império
O tempo não são velas
Na tua direção
Só a solidão é real
Vida é esquecimento
Nenhum rei enviou
Esquadras ao teu porto
Barras do batismo
Não te registram
És clandestino
De um mundo absorto
Cruzas o mar oceano
Com diário de bordo
Lá está escrito
O itinerário imprevisto
Momentos de deslumbre
Eras de sufoco
Há memórias dessa rota
De um cruzeiro incerto
Mas não servem de insumo
Para a indústria da espera
Ah, poema que bate
Nas bordas do destino
Mapa ainda em branco
E já com linhas tortas
Diga o que não fui
Fale o que não vejo
Sou marujo de um amor
Ainda na costa