O Século XIX – História da Arte

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 13 – O Século XIX

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

O meio romano

 UM observador houvera podido conjecturar, em meados do século XVIII, que a Itália,e particularmente Roma iam retomar a direcção das artes, que lhes pertencera durante tanto tempo, e que a opinião geral estava inteiramente disposta a atribuir-lhes de novo. Reinava, com efeito, nessa cidade um estado de espírito que lembra, guardadas as devidas proporções, o do século xvi. De novo se descobria o antigo. Esta fermentação é por vezes relacionada com as escavações recentemente executadas em Pompeia e Herculano. Elas não lhe são estranhas e concebe-se o choque que produziu a vida íntima da Antiguidade de súbito revelada à luz do dia; no entanto, este género de explicação é demasiado fácil, assim como os achados arqueológicos feitos três séculos atrás não bastavam para justificar a Renascença. Trata-se antes de um episódio desseeterno movimento pendular que faz com que a um período de frivolidade suceda um período severo, a um período de liberdade um período de disciplina. A reacção contra o barroco tinha de vir: agarrou-se ela á antiguidade romana e etrusca, visto que a antiguidade grega continuava a ser quase por completo ignorada.

A Arte na Europa no Século XVIII – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Preponderâcia francesa   O papel de mestra das artes que aItália assumira havia dois séculos,passa de facto, durante o século xviii, para a França. A mudança opera-se de maneira mais prática do que teórica. Porque esta França tão imitada não cessa de enviar os seus artistas à Academia fundada por Colbert em Roma e de venerar os gigantes da Renascença. É certo que se não abstém de criticar os seus sucessores e particularmente esse espírito barroco cujos êxitos, entre nós, foram sempre passageiros e se limitaram a actividades menores, como a ourivesaria ou o mobiliário, não sem incorrer aliás nas condenações severas de muitos artistas.

A Alta Renascença do Século XVI – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

A Alta Renascença do Século XVI

NO Século XVI, a atenção de toda a Europa concentra-se definitivamente sobre a Itália. A fabulosa fecundidade que favorecera este país durante os últimos cem anos decorridos não aumenta nem diminui. Todas as novidades — conhecimento do corpo humano, inteligência do antigo, aquisição do efeito de profundidade nos quadros e da materialidade dos objectos neles representados (valores tácteis) — tinham sido descobertos havia muito tempo e continuavam apenas a exercer os seus benefícios. No entanto, com o consenso universal, produz-se, por volta do ano de 1500, sob a acção de alguns homens, os mais célebres dos quais se chamam Leonardo de Vinci, Rafael e Miguel Angelo, uma completa mudança. Estes homens não pertencem todavia à mesma geração: Leonardo de Vinci é pelo menos vinte anos mais velho do que os dois outros, pode considerar-se perfeitamente um oontem porâneo de Botticelli e contudo não é ao lado de Botticelli que geralmente o colocam. Para justificar o que tão bem se concebe, há que recorrer a palavras que têm um sentido muito preciso para os artistas e é no entanto quase indefinível. Em suma, as que parecem mais convir aqui são as de segurança e de grandeza. Na maneira por que os homens do século XV exploravam as suas conquistas, havia quase sempre uma espécie de embaraço, de rigidez e também de secura: até os mais fortes, como Signorelli, não estavam isentos de tais fraquezas. Ora os seus sucessores assimilaram a tal ponto a nova linguagem que usam dela com uma naturalidade total. A forma era muitas vezes subdividida, acanhada, tinha qualquer coisa de quebrado, de fatigado, de incompleto. Agora, tudo se amplia e se arredonda, tudo parece tornar-se fácil.