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CAPITALISMO — Regime social e político que sucedeu ao feudalismo. Baseia-se êle na propriedade privada capitalista dos meios de produção, na exploração dos operários assalariados desprovidos de meios de produção e de existência e forçados a vender constantemente sua força de trabalho aos capitalistas. A força motriz da produção capitalista é o lucro que provém da apropriação da mais-valia criada pelos operários. A contradição fundamental do capitalismo desenvolvido é a contradição entre o caráter social da produção e a forma caiptalista privada da apropriação. A busca do lucro gera a anarquia da produção e esta, a superprodução e as crises econômicas decorrentes do limitado poder de compra da massa assalariada.

Em fins do século XIX, o capitalismo entrou na última etapa do seu desenvolvimento, a do imperialismo, caracterizado pela concentração do capital financeiro nas mãos de um punhado de monopolistas ou de grupos de monopolistas e que lhes assegura o domínio sobre a economia e a política de seus países e do mundo.

Em virtude do desenvolvimento econômico e político desigual dos países capitalistas, principalmente na época do imperialismo, a luta pelos mercados e fontes de matérias-primas leva-os a guerras devastadoras como a primeira guerra mundial que desembocou na Grande Revolução Socialista de Outubro, na Rússia, e no início da crise geral do sistema capitalista. Durante a segunda guerra mundial, o capitalismo entrou na segunda etapa de sua crise geral. Vários países da Europa e da Ásia desligaram-se do sistema capitalista e tomaram o caminho do socialismo.

Para manter o regime capitalista, a burguesia recorre a medidas extremas com a instauração do fascismo ditatorial e terrorista.

CARTESIANISMO — Doutrina filosófica de Descartes e de seus discípulos.

CASUALIDADE — Ver Necessidade e Casualidade

CATEGORIAS — Em filosofia, noções lógicas fundamentais que refletem as propriedades essenciais, os aspetos e as relações mais gerais entre os fenômenos reais. As categorias (casualidade, necessidade, conteúdo, forma, etc.) formaram-se no decorrer do desenvolvimento histórico do conhecimento sobre a base da prática social e material dos homens na produção.

As categorias fundamentais do materialismo dialético são: a matéria, o movimento, o tempo, o espaço, a qualidade, a quantidade, a reciprocidade, a contradição, a casualidade, a necessidade, a forma o conteúdo, etc. As categorias fundamentais do materialismo histórico compreendem: o modo de produção, a formação econômico-social, as forças produtivas e as relações de produção a base e a superestrutura, a classe, a revolução, etc.

As categorias do materialismo dialético e do materialismo histórico, como as de qualquer outra ciência, não constituem por certo um sistema fechado e imutável de conceitos fundamentais. O desenvolvimento da realidade objetiva e os progressos da ciência multiplicam e enriquecem as categorias científicas que refletem o mundo objetivo com amplidão e precisão cada vez maior. Seria errôneo considerar as categorias científicas como fórmulas rígidas dadas de uma vez para sempre.

Cada categoria reflete um dos aspetos do mundo objetivo. Não são, pois, categorias isoladas mas seu conjunto, "a soma infinita de noções gerais, de leis, etc, o que dá o concreto em toda a sua plenitude". (Engels, Dialética da Natureza.)

CAUSALIDADE — A forma de conexão mais conhecida, encontrada sempre e por toda parte, é a relação de causa e efeito (ou causal). O pragmatismo, o intui-cionismo, o machismo, o positivismo e outras correntes da filosofia reacionária negam-se unanimemente a reconhecer o caráter objetivo do vínculo causal dos fenômenos. O conhecimento científico não é possível se não se põem em evidência os vínculos causais dos fenômenos. O desconhecimento da causa real dos fenômenos não só priva o homem da possibilidade de provocá-los conscientemente ou de evitá-los, como também propicia o aparecimento de concepções anticientíficas e fantasiosas, de superstições, de interpretações místicas e religiosas da natureza. Eis porque o problema da causalidade constitui, há muito tempo, objeto de uma aguda luta entre o materialismo e o idealismo. Os filósofos idealistas freqüentemente, ou negavam em geral o catáter objetivo da conexão causai, ou não viam sua fonte na natureza e sim em algum princípio espiritual.

A objetividade da conexão causal é demonstrada da maneira mais convincente pela atividade prática, produtiva do homem. Descobrindo as dependências causais na natureza e depois utilizando praticamente o seu conhecimento, os homens provocam os efeitos que lhes são necessários, conseguem os resultados desejados.

CÉREBRO — Parte central do sistema nervoso, órgão da consciência e do pensamento. A vida psíquica do homem é uma função do cérebro que reflete o mundo objetivo. A fisiologia moderna da atividade nervosa superior refutou definitivamente as concepções idealistas da independência do espírito, do pensamento e da consciência em relação à matéria. A consciência e o pensamento constituem irrefutavelmente o produto de um órgão corporal e material, o cérebro. O pensamento e a consciência desenvolveram-se graças à prática social da humanidade no transcurso’ de sua história, graças ao trabalho humano. "É a transformação da natureza pelo homem precisamente, não a natureza isolada como tal, o que constitui o fundamento essencial e mais direto do pensamento humano; e a inteligência do homem cresceu na medida em que aprendeu a transformar a natureza." (Engels, Dialética da Natureza.)

No homem, o cérebro teve desenvolvimento maior em conseqüência de uma grande evolução histórica. "Na fase humana da evolução do mundo animal", dizia Pavlov, "agregou-se um complemento considerável aos mecanismos da atividade nervosa." É o caso do segundo sistema de sinalização da realidade constituído pela linguagem, sendo o primeiro sistema constituído pelos sentidos, sendo este comum aos animais.

CETICISMO — Tendência filosófica que expressa dúvida acerca da possibilidade de alcançar" a verdade objetiva. Os céticos erigem a duvidarem princípio. Sobre cada coisa, dizem, podem-se emitir duas opiniões que se excluem reciprocamente: a afirmação e a negação. Deste modo nosso conhecimento das coisas é incerto. Esta doutrina filosófica foi fundada na Grécia antiga por Pirro (cerca de 360-270 A.C.).

A propagação do ceticismo na füosofia burguesa contemporânea, a propaganda dos filósoíos burgueses a favor da "impotência da razão" demonstram que o ceticismo é um dos meios de luta contra a ciência e o materialismo científico.

CIÊNCIA — Sistema de conhecimentos sobre a natureza, a sociedade e o pensamento, acumulados no curso da história. Seu fim consiste em descobrir as leis objetivas dos fenômenos, em estudá-las e em proporcionar aos homens seu conhecimento para que as utilizem em sua atividade prática. A ciência desenvolve-se e avança ao mesmo tempo que a.sociedade, adquirindo um conhecimento cada vez mais profundo e exato da realidade Marx e Engels demonstraram que o motor desse avanço são, antes de tudo, as necessidades da técnica.

A história da ciência constitui a arena de uma luta incessante dos sábios e filósofos de vanguarda contra a ignorância e a superstição, contra a reação política e espiritual. Nas sociedades de classe, onde existe a exploração, sempre houve e atualmente também há forças para as quais é desfavorável a difusão de pontos-de-vista científicos avançados. Estas forças são as classes sociais reacionárias. Os representantes da reação ora atacavam diretamente a ciência e perseguiam sábios e filósofos progressistas, não vacilando em recorrer às fogueiras e aos cárceres, ora tratavam de deformar as descobertas científicas a fim de eliminar seu conteúdo materialista progressista.

A burguesia recionária contemporânea não queima os sábios e filósofos avançados nas fogueiras mas emprega outros meios de pressão e aplicação do "terror cultural".

A vitória do socialismo numa série de países retirou as peias ao desenvolvimento de todas as ciências pois a classe operária, como classe mais avançada da humanidade, está interessada nisso.

CÍNICOS — Escola filosófica grega fundada por Antístenes em Atenas (cerca de 495-370 A.C.). Doutrina ética que reflete o estado de espírito das camadas democráticas arruinadas pela guerra do Peloponeso. Os cínicos ensinavam que a felicidade e a virtude têm por fundamento a maior independência possível em relação às condições de vida exteriores, o desprezo das instituições e convenções sociais, a restrição das necessi dades e o retorno ao "estado natural". Diógenes de Sinope (cerca de 404-323 A.C.) é o representante mais conhecido desta escola.

CIRENAICOS — Escola filosófica grega fundada por Aristipo em Cirene, no século V A.C. Expressava a Ideologia reacionária da alta aristocracia escravista. Os cirenaicos viam o bem supremo nos .prazeres dos sentidos e colocavam seus interesses pessoais acima dos interesses sociais.

CLASSE "EM SI" e CLASSE "PARA SI" — Termos dos quais se serviam Marx e Engels para designar os diversos graus de maturidade política do proletariado, as fases em que toma consciência como força política independente. Enquanto permanecem dispersos, lutando contra o burguês que os explora diretamente mas sem compreender o caráter de classe de sua luta, mantendo-se desagregados pela concorrência do mercado da força de trabalho, os operários constituem apenas uma classe "em si".

Na etapa seguinte, em razão do próprio desenvolvimento do capitalismo, eleva-se a sua consciência de classe à medida que melhora a sua coesão, organização e experiência de luta. Da luta contra um capitalista isolado, seu patrão imediato, os operários passam à luta contra a classe dos capitalistas em conjunto e contra o Estado do capital. A consciência do pro-leariado cresce no curso de sua luta prática contra os capitalistas, o que se manifesta na criação de uma teoria de vanguarda, revolucionária e na organização de um partido político do proletariado, o Partido Comunista. O proletariado toma consciência de sua missão histórica e se converte em uma classe "para si". Subordina sua luta a uma tarefa: a conquista do poder político com a instauração da ditadura do proletariado e a transformação comunista da sociedade.

CLASSES (sociais) — "As classes são grandes grupos de homens que se diferenciam entre si pelo lugar que ocupam em um sistema de produção social, historicamente determinado, pelas relações em que se encontram com respeito aos meios de produção (relações que em grande parte estão estabelecidas e formalizadas nas leis), pelo papel que desempenham na organização social do trabalho e, conseqüentemente, pelo modo e a proporção em que recebem a parte da riqueza social de que dispõem. As classes são grupos humanos, um dos quais pode apropriar-se do trabalho do outro, por ocupar postos diferentes em um regime determinado de economia social." (Lenin, Obras Escolhidas).

O marxismo mostrou que as classes só existem em períodos históricos determinados do desenvolvimento da sociedade. O aparecimento das classes deve-se à aparição e ao desenvolvimento da divisão social do trabalho, à aparição da propriedade privada dos meios de produção. Escravistas e escravos constituem as classes principais da sociedade escravista. Senhores feudais que se apossaram da terra e camponeses servos explorados por eles, constituem as classes principais da sociedade feudal. Capitalistas proprietários de oficinas e fábricas e proletários privados de meios de produção, constituem as classes principais da sociedade capitalista. Em cada sociedade dividida em classes, juntamente com as principais, existem classes secundárias.

"COISAS EM SI" e "COISA PARA NÓS" — Termos filosóficos criados por Kant. Existindo independentemente da consciência humana, "a coisa em si" seria, etretan-to, absolutamente incognoscível e não poderia converter-se em "coisa para nós", isto é, em uma coisa co-nhecida.

O materialismo dialético ensina que não existem coisas incognoscíveis, que há somente uma diferença entre o que já é conhecido e o que ainda não é conhecido, mas que o será graças à ciência e à prática. Uma vez conhecida, a "coisa em si" se converte em "coisa para nós". A energia atômica era uma "coisa em si" mas a ciência contemporânea descobriu-a e aprendeu a produzí-la e a energia atômica converteu-se em "coisa para nós".

COMUNA AGRÍCOLA — Forma de agrupamento econômico que nasceu na última etapa da evolução do regime de comunidade primitiva. "A comuna agrícola", indica Marx, "foi o primeiro agrupamento social de homens livres não unidos por laços de sangue". (Marx, Engels, Arquivo.) Na comuna agrícola, os instrumentos de produção, a habitação e a terra que a cerca são propriedade privada de famílias isoladas. Os trabalhos fazem-se individual e não coletivamente. Contudo, toda a terra propícia à lavoura é inalienável e constitui propriedade da comuna agrícola. Periodicamente repartem-se as parcelas entre os membros da comuna. Desse modo a comuna agrícola tem caráter duplo reunindo dois princípios: 1) a propriedade privada de todos os meios de produção (com exceção da terra), a produção e a apropriação individual; e 2) a propriedade coletiva da terra de lavoura (repartida regularmente para usofruto individual, privado), da pradaria, dos bosques, dos campos de pastoreio.

A comuna agrícola, última etapa do regimo comunitário primitivo, existiu na evolução sócio-econômlca de todos os povos.

COMUNIDADE PRIMITIVA — Primeira formação social que, durante dezenas de milênios, existiu em todos os povos na etapa primitiva do seu desenvolvimento. Na comunidade primitiva, as relações de produção estão baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção. Os instrumentos, a terra, a habitação, etc, eram propriedade comum da coletividade, da horda, do clã. Não existe exploração do homem pelo homem; não há classes nem Estado. Os homens primitivos vivem em grupos nômades e buscam os meios de subsitência recolhendo plantas comestíveis e dedicando-se à caça. Os produtos de seu trabalho são igualmente consumidos em comum ou divididos em porções iguais, unicamente em comum podem os homens primitivos assegurar-se os meios de existência e proteger-se contra aa feras e as tribos vizinhas.

A primeira grande divisão social do trabalho — separação da criação de gado e da agricultura — engendra a propriedade privada o que acarreta o surgimento da desigualdade econômica e da escravidão, levando à desagregação a sociedade comunitária primitiva. Depois de haver estimulado o desenvolvimento das forças produtivas, a produção coletiva e a distribuição igualitária dos produtos, convertem-se em obstáculo a esse desenvolvimento.

Na etapa superior da sociedade comunitária primitiva, produz-se a segunda grande divisão social do trabalho: a separação das profissões e da agricultura, o que intensifica a destruição da comuna primitiva. A riqueza e a pobreza, a exploração, as classes e o Estado aparecem. A sociedade comunitária primitiva desaparece definitivamente e dá lugar à sociedade de classes, à escravidão e ao feudalismo.

COMUNISMO — Formação econômico-social que substitui o capitalismo; segundo estágio da sociedade comunista.

O socialismo e o comunismo são dois estágios de desenvolvimento de um só modo de produção. A bas« econômica do socialismo e do comunismo é a propriedade social dos meios de produção. As relações de produção se encontram em concordância com o caráter das forças produtivas e abrem campo amplo para o seu desenvolvimento. Tanto sob o socialismo como sob o comunismo, não há classes exploradoras, liquida-se a desigualdade nacional e o objetivo da produção é a satisfação das necessidades do conjunto da sociedade.

Ao mesmo tempo, entre o socialismo e o comunismo existem diferenças substanciais, condicionadas pelo grau diferente de desenvolvimento das forças produtivas, assim como pelo das relações de produção.

COMUNISMO CIENTIFICO — Doutrina do comunismo criada por Marx e Engels com base em sua concepção materialista da história e da análise das leis do desenvolvimento da sociedade, em geral, e da sociedade capitalista, em particular.

O mérito de Marx e Engels consiste em haver realizado a fusão do movimento operário com o socialismo. Em oposição ao socialismo utópico, demonstraram que o socialismo é o resultado necessário e legítimo do desenvolvimento da sociedade capitalista e da luta de classes do proletariado. Marx e Engels mostraram que o proletariado é a única classe conseqüentemente revolucionária, capaz de derrubar o capitalismo e chegar à vitória do socialismo e que esta vitória só poderá ser conseguida pela revolução.

Marx e Engels estabeleceram que a transição do capitalismo para o comunismo seria o período da ditadura do proletariado com a missão de quebrar a resistência dos exploradores e criar uma sociedade nova, sem classes, a sociedade comunista.

O comunismo científico está indissoluvelmente ligado ao materialismo dialético e ao materialismo histórico, os quais constituem o fundamento teórico do comunismo.

As idéias do comunismo científico transformaram-se, em nossa época, em imensa força que movimenta centenas de milhões de homens no mundo inteiro. Mais de um terço da humanidade vive hoje em estados socialistas que se orientam pelas idéias do comunismo científico.

CONCEITO — Forma do pensamento humano que permite captar os caracteres gerais essenciais das coisas e dos fenômenos da realidade objetiva. O processo do conhecimento da natureza pelo homem começa pelas percepções dos sentidos, pela observação imediata. A etapa seguinte do conhecimento consiste na formação dos conceitos, o conceito é obtido pela generalização de u’a massa de fatos isolados: faz-se a abstração dos elementos fortuitos, das propriedades não essenciais, para formar as noções que refletem as relações e os caracteres essenciais, fundamentais, decisivos.

O idealismo separa os conceitos da realidade. A lógica metafísica ensina que, por ser geral, o conceito está separado de tudo que é particular e concreto. O materialismo dialético ao contrário, parte do princípio de que as noções gerais verdadeiramente científicas contém a riqueza do particular, do individual.

CONCEITUALISMO — Corrente progressista da escolástica medieval, vinculada ao nome de Abelardo (1097-1142). Nas discussões sobre os "universais", os concei-tualistas, do mesmo modo que os nominalistas, não admitiam a existência de idéias gerais independentemente dos objetos. Diferentemente dos nominalistas, os conceitualistas admitiam a existência de conceitos, de noções gerais no pensamento, como formas particulares do conhecimento.

CONCEPÇÃO DO MUNDO — Sistema de opiniões, de noções e de representações acerca do mundo que nos rodeia, em seu conjunto. No sentido lato, é o conjunto de conceitos sobre o mundo, sobre os fatos da natureza e da sociedade: idéias filosóficas, sociais e políticas, éticas, estéticas, científicas, etc.

As opiniões filosóficas constituem o núcleo principal de toda concepção do mundo. O idealismo filosófico e a religião explicam o universo, todos os fenômenos da natureza e da sociedade por intermédio da atividade do espírito, da consciência, das forças espirituais sobrenaturais, as divindades. O materialismo dialético e o materialismo histórico constituem a con-capção do mundo cientificamente conseqüente adotado pelo partido marxista-leninista.

A concepção do mundo é o reflexo do ser material e social do homem e está em função direta do nível dos conhecimentos humanos em determinada etapa histórica, assim como, também, do regime social dominante. A concepção do mundo adquire, assim, caráter histórico. A medida que a sociedade evolui, a concepção do mundo se modifica. A concepção do mundo se reveste de caráter de classe: as idéias da classe detentora do poder dominam nessa sociedade.

CONCEPÇÃO IDEALISTA DA HISTÓRIA — A concepção idealista considera as idéias, as teoriais, a consciência do homem como a força motriz essencial do desenvolvimento social. Acredita que o progresso histórico está em função da vontade humana, das disposições e déselos dos reis, chefes e conquistadores. Assim, os idealistas encaram a história como resultante de um conjunto de circunstâncias favoráveis ou desfavoráveis e não como um processo determinado.

O marxismo denunciou a essência anticientífica da concepção idealista da história e elaborou uma teoria científica das leis do desenvolvimento social, o materialismo histórico.

CONCEPÇÃO MATERIALISTA DA HISTÓRIA — Vide Materialismo Histórico.

CONDIÇÕES DA VIDA MATERIAL DA SOCIEDADE

Esta noção compreende: 1) a natureza circundante, o meio geográfico; 2) a população e sua densidade; 3) o modo de produção dos bens materiais. Esta última constitui a força essencial para determinar a evolução da sociedade, sua passagem de um regime para outro.

CONEXÃO E INTERAÇÃO DOS FENÔMENOS — Um dos princípios fundamentais do método dialético marxista é o que proclama a conexão e integração dos fenômenos da natureza e da sociedade. "Em oposição à metafísica, a dialética não considera a natureza como um conglomerado casual de objetos e fenômenos, desligados e isolados uns dos outros e sem nenhuma relação de dependência entre si, senão como um todo articulado e único, no qual os objetos e fenômenos se encontram organicamente vinculados uns aos outros, dependem uns dos outros e se condicionam uns aos outros. Por isso o método dialético entende que nenhum fenômeno da natureza pode ser compreendido se enfocado isoladamente, sem conexão com os fenômenos que o rodeiam, pois todo fenômeno, de qualquer campo da natureza, pode converter-se em um absurdo se examinado sem conexão com as condições que o rodeiam, desligado delas; e, ao contrário, todo fenômeno pode ser compreendido e explicado se examinado em sua conexão indissolúvel com os fenômenos circundantes e condicionado por eles". (Stalin, Sobre o materialismo dialético…, em Questões do Leninismo).

Contudo a dialética marxista ensina que não basta levar em conta o encadeamento de causas e efeitos, mas é preciso sublinhar também que causa e efeito atuam um sobre o outro. Assim, todo regime político é determinado pelo regime econômico que o engendrou mas, por seu lado, o poder político exerce considerável influência sobre o regime econômico.

Esta concepção dialética da natureza e da sociedade é diametralmente oposta ao ponto-de-vista metafísico que considera os fenômenos à margem do seu concatenamento, e segundo o qual a natureza não é mais do que um conglomerado caótico de fatos acidentais.

A pesquisa científica proporciona imensa satisfacíais dos não essenciais, ensina a não confundi-los e a desentranhar em seu emaranhado o principal, o decisivo, unicamente tal procedimento permite, na atividade prática, descobrir dentre a multiplicidade de tarefas o elo central que uma vez colhido permite arrastar toda a cadeia.

CONHECIMENTO — O conhecimento do mundo circundante pelo homem tem longa história. Constitui o movimento gradativo da ignorância ao conhecimento, do conhecimento incompleto, imperfeito, ao mais completo e profundo. As particularidades e as leis deste processo são descobertas pela teoria marxista do conhecimento.

A pesquisa científica proporciona imensa satisfação ao pesquisador mas os homens não se ocupam da ciência apenas por mero prazer. O saber dá ao homem uma enorme força no trabalho quotidiano e na luta com a natureza, bem como na atividade social, ou seja, em todas as questões práticas das quais depende a existência de cada homem individualmente e de toda a sociedade em conjunto.

Os filósofos idealistas não raramente tentaram contrapor o conhecimento à atividade prática, separan-do-a da prática. Ou partiam de que o conhecimento é fruto da eterna aspiração do espírito humano à verdade e não depende da prática, ou afirmavam que a atividade prática não está ligada ao conhecimento do mundo, que o intelecto do homem está destinado apenas ao domínio das coisas e à ação bem sucedida, mas o conhecimento do mundo é, em geral, impossível (F. Nietzsche e outros), ou possível somente através de uma intuição mística (H. Bergson).

Tanto um como o outro ponto-de-vista deformam a autêntica relação entre o conhecimento e a ação, entre a teoria e a prática.

A história do aparecimento e do desenvolvimento das ciências comprova convincentemente o fato de que a ciência e o conhecimento se originam, em geral, das exigências da prática, que a prática constitui uma condição necessária e a base do conhecimento.

A utilização das coisas é, ao mesmo tempo, o seu conhecimento. As possibilidades deste são tanto mais amplas, quanto mais rica e variada é a prática.

Um dos mais sérios defeitos de todo o materialismo antes de Marx foi justamente a incapacidade de compreender a ligação entre o conhecimento e a prática. O velho materialismo pré-marxista era contemplativo. Para os seus representantes, o conhecimento constituía pura atividade teórica do cientista, que observa a naureza e medita sobre ela. Não viam a conexão do conhecimento com a atividade político-social, nem com a atividade produtiva das massas, considerando, a este respeito, natural e inevitável que a atividade congnoscitiva fosse um privilégio de poucos, ao passo que a "baixa" atividade prática e o trabalho físico seriam o destino da maioria ignorante;

Somente Marx e Engels, livres dos preconceitos dos teóricos das classes exploradoras, viram o papel decisivo da atividade prática dos homens no processo do conhecimento. Os fundadores do marxismo chegaram à conclusão e que a atividade quotidiana, a atividade produtiva dos homens, ao criar a base material da existência da sociedade, tem, ao mesmo tempo, a mais grandiosa importância teórica congnoscitiva.

À diferença do materialismo precedente, o marxismo inclui a prática na teoria do conhecimento, encara a prática como fundamento e fim do processo cognoscitivo e, outrossim, como critério do saber autêntico.

CONTEÚDO E FORMA — Vide Forma e Conteúdo.

CONTRADIÇÃO — Vide Contradições Antagônicas e não antagônicas; Luta de contrários; Novo e Velho.

CONTRADIÇÕES ANTAGÔNICAS E NÃO ANTAGÔNICAS — Denominam-se antagônicas as contradições entre aqueles grupos ou classes sociais, cujos interesses essenciais são inconciliáveis. Tais são as contradições entre os opressores e os oprimidos, entre os exploradores e os explorados. Em nosso tempo, assim são, antes de tudo, as contradições entre a classe operária e os capitalistas. Estas contradições só podem desaparecer quando a classe capitalista fôr liquidade como classe, ou seja, quando fôr privada do poder político e dos meios de produção e, com isto, da possibilidade de explorar os trabalhadores. Isto só pode acontecer como resultado da revolução socialista.

Na política, na atividade prática, é muito importante levar em conta a natureza antagônica das contradições de classe na sociedade baseada na exploração. A sua negação conduz inevitavelmente aos erros reformistas. Os oportunistas e revisionistas, por exemplo, não reconhecem o caráter antagônico das contradições entre a burguesia e a classe operária e pregam, como tal fundamento, a conciliação de classes.

As contradições antagônicas representam um fenômeno histórico, são engendradas na sociedade baseada na exploração, e existem enquanto esta sociedade existir.

Quando chega ao fim a exploração do homem, desaparecem também as contradições antagônicas. Isto, porém, não significa que, no socialismo, deixam de existir quaisquer contradições. "Antagonismo e contradições não são, em absoluto, uma e a mesma coisa" — escreveu Lenin. — "O primeiro desaparece, a segunda permanece sob o socialismo". O progresso da sociedade socialista efetua-se também pelo aparecimento e a eliminação das contradições, pela luta.

CONSCIÊNCIA — Forma superior, especificamente humano". (Lenin, Materialismo e Empiriocriticismo.) do homem é uma função "desse fragmento especialmente complexo da matéria que se chama cérebro humano". (Lenin, Materialismo e Empiriocriticismo.) Por consciência social entende-se o conjunto de idéias, de teorias, de concepções sociais que refletem as condições da vida material da sociedade, o modo de produção os bens materiais.

A consciência humana forma-se no transcorrer da atividade social na produção e é o produto do desenvolvimento social. No transcurso do trabalho, o homem adquire consciência também de suas relações com o meio ambiente, com os homens que participam da produção. Uma vez que a consciência só aparece como conseqüência do trabalho social, não a possuem nem sequer os animais superiores. A consciência supõe uma atitude reflexiva em relação ao meio circundante, a capacidade de subtrair-se a êle, de determinar suas relações com esse meio, de organizar racionalmente a produção material.

O aparecimento da consciência está ligado ao da linguagem: consciência e linguagem têm a mesma idade. A formação da linguagem exerceu enorme influência sobre a formação e o progresso da consciência.

A vida social dos homens determina a sua consciência social. As condições da vida material da sociedade determinam as idéias, as teorias, as opiniões e instituições políticas. Na sociedade de classes, a consciência social dos homens tem sempre caráter de classe.

COSMOPOLITISMO — Ideologia burguesa reacionária que prega a indiferença ante os interesses, as tradições e a cultura nacionais e o abandono da soberania nacional. O cosmopolitismo dissimula seu verdadeiro caráter declarando que todos os homens têm o universo como pátria. Na realidade, o cosmopolitismo é uma arma dos monopólios na sua luta contra a independência nacional dos povos, um meio ideológico para escravizar econômica e politicamente os povos livres. Uma das tantas facetas do cosmopolitismo é a "alienação da soberania nacional" tão apregoada pelos en-treguistas e mais agentes do imperialismo.

Os partidos comunistas e operários contrapõem à ideologia do cosmopolitismo a idéia da independência nacional e a ideologia do internacionalismo proletário.

CRISE GERAL DO CAPITALISMO — Crise total do sistema mundial do capitalismo que engloba a economia, a política e a ideologia; situação do sistema capitalista mundial que se caracteriza por sua decadência e pela vitória do novo regime socialista.

Os traços característicos da crise geral do capitalismo são: a divisão do mundo em dois sistemas, o capitalista e o socialista, e a luta entre eles; o aguçamento ao auge das contradições entre a burguesia e o proletariado dos países capitalistas; a crise do sistema colonial do imperialismo; o maior agravamento do problema dos mercados; o aparecimento do estado crônico de utilização apenas parcial da capacidade produtiva das empresas e do desemprego crônico das massas trabalhadoras.

CRITÉRIO DA VERDADE — Prova da validez de nossos conhecimentos, índice que confirma a exatidão de nossas idéias e mostra em que medida nossas sensações, representações, conceitos, correspondem à realidade objetiva.

Para o idealismo, o critério da verdade reside não na concordância entre as teorias e a realidade obje-itva, mas nas sensações, nas idéias do sujeito, na "claridade e na nitidez" das noções, etc.

A filosofia marxista é a única a dotar o conhecimento humano de um critério científico para distinguir a verdade do erro, para submeter cada verdade a uma verificação exata e segura. Este critério é a prática humana, a atividade dos homens na produção, na indústria, a atividade revolucionária das massas. Ao pôr a prática na base do conhecimento e do critério da verdade, o marxismo operou uma revolução na gnoseologia.

Ao fazer da prática o critério da verdade, o marxismo ensina a levar em conta o desenvolvimento da própria prática, o que implica na revisão de certas verdades que já não correspondem ao nível da atividade prática dos homens. Esta concepção da prática estimula o pensamento humano e o impede de erigir em dogmas as verdades descobertas. Todo progresso na prática aperfeiçoa nossos conhecimentos, precisa e confirma as verdades à luz de uma prática mais avançada.

CRÍTICA E AUTOCRÍTICA — Método que permite aos partidos marxistas e demais organizações de trabalhadores descobrir e superar os erros e as insuficiências de sua atividade. Na sociedade socialista, a crítica e a autocrítica constituem uma das principais forças motrizes do progresso.

A crítica e a autocrítica são de importância capital para o desenvolvimento da ciência, da literatura e das artes, as quais não podem progredir sem discussões fecundas, sem luta de opiniões nem liberdade de crítica.

CULTURA — Conjunto dos valores materiais e espirituais criados pela humanidade no decorrer de sua história. A cultura é um fenômeno social que representa o nível alcançado pela sociedade em determinada etapa histórica: progresso, técnica, experiência de produção e de trabalho, instrução, educação, ciência, literatura, arte e instituições correspondentes. Em sentido mais restrito,, compreende-se por cultura o conjunto de formas da vida espiritual da sociedade que nascem e se desenvolvem sobre a base do modo de produção dos bens materiais historicamente determinados.

Em uma sociedade de classe, a cultura espiritual é uma cultura de classe. A cultura dominante é a cultura da classe dominante. Ao desenvolver-se, como conseqüência das contradições sociais, a cultura é um instrumento da luta de classes. Nesta luta, as diversas classes utilizam meios culturais tais como a escola, a ciência, a imprensa, as artes, etc, para conseguir os seus objetivos.

A luta de classes que tem como conseqüência a destruição do antigo regime social e a instauração de um novo, provoca necessariamente a substituição da cultura obsoleta por uma nova, mais avançada e progressista .A cultura socialista assume a defesa de todas as magníficas realizações culturais das épocas anteriores e da fecunda experiência da luta por uma transformação revolucionário da sociedade.

CULTURA SOCIALISTA — Cultura de tipo novo, superior, parte integrante do regime social e político socialista, criada pelas massas trabalhadoras sob a direção do partido marxista. Tem por missão edificar a sociedade comunista e educar aos construtores ativos e conscientes desta sociedade.

A cultura socialista representa o resumo histórico das realizações de toda a cultura humana anterior, a soma do desenvolvimento cultural da humanidade. Contudo, difere radicalmente de todas ás culturas que a têm precedido.

A cultura socialista se desenvolve sobre a base do regime social mais avançado, depois da instauração da propriedade coletiva dos meios de produção.

A cultura socialista desenvolve-se na luta contra a cultura burguesa reacionária, contra a sobrevivência do capitalismo na consciência e na vida dos homens.

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