AS GUERRAS DE RELIGIÃO E A LUTA PELA HEGEMONIA EUROPÉIA

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CAPÍTULO II

AS GUERRAS DE RELIGIÃO E A LUTA PELA HEGEMONIA EUROPÉIA

O papel da Espanha. Ortodoxia e absolutismo

Se a guarda da ortodoxia católica coube à coroa espanhola, especialmente aos Filipes e mais que tudo a Filipe II em comparação com seu pai, era porque Carlos V tinha seu interesse posto em assuntos em demasia variados e o Estado da Alemanha lhe aconselhava certas contemporizações, ao passo que a Espanha podia permanecer alheia a esse gênero de considerações. O professor Altamira íêz uma observação conceituosa quando escreveu que a classe média espanhola, na qual se recrutavam os letrados e os jurisconsultos, que nas universidades aprendiam as doutrinas cesaristas bebidas no direito romano, desejava que um poder forte pusesse ordem na administração. Era pois um elemento de antemão ganho ao absolutismo, tanto mais quanto aquela classe média se achava politicamente quebrantada pelas lutas internas das comunas.

História da Inglaterra no século XVI

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

História Universal de Césare Cantu

CAPÍTULO XXV A Inglaterra

O primeiro dos Tudors, o avaro e severo Henrique VII, que tinha adquirido à Inglaterra a tranqüilidade externa à custa da dignidade nacional, o sossego no interior pelo despotismo, por suas extorsões e pela humilhação da aristocracia, que as Guerras das Duas Rosas tinham dizimado, deixou o reino a seu filho sem experiência alguma dos negócios, com um tesouro de um milhão e oitocentas mil libras esterlinas. Na idade de dezoito anos, ativo, estudioso e excessivamente ávido de prazeres. Henrique VIII, mais versado na escolástica e na teologia do que convinha a um príncipe, começou o seu reinado com esplendor, com festas, torneios, cavalhadas, excitando com seu exemplo os senhores a aparecerem com suas riquezas enterradas, compondo música e punindo os concussio-nários; êle adquiriu assim a popularidade.

História da França – Casa de Valois – História Universal

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Césare Cantu – História Universal

CAPÍTULO XXIII

A França. — Os Valois

Luís XI tinha, durante toda a sua vida, posto em ação a habilidade e a perfídia para tirar à nobreza seus privilégios e franquias, a fim de fortalecer outro tanto o poder real. Por sua morte, os Estados reunidos em Tours (1484) fizeram ouvir altamente queixas que o terror tinha abafado até ali. O clero reclamou as liberdades galicanas, aniquiladas pela aprovação da pragmática; a nobreza quis que se lhe restituíssem as jurisdições abolidas, a guarda das fortalezas e da fronteira, a caça nos bosques reais. O terceiro Estado fêz ouvir também a sua débil voz para pedir que a venalidade dos cargos fosse suprimida e o cumul (1) abolido, que os juízes fossem inamovíveis, e que nenhum imposto (Luís XI tinha-os triplicado) fosse lançado sem o consenso dos Estados.

(1) Um acidente do mesmo gênero aconteceu em 1681 a Maria Luísa de Orléans, mulher de Carlos II. Ela caiu do cavalo, e tendo-se-lhe prendido o pé no estribo, era arrastada pelo pátio e em perigo de vida, sem que pessoa alguma ousasse pôr a mão no corpo sagrado de uma rainha. Felizmente dois gentis-homens preferiram a sua salvação à etiqueta; correram a parar o cavalo, e livraram-na. Porém apressaram-se a fugir para escapar à pena capital, que não deixaria por isso de os alcançar se a rainha não tivesse implorado o seu perdão.