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I

IDEALISMO — Corrente filosófica anticientíf ica que, contrariamente ao materialismo, resolve o problema fundamental da filosofia, o da relação entre o pensamento e o ser, fazendo da consciência, do espírito o dado primário. O idealismo considera o mundo como uma encarnação da "consciência", da "idéia absoluta", do "espírito universal". Somente a nossa consciência teria existência real, e o mundo material, o ser, a natureza seriam apenas produto da consciência, das sensações, das representações, dos conceitos.

Existem duas correntes principais na filosofia idealista: o idealismo subjetivo e o idealismo objetivo.

IDEALISMO ABSOLUTO — Variedade do idealismo objetivo elaborado por Hegel.

IDEALISMO "FÍSICO" — Expressão empregada pela primeira vez por Lenin em seu livro "Materialismo e em-piriocriticismo". Diante dos prodigiosos progressos realizados pela física — a descoberta da radioatividade e a criação da teoria eletrônica — nos albores do século XX, certos naturalistas metafísicos, sob a influência do idealismo, tiraram uma conclusão absolutamente falsa: a derrocada da concepção materialista do mundo. Sua tese fundamental era: a matéria desapareceu. Na realidade o que havia desaparecido eram apenas certos conceitos relativos a propriedade da matéria que até então pareciam imutáveis (impenetrabilidade, inércia, massa, etc).

IDEALISMO OBJETIVO — Uma das duas principais variedades do idealismo segundo a qual existiria uma idéia mística independentemente dos homens, da consciência humana, que engendraria, em sua evolução, o mundo material.

Em oposição ao idealismo, o materialismo sustenta que as idéias são um reflexo do mundo exterior, da natureza, que existe objetivamente.

IDEALISMO SUBJETIVO — Variedade do idealismo segundo a qual, as coisas, os objetos, representam um conjunto de nossas sensações, de nossos pensamentos, deste modo, essa corrente filosófica transfere o mundo para a consciência do sujeito, isto é, do homem congnoscente.

IDEALISMO TRANSCENDENTAL — Filosofia de Kant.

IDÉIA — Reflexo da realidade na consciência, que traduz o comportamento dos homens perante o mundo que os rodeia. As idéias são sempre determinadas pelo caráter do regime social, pelas condições da vida material dos homens. É preciso procurar a substância das idéias não nelas mesmas mas na estrutura econômica da sociedade, nas condições de vida material da socie dade, na existência social que elas refletem

Na sociedade dividida em classes, as idéias têm sempre caráter de classe. São expressão dos interesses materiais das classes sociais. As afirmações idealista! sobre a existência de Idéias eternas c imutável, in dependentes do mundo real, são anti-científicas e falsas, destinam-se a prolongar a dominação de classes exploradoras;

As novas idéias e teorias sociais só surgem quando o desenvolvimento da vida material da sociedade apresenta a esta novas tarefas. Mas. uma vez surgidas, convertem-se em força ao se apoderarem das massas.

IDÉIAS INATAS — Idéias que, segundo certas escolas filosóficas são originariamente inerentes à consciência do homem, independentemente de sua experiência.

Os filósofos de tendência materialista criticaram vivamente esta doutrina. O materialismo dialético afirma que todas as representações, noções e idéias humanas, sem exceção, são o resultado e a generalização da experiência, da prática, o resultado de um grande desenvolvimento histórico do conhecimento do mundo objetivo.

IDENTIDADE — O materialismo dialético reconhece uma Identidade concreta na qual o objeto é idêntico a si mesmo, sem que fiquem excluídas as contradições internas. Em cada momento dado, toda coisa é uma determinada coisa, mas, ao mesmo tempo, sofre mudanças, suas relações com as demais coisas tornam-se diferentes te, a miúde, contraditórias; em suma, longe de ser uma identidade fixa, sempre igual a sl mesma, a coisa é o que é e, ao mesmo tempo, é outra eoisa. A categoria da identidade dialética, concreta, exprime exatamente essa propriedade objetiva das coisas de implicar contradições internas, de mudar, de desenvolver-se. A, identidade de um objeto é temporária, relativa, passageira; só o movimento, a mudança, classe em luta.

IDEOLOGIA — Sistema de opiniões, de idéias e conceitos professados por uma classe ou por um partido político. As opiniões políticas, a filosofia, a arte, a religião, constituem formas da ideologia. Toda Ideologia é o reflexo da existência social, do sistema econômico que predomina em determinado momento. Numa so-ciedade de classes, a ideologia é uma ideologia de clas-se e exprime e defende os interesses desta ou daquela classe em luta.

IGUALDADE — As diferentes classes sociais dão à noção de igualdade um conteúdo fundamentalmente diferente. A burguesia não admite a igualdade a não ser perante a lei, deixando inalteradas a exploração do homem pelo homem, a desigualdade política, a desigualdade na posse dos meios de produção, perpetuando a servidão das massas trabalhadoras. Assim a igualdade burguesa é apenas formal. A bandeira da igualdade, que desempenhara papel progressista na época da luta revolucionária da burguesia contra a desigualdade feudal e contra o feudalismo em geral, transformou-se, depois da vitória da burguesia, num meio de enganar as massas oprimidas.

Stalin deu a seguinte definição da concepção marxista de igualdade: "O marxismo entende por igualdade não a nivelação das necessidades e da vida pessoal, mas sim a abolição das classes, isto é: a) libertação igual de todos os trabalhadores da exploração, em seguida à derrubada e à expropriação dos capitalistas; b) a abolição, igual para todos da propriedade privada dos meios de produção, depois que estes passaram a ser propriedade de toda a sociedade; c) o dever, igual para todos, de trabalhar segundo sua capacidade e o direito, igual para todos, de ser remunerado segundo o seu trabalho." (Stalin, Questões do leninismo,)

IMAGINAÇÃO — Reflexo original da realidade objetiva na consciência; representação figurada dos fenômenos reais ou irreais. Toda representação, por mais fantástica que seja, longe de ser produto puramente subjetivo da consciência humana, é baseada, em última análise, no reflexo da realidade objetiva. É importante distinguir entre a imaginação estéril, fundada numa falsa concepção da realidade, e a imaginação fecunda fundada no conhecimento firme dos fatos. A imaginação fecunda desempenha grande papel em todos os domínios da atividade intelectual e constitui condição indispensável em toda obra criadora.

Afastando-se da realidade, a imaginação fornece ao homem uma imagem falseada do mundo e constitui uma das raízes gnoseológicas do idealismo e da religião.

IMPERATIVO CATEGÓRICO — Princípio ético Ha filosofia de Kant, pelo qual, uma força interior imperiosa eternamente inerente à natureza humana, determina a conduta dos homens, imprimindo-lhe caráter moral. Esta doutrina nega que as normas morais tenham caráter histórico e que cada classe possua os seus princípios éticos. Kant edificou uma moral universal, válida, segundo afirmava, para todos os tempos e para todas as classes. Procurando dissipar a contraposição dos interesses de classe, exigindo dos trabalhadores uma resignação absoluta e submissão aos exploradores, a ética de Kant desempenhou, e ainda desempenha, papel profundamente reacionário.

Utilizando essa doutrina, em sua luta contra o socialismo científico, os reformistas pretendem que o socialismo não tem base real no desenvolvimento objetivo da sociedade capitalista, que o socialismo seja apenas um ideal moral. Daí as diversas variedades de "socialismo ético" segundo o qual o socialismo deve ser realizado não através da luta, revolucionária de classes, mas sim pelo aperfeiçoamento moral dos homens, pela reeducação dos capitalistas e dos operários, etc. Atualmente, certos dirigentes de direita exploram a doutrina kantiana do imperativo categórico também para substituir a teoria marxista da luta de classes e da revolução proletária pela propaganda reacionária do "aperfeiçoamento moral" dos homens.

IMPERIALISMO — Etapa superior e última do capitalismo, iniciada em fins do século XIX e princípios do XX. A teoria do imperialismo foi criada por Lenin, que assinalou os seguintes cinco traços principais do im peralismo: 1) a concentração da produção e do capital, que levou à formação dos monopólios, os quais desempenham um papel decisivo na vida econômica; 2) a fusão do capital bancário com o industrial e a formação, sobre tal base, do capital financeiro e da oligarquia financeira; 3) a exportação do capital, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire significação particularmente importante; 4) a formação de uniões monopolistas internacionais de capitalistas, os quais repartem o mundo entre si; 5) o auge da divisão territorial entre as maiores potências capitalistas.

A essência econômica e o traço principal do imperialismo é a substituição da livre concorrência pelo domínio dos monopólios. Os monopólios submetem a seu arbítrio o aparelho do Estado e o utilizam em benefício próprio.

O imperialismo é o capitalismo parasitário em decomposição e leva aos últimos límites a contradição entre o trabalho e o capital, entre os diversos estados imperialistas, entre os estados imperialistas e os países coloniais e dependentes.

O desenvolvimento do capitalismo, na época do imperialismo é extremamente desigual e realiza-se aos solavancos, fazendo mudar a correlação das forças econômicas e militares dos estados imperialistas.

A desigualdade do desenvolvimento leva, com o tempo, a uma violenta ruptura do equilíbrio de forças dentro do sistema mundial do capitalismo, ao agravamento das contradições e, portanto, ao agravamento do perigo do desencadeamento da guerra por uma nova repartição do mundo.

INDETERMINISMO — Vide Determinismo e Indeterminismo.

INDIVÍDUO NA HISTÓRIA — Os teóricos burgueses ou reduzem a história à atividade consciente de "personalidades notáveis" (reis, chefes militares, etc.) sem levar em conta nenhuma lei que rege tal atividade humana, ou então, amesquinham o alcance desta, não vendo no homem mais do que o instrumento de uma necessidade cega, de uma vontade divina, de um destino impenetrável.

O marxismo-leninismo julga que os homens criam eles mesmos a sua história sempre, todavia, em função de condições materiais historicamente determinadas. O desenvolvimento da sociedade baseia-se em leis econômicas objetivas que os homens não podem abrogar nem suprimir. Tendo, entretanto, aprendido a conhecê-las e atuando de conformidade com a necessidade histórica, podem acelerar sensivelmente o curso dos acontecimentos. Os interesses das classes progressistas exprimem sempre as necessidades históricas que chegaram à sua maturidade, de forma que a atividade dessas classes e de seus mais eminentes representantes tendem a realizar as tarefas que a história apresenta. As personalidades mais eminentes podem ficar anuladas se suas idéias e seus desejos se opõem ao desenvolvimento econômico da sociedade, se elas se opõem às exigências da classe avançada. Ao contrário, os grandes homens podem chegar a ser realmente grandes, quando as suas idéias e seus desejos traduzem com acerto as necessidades do desenvolvimento econômico da sociedade, as necessidades da classe avançada.

INDUÇÃO E DEDUÇÃO — (Do latim inductio, raciocínio que vai do particular, do fato, às generalizações; de duetio, raciocínio que vai do geral ao particular, das proposições gerais às conclusões particulares.) — Os filósofos empíricos (Bacon e outros) atribuíam excepcional importância à indução, colocando-a acima da dedução. Os filósofos racionalistas (Descartes, Spino za, Leibnitz) outorgavam prioridade à dedução. Para a metafísica, a indução e a dedução são métodos de investigação opostos entre si.

A dialética materialista vê na indução e na dedução métodos de investigação diferentes mas não independentes. Um é impossível sem o outro. Toda dedução científica procede de um exame indutivo prévio e fundamenta-se nesse exame. O estudo dos fatos deve preceder a formação das noções mais simples, sem o que a generalização fica suspensa no vácuo, é desprovida de valor científico. Em sua "Dialética da Natureza", Engels submete os "indutivistas" a implacável crítica por considerarem que só a indução constitui um "método infalível". A acumulação puramente empírica dos fatos sem generalização teórica não pode levar ao conhecimento científico. O estudo dos fatos permite à dedução extrair sua essência, a lei do seu desenvolvimento.

INFINITO E FINITO — A metafísica separa o Infinito e o finito com duas categorias diametralmente opostas. Na realidade, o finito e o infinito acham-se dia-lèticamente vinculados. O Infinito só existe através das formas finitas da matéria, através do finito. O mundo material, infinito no tempo e no espaço, é um conjunto de fenômenos finitos em processo de desenvolvimento. As noções de finito e infinito refletem esse encadeamento real das formas da matéria em perpétuo movimento. A noção de finito exprime a limitação das coisas, dos fenômenos, dos processos concretos no espaço e no tempo. A noção de infinito traduz o caráter ilimitado da matéria no espaço e no tempo. Esta noção reflete Igualmente a diversidade qualitativamente infinita das coisas, dos fenômenos e dos processos do mundo material. O infinito é contraditório. Inclui toda a diversidade do finito síem, por isso, reduzir-se a uma simples soma de coisas finitas, pois o infinito significa, mudança, morte do velho e nascimento do novo.

A análise matemática deve sua importância científica ao fato de que as noções de infinitamente grande e infinitamente pequeno constituem abstrações ex-traídas das relações reais do mundo material. O infi-nito e o finito são, pois, contrários que só existem reciprocamente vinculados, em mútua interpretação.

INSTRUMENTALISMO — Filosofia reacionária que tem sua origem no idealismo subjetivo; variedade moderna do Pragmatismo (vide), o instrumentalismo foi ela-borado e difundido pelo filósofo e sociólogo america-no John Dewey (1859-1952).

INTEGRISMO — Vide Filosofia da ‘Integridade".

INTELIGÍVEL — Termo idealista que significa suprasensível, o que só pode ser conhecido pelo espírito. Opõe-se ao sensível, que é conhecido através dos sen-tidos.

INTERAÇÃO — Vide Conexão e Interação dos Fenômenos

INTERNACIONALISMO PROLETÁRIO — Solidariedade internacional dos trabalhadores e proletários de todo o mundo. Um dos grandes princípios que animam os partidos comunistas de todos os países. Por oposição ao nacionalismo burguês, que divide as nações e as excita umas contra as outras, o internacionalismo une os trabalhadores de todos os países na luta pela paz, a democracia e o socialismo.

O internacionalismo proletário não implica absolutamente em indiferença da classe operária para com o seu próprio país, sua pátria, como pretendem os ideólogos burgueses e reformistas. O internacionalismo proletário conjuga harmoniosamente o verdadeiro amor do proletariado pela própria pátria com o desejo de vê-la libertada da opressão social e nacional, com o apoio da luta dos trabalhadores dos demais países. O internacionalismo proletário não admite o desprezo cm relação a outras nações, mesmo as menores, porque cada nação, grande ou pequena, contribui para o progresso da cultura mundial. Só a revolução socialista da classe operária dá cabo da opressão nacional e estabelece novas relações, amistosas, entre os povos e nações

INTUIÇÃO — Os idealistas entendem como Intuição uma faculdade particular de contemplação espiritual, um estado de revelação, que permitiria ao homem conhecer a verdade sem intervenção da atividade racional, lógica, da consciência. Interpretada dessa forma, a intuição reduz-se a uma faculdade mística, misteriosa, de conhecimento irracional.

O materialismo dialético rechaça a interpretação idealista da intuição concebida como uma espécie de conhecimento especial, inato, que não se apoia na prática e que exclui a atividade lógica da consciência.

IRRACIONAL — Inacessível à razão ao pensamento; que não se pode exprimir com noções lógicas. O termo "irracional" emprega-se geralmente para designar a corrente filosófica idealista que nega à razão, ao pensamento e à ciência a capacidade de conhecer a verdade e que preconiza a prioridade da vontade, do instinto, da intuição, das forças cegas e inconscientes.

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