DOMINGOS CALDAS BARBOSA — nascido no Rio de Janeiro em
1740 e falecido a 9 de novembro de 1800, em Lisboa, onde viveu, am-
parado pelo Marquês de Castelo Melhor e pelo Conde de Pombeiro.
Pertenceu à nova Arcádia, na qual tinha o apelido de Lereno. É
poeta simples, fácil e espontâneo, improvisador de modinhas e lundus,
que muito se apreciavam nos saraus de Lisboa e ficaram na memória po-
pular. Seus versos, suas cantigas amorosas, acham-se na Coleção de poe-
sias (1775) e em A Viola de Lereno (1798). Sílvio Romero faz notar
"a simplicidade de seus versos, mui longe da retórica inchada de Bocage e
Agostinho de Macedo"; e assinala ainda a ausência de imoralidade e
a falta de mordacidade, o que o torna bem diferente dos seus contem-
porâneos. Escreveu também para o teatro: A Saloia Namorada, A Vin-
gança da Cigana e A Escola dos Ciosos.
Mestiço, são seus os seguintes versos, com que se dirige o Padre
Sousa Caldas:
"Tu és Caldas, eu’ sou Caldas;
Tu és rico e eu sou pobre;
Tu és o Caldas de prata;
Eu sou o Caldas de cobre."
Na biblioteca do Gabinete Português de Leitura encontra-se, sob o
n.° 13.009, um manuscrito, de letra da época, com o título Cantigas de
Lereno, selinuntino, da Arcádia de Roma, de onde se transcrevem aqui
as poesias abaixo.
O que é Amor
Levantou-se na cidade
um novo e geral clamor:
todos contra amor se queixam,
ninguém sabe o que é amor.