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TABULA RASA — Locke afirmava que o homem não tem idéias nem princípios inatos, mas que os extrai da vida, da experiência. Assim, comparava o estado inicial da consciência humana a uma tábua rasa sobre a qual os objetos do mundo exterior imprimem o seu selo, imagens ou nomes, atuando sobre o sentido dos homens. Semelhante ponto-de-vista sobre o conhecimento humano é materialista no essencial. No entanto é um materialismo contemplativo, metafísico, pois considera o. conhecimento como ato puramente passivo da percepção dos objetos exteriores. Na realidade, a ação do homem sobre a natureza faz o conhecimento progredir, sendo este inconcebível fora da atividade prática do homem.

TECNOCRATAS — Adeptos de uma corrente reacionária em sociologia, própria da época da crise geral do capitalismo; propagandistas do capitalismo de Estado. Os tecnocratas professam a primazia da técnica sobre a economia o a política. Para impedir a transfor mação socialista da. sociedade, pretendem curar o capitalismo de suas chagas colocando a direção de toda a vida econômica e a administração do Estado em mãos dos "técnicos", dos chefes da indústria, A crí-tica demagógica e hipócrita do capitalismo realizada pelos tecnocratas, dissimula o seu desejo de justificar a subordinação direta do aparelho do Estado aos monopólios industriais cujos dirigentes ocupam as po-sições-chave nos Estados imperialistas de hoje.

TEÍSMO — Doutrina filosófico-religiosa que admite a existência pessoal de Deus, sêr sobrenatural e dotado de razão, criador do mundo. Ao contrário do deísmo, que nega a intervenção de Deus na natureza e na sociedade, o teísmo considera todos os fenômenos como sendo o cumprimento da "vontade divina".

TELEOLOGÍA — Doutrina idealista segundo a qual o mundo todo foi criado por Deus e tende a um determinado fim. Engels escreveu que, segundo os teleólo-gos, "… os gatos foram criados para devorarem os ratos, os ratos para serem devorados pelos gatos, e o conjunto da natureza para oferecer testemunho da sabedoria do Criador." (Engels, Dialética da natureza.) Os adeptos da teleología consideram, por exemplo, que a estrutura dos organismos implica uma finalidade interna que predetermina a evolução das plantas e animais; que essa finalidade é de essência espiritual, determinada por Deus.

TEMPO E ESPAÇO — Formas fundamentais da matéria. "… As formas fundamentais do sêr são o espaço e o tempo, e um sêr concebido fora do tempo é tão absurdo quanto seria um sêr concebido fora do espaço." (Engels, Anti-Dühring). Não há espaço nem tempo separados da matéria, dos processos materiais. O espaço e o tempo à margem da matéria são apenas uma abstração vazia de significado.

Na luta contra a concepção idealista dos kantianos e dos machistas, segundo a qual o tempo e o espaço são formas da "sensibilidade" humana. Lenin demonstra que o reconhecimento da realidade objetiva do tempo e do espaço deriva necessariamente do reconhecimento da realidade objetiva existente independentemente de nossa consciência ou, dito de outra maneira, da matéria em movimento. "No universo não há outra coisa senão matéria em movimento, e a matéria em movimento não pode mover-se de outra maneira do que no espaço e no tempo." (Lenin, Materialismo e Empiriocriticismo.)

TEOGONIA — Sistema de mitos religiosos sobre a origem dos deuses; genealogia dos deuses.

TEOLOGIA — Pseudo-ciência que se propõe justificar a religião por meio dos argumentos filosóficos dos idealistas.

TEORIA — Sistema de idéias diretrizes num ramo do saber; experiência humana generalizada; conjunto de conhecimentos sobre a natureza e a sociedade, acumulados no curso da história.

TEORIA DO CONHECIMENTO — Vide Gnoseologiia.

TEORIA DO EQUILÍBRIO — Teoria anti-dialética derivada do mecanicismo vulgar. A teoria’do equilíbrio pretende que todos os fatos da natureza e da sociedade se acham regidos pela lei mecânica do equilíbrio, considerado como o estado normal e constante, enquanto que o movimento, o desenvolvimento, seria um fenômeno irregular e passageiro.

TEORIA DOS FATORES — Teoria burguesa muito difundida, segundo a qual o desenvolvimento da sociedade é o resultado da ação mecânica de uma soma de fatores da vida real (meio geográfico, política, ciência, raça. moral, etc), considerados como independentes e isolados uns dos outros. Trata-se de uma teoria eclética que afirma gratu:tamente que tudo se explica pela influência recíproca dos fenômenos sociais: a economia atua sobre a política, esta atua por sua vez sobre a economia e assim por diante.

O marxismo estabelece que a produção material é a base da vida social, que todos os aspetos da sociedade (regime político, direito, formas de consciência social) estão em função da base econômica e mudam conjuntamente com esta.

TEORIA DOS HIERÓGLIFOS — Teoria idealista segundo a qual as sensações e as representações do homem são, não uma cópia das coisas reais, mas sinais con-vencioiais (hieróglifos), sem semelhança com elas. Os adeptos desta teoria afirmam que nossos órgãos dos sentidos não nos dão um conhecimento verídico do mundo, que nossa consciência não reflete o mundo objetivo. Esta concepção que mina a nossa confiança na possibilidade de conhecer o mundo leva diretamen-l,e ao idealismo. "A imagem supõe necessária e inevi-tavelmente a realidade objetiva do que se "reflete". O "sinal convencional", o símbolo, o hieróglifo, são noções que introduzem um elemento completamente desnecessário de agnosticismo". (Lenin Materialismo e Empiriocriticismo.) À teoria dos hieróglifos, o materialismo dialético opõe a teoria do reflexo (vide).

TEORIA ORGÂNICA DA SOCIEDADE — Teoria burguesa reacionária que assimila a sociedade humana a um organismo biológico e atribui, assim, ao regime capitalista um caráter "natural" e indestrutível.

As obras dos clássicos do marxismo-leninismo denunciam esta concepção da sociedade como uma tentativa de transpor as leis da biologia ao domínio social.

TEORIA DAS PROBABILIDADES — Vide Probabilidade.

TEORIA E PRATICA — O problema da relação entre a teoria e a prática é uma das questões fundamentais da ciência marxista em geral e da teoria do conhecimento em particular. O marxismo considera a teoria e a prática em sua ligação indissolúvel e sua interação reconhecendo à prática o papel decisivo. Por prática se entende o conjunto das atividades humanas tendentes a criar condições indispensáveis à existência da sociedade. Um dos elementos constitutivos mais importantes da prática é a atividade revolucionária das classes, destinada a suprimir os regimes sociais caducos e substituí-los por sistemas sociais novos, avançados, favoráveis ao progresso da sociedade. A experimentação científica constitui também uma forma de prática. (Vide também Conhecimento, Critério da verdade.)

TEORIA DO REFLEXO — Teoria materialista do conhecimento segundo a qual as sensações e as noções humanas, inclusive as noções cientificas refletem a realidade objetiva. Em sua luta contra a teoria idealista do conhecimento, para a qual o mundo material é produto do pensamento humano, o marxismo elaborou uma gnoseologia (vide) verdadeiramente científica, cujo princípio fundamental consiste em considerar a consciência (vide), o pensamento (vide) como reflexos do mundo exterior existente fora e independentemente de nós.

TEORIA DA RELATIVIDADE — Teoria física que considera as propriedades dos corpos e dos campos físicos em função do movimento. O estudo físico das propriedades que possuem os objetos materiais no espaço e no tempo (dimensões dos corpos e duração dos processos) constitui sua parte essencial.

TEORIA DO RETORNO CÍCLICO DA HISTÓRIA — Teoria idealista criada pelo pensador italiano Vico. Segundo esta teoria, a sociedade humana passa por três fases principais: divina, heróica e humana. Depois de percorrer essas três fases, a sociedade entraria em desagregação e a história da humanidade voltaria ao seu estado inicial.

TEOSOFIA — Pseudo-ciência que teria por objeto "conhecer a Deus", por meio de um contato, imediato com o "mais além". A teosofia é um exemplo de obscurantismo militante que proclama abertamente o repúdio de todas as conquistas da cultura e o retorno à feitiçaria e à magia.

TESE, ANTÍTESE E SÍNTESE — Vide Tríade.

TIPOS DE RELAÇÕES DE PRODUÇÃO — A história consigna cinco tipos fundamentais de relações de produção determinantes das formações sócio-econômicas conhecidas, a saber: comunidade primitiva, escravidão, feudalismo capitalismo e socialismo. Vide Relações de produção.

TRABALHO — "O trabalho é, em primeiro lugar, um processo entre a natureza e o homem, processo em que este se realiza, regula e controla, mediante sua própria ação, seu intercâmbio de matérias com a natureza." (Marx, O Capital). Ao agir sobre a natureza circundante, o homem a modifica e se modifica a si mesmo. Ao transformar a natureza, o homem realiza os seus objetivos crescentes, adapta os objetos naturais às suas necessidades. O processo de trabalho compreende três elementos: 1) a ação do homem que visa certos fins, ou seja, o trabalho propriamente dito; 2) o objeto do trabalho; 3) os meios de produção com a ajuda dos quais o homem exerce sua ação sobre o objeto do trabalho.

Como condição primeira e fundamental da vida humana, o trabalho não apenas proporcionou ao homem meios de existêicia como também criou o próprio homem. Graças ao trabalho o homem separou-se do reino animal.

TRANSCENDENTAL E TRANSCENDENTE — Termos empregados na filosofia idealista de Kant. Transcendental se refere não ao objeto, ao conteúdo, à matéria do conhecimento mas às formas a priori do conhecimento, ou esja, anteriores à experiência: o tempo, o espaço, a causalidade, a necessidade e outras categorias e princípios da lógica sem as quais — segundo Kant — são impossíveis a experiência e o conhecimento. Aos olhos de Kant, tudo o que ultrapassa os limites do conhecimento experimental é transcedente. Assim, "as coisas em si" são transcendentes. (Vide Coisa em si e coisa para nós).

TRANSFORMAÇÃO DAS MUDANÇAS QUANTITATIVAS EM QUALITATIVAS — Uma das leis mais importantes e mais gerais do desenvolvimento da natureza, da sociedade humana e do pensamento. (Vide Qualidade e quantidade.)

TRANSFORMISMO — Teoria que trata das modificações sofridas pelos seres vivos. O transformismo ensina que as numerosas espécies animais e vegeatis, que existem em nosos dias, são o resultado de um largo processo de evolução e provêm de um número restrito de espécies originais desaparecidas, que diferiam das espécies atuais. O transformismo foi justificado pela teoria de Darwin.

TRÍADE — Na filosofia de Hegel, esquema do desenvolvimento. Segundo Hegel, todo processo passa por três graus. O primeiro, a tese, é negado pelo segundo, a antítese. O segundo, por sua vez, ê negado pelo terceiro, a síntese, assim chamada porque embora negue o grau precedente, reúne em si, de uma maneira nova, características inerentes aos graus que o precedem. Em Hegel, a tríade é um esquema ao qual adapta artificialmente a realidade.

A doutrina hegeliana da tríade expressa, embora sob uma forma idealista, errônea, uma transição do inferior ao superior, de tal modo que o grau superior conserva os traços positivos dos graus inferiores. Êsse é o núcleo racional dessa doutrina (Vide Negação da negação.)

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