LÓGICA MATERIAL – Curso de Filosofia de Jolivet

Curso de Filosofia – Régis Jolivet

SEGUNDA PARTE

LÓGICA MATERIAL

1. Definição. —
Após ter estudado as leis que asseguram a retidão do raciocínio, quer dizer, a
conformidade do pensamento consigo mesmo, temos de nos perguntar a que
condições o pensamento deve satisfazer para ser não apenas correto, mas ainda
verdadeiro, isto é, conforme aos diversos objetos que o espírito pode procurar
conhecer. A Lógica material é então a que considera a matéria do
conhecimento e determina as vias a seguir para chegar segura e rapidamente à
verdade.
Esta parte da Lógica é muitas vezes chamada também de Metodologia, porque ela é um estudo dos diferentes métodos empregados nas ciências.

Por outro lado, a Lógica maior, fazendo intervir  a
noção da verdade como  conformidade do espírito  às coisas, convida preliminarmente
ao estudo dos métodos, o estudo das condições de direito que permitirão ao
espírito supor-se legitimamente certo,
quer dizer, como realmente conforme
às coisas.

2.    Divisão. — A lógica material comportará as
seguintes divisões: as condições da certeza, — o método em geral, e
os processos gerais da demonstração científica, análise e síntese, noção
da ciência e das ciências,
os diferentes métodos.

Capítulo  Primeiro

AS  CONDIÇÕES  DA CERTEZA

30       
Estudamos até aqui os princípios e estabelecemos as regras do raciocínio
correto. Mas, apesar do conhecimento destes princípios e o uso destas regras, o
homem continua sujeito a erro, e de fato se engana muitas vezes, tomando o
falso pelo verdadeiro. É necessário, também, definir a verdade e o erro, conhecer
os processos sofísticos pelos quais o erro se apresenta com as aparências da
verdade e determina que indícios permitem, com retidão, distinguir a verdade
do erro.

ART.    I.    A VERDADE E O ERRO § 

 1.     A   VERDADE

Ora falamos de "vinho genuíno", de
"ouro verdadeiro", ora dizemos: "Este vinho é bom",
"este ouro é puro", "este quadro é belo". Nos dois casos,
queremos afirmar que o que é, é. E é nisto mesmo que consiste a verdade em
geral.

Mas existe, contudo, uma diferença entre os dois gêneros
de expressões que acabamos de citar. A primeira exprime uma verdade
ontológica,
a segunda uma verdade lógica.

1. A verdade ontológica exprime
o ser das coisas, enquanto corresponde exatamente ao nome que se lhe dá, enquanto,
por conseguinte, é conforme à idéia divina de que procede. As coisas, com
efeito, são verdadeiras enquanto são conformes às idéias segundo as quais foram
feitas. Conhecer esta verdade, quer dizer, conhecer as coisas tais quais são, é
tarefa de nossa inteligência.

2. A verdade lógica exprime a conformidade
do espírito às coisas,
isto é, à verdade ontológica. Desde que eu afirme:
"Este ouro é puro", enuncio uma verdade, se verdadeiramente a pureza
pertence a este ouro, isto é, se meu julgamento está conforme ao que é.

Segue daí que a verdade lógica só existe no juízo, e
jamais na simples apreensão. A noção "ouro puro" não exprime nem verdade
nem erro. Neste exemplo, não pode existir verdade, a não ser que o espírito,
afirmando uma coisa de uma outra, conheça seu ato e sua conformidade ao objeto,
o que se produz unicamente no juízo.

§  2.     OS DIVERSOS ESTADOS DE ESPÍRITO EM  PRESENÇA DO VERDADEIRO

31        O
espírito, em relação ao verdadeiro, pode encontrar-se em quatro estados
diferentes, o verdadeiro pode ser para ele como não existente: é o estado
de ignorância;
— o verdadeiro pode aparecer-lhe como simplesmente possível:
é o estado da dúvida; — o verdadeiro pode aparecer-lhe como provável: é
o estado de opinião; enfim, o verdadeiro pode aparecer-lhe como
evidente: é o estado de certeza.

A.    A ignorância.

1.    Definição. — A ignorância é um estado puramente negativo, que consiste na
ausência de todo conhecimento relativo a um objeto.

2.    Divisão. — A ignorância pode ser: vencível ou
invencível, conforme esteja ou não em nosso poder fazê-la desaparecer; — culpável ou desculpável, conforme seja ou não nosso dever fazê-la
desaparecer.

B.    A dúvida.

1. Definição. — A dúvida á um estado de equilíbrio
entre a afirmação e a negação,
resultando daí que os motivos de
afirmar contrabalançam os motivos de negar.

2.    Divisão. — A dúvida pode ser:

a)     Espontânea, isto é, que consiste na
abstenção do espírito por falta de exame do pró e do contida.

b)     Refletida, isto é, resultante dos
exames das razões pró e contra.

c)     Metódica, isto é, que consiste na suspensão
fictícia
  ou real. mas sempre provisória, do assentimento a
uma asserção tida até então por certa, a fim de lhe controlar o valor.

d)     Universal, isto é, que consiste em
considerar toda asserção como incerta. É a dúvida dos cépticos.

 

C.   A  opinião.

1.    Definição. —
A opinião é o estado de espírito que afirma com temor de se enganar. Contrariamente
à dúvida, que é uma suspensão do juízo, a opinião consiste, pois, em afirmar,
mas de tal maneira que as razões de negar não sejam eliminadas por uma certeza
total. O valor da opinião depende assim da maior ou menor probabilidade das
razões que fundamentam a afirmação.

2.    Divisão da probabilidade.

a)     Probabilidade matemática. É aquela em
que todos os casos possíveis, sendo da mesma natureza, em número finito, e
conhecidos de antemão, apresentam um grau de probabilidade que pode  ser
avaliado de forma fracionária.
O denominador exprimi o número do casos
possíveis e o numerador o número de casos  favoráveis Numa caixa que contenha 6
bolas pretas e 4 bolas brancas, a probabilidade de extração de uma. bola branca
será matematicamente de 4/1.0.

b)     Probabilidade moral. É aquela que se
aplica aos acontecimentos em que intervém em qualquer grau a liberdade
humana.

D).    A certeza e a evidência.

32        1.    Definições.        A certeza é o
estado do espírito que consiste na adesão firme, a urna verdade
conhecida,, sem  temor do engano. A evidência é  o que fundamenta
a certeza.  Definimo-la como a clareza plena pela qual o verdadeiro se impõe à adesão da inteligência.

2.    Divisão. — Podemos colocar-nos de vários
pontos-de-vista

para dividir a certeza  (e a evidência em que se
baseia).

a)     Do ponto-de-vista de seu fundamento, a
certeza pode ser:

Metafísica, quando
se baseia na própria essência das coisas, de tal sorte que a asserção
contraditória seja necessariamente absurda e inconcebível. Tal é a certeza
deste princípio: "O todo é maior do que a parte".

Física, quando
se baseia em leis de natureza material ou na experiência, de tal
sorte que a asserção contrária seja simplesmente falsa, mas não absurda nem
inconcebível. Tal é a certeza desta asserção: "O metal é condutor de
eletricidade", ou desta: "Eu estou doente".

Moral, quando
se baseia numa lei psicológica ou moral, de tal sorte que a
asserção seja verdadeira no maior número de casos. Tal é a certeza desta
asserção: "A mãe ama seus filhos", ou desta: "O homem repudia a
mentira…"

b)     Do ponto-de-vista do modo pelo qual nós a
alcançamos,
a certeza pode ser:

Imediata ou mediata, conforme seja alcançada num primeiro exame do próprio objeto, ou por
intermédio da demonstração. Por exemplo:

O que é, é  (certeza imediata).

A soma dos ângulos do triângulo é igual a dois retos
(certeza imediata).

Intrínseca ou extrínseca, conforme resulte da visão do próprio objeto, ou, ao
contrário, da autoridade do que viu o objeto. Por exemplo:

É dia, dois e dois são quatro (certeza intrínseca ou
científica).

Roma foi fundada por Rômulo (certeza extrínseca ou
crença). Todas as asserções Históricas são para nós suscetíveis apenas de uma
certeza extrínseca.

§ 3.    O Erro

33        1.
Natureza do erro. — Se a verdade lógica é a conformidade da inteligência às
coisas, o erro, que é seu contrário, deverá ser definido como a não-conformidade
do juízo as coisas.

Enganar-se não é ignorar pura e simplesmente. A
ignorância consiste propriamente em nada saber e em nada afirmar, enquanto que
o erro consiste em não saber e afirmar
acreditando saber. É uma ignorância que se ignora.

2.    Causas do erro. — O erro tem causas lógicas e
causas morais.

a)     Causas lógicas. Provém da fraqueza
natural do nosso espírito; 
falta de penetração; falta de atenção; falta
de memória.

Todavia, esta imperfeição notável do espírito não é
jamais a suficiente do erro. Porque como a inteligência só é obrigada a
assentir pela evidência do verdadeiro, jamais se enganaria, ou, em outras
palavras, jamais manifestaria sua adesão fora da evidência, a não ser que estivesse
sofrendo uma influência estranha. Esta influência estranha é a vontade
submetida às paixões, e, por conseguinte, as verdadeiras causas do erro são
quase sempre causas morais.

b)     Causas morais. Podemos reduzi-las a três
principais, que são: a vaidade, pela qual confiamos em demasia nas
nossas luzes pessoais, — o interesse, pelo qual preferimos as asserções
que nos são favoráveis, — a preguiça, pela qual recuamos ante a informação
e o trabalho necessários, aceitando sem controle os preconceitos em voga, a
autoridade dos falsos sábios, as aparências superficiais, os equívocos da
linguagem etc.

3.    Os remédios contra o erro. — Se o erro
tem causas lógicas e causas morais, devemos combatê-lo por remédios lógicos e
reme dos morais.

a)     Remédios lógicos.  Constituem espécie de higiene intelectual, e tendem a desenvolver a retidão e o vigor do
espírito, pela aplicação metódica das regras lógicas e, pelo controle da
imagina ção, o desenvolvimento da memória.

b)     Remédios morais. São, naturalmente, os
mais importantes. Resumem-se no amor da verdade que nos inclina a
desconfiar de nós mesmos, a julgar com uma perfeita imparcialidade, a agir com
paciência, circunspeção e perseverança na procura da verdade.

ART,    II.    OS SOFISMAS § 1.    Noções gerais

34        1.
Definições. — Dá-se o nome de sofisma a um raciocínio errado que se
apresenta com as aparências da verdade.
Se o sofisma é cometido de boa-fé e
sem intenção de enganar, chamá-lo-emos de paralogismo. Mas esta
distinção, segundo a boa ou má-fé, compete ao moralista. Para o lógico, sofisma
e paralogismo são uma única e mesma coisa.

 

2. Divisão.
— O erro pode ter duas espécies de causa: ou bem o erro provém da linguagem ou
bem provém das idéias de que se compõe o raciocínio. Donde os dois tipos
de sofismas: os Sofismas de palavras e os sofismas de coisas ou
idéias.

§  2.      OS SOFISMAS DE PALAVRAS

Os sofismas verbais decorrem da identidade aparente de
certas palavras.
Os principais são:

2. O equívoco, que consiste em tomar, no raciocínio,
uma mesma palavra em vários sentidos diferentes.  Tal é o raciocínio seguinte:

O cão ladra.

Ora, o cão é uma constelação.

Logo, uma constelação ladra.

2.    A confusão do sentido composto e do sentido
dividido que

se verifica, quando se reúne no discurso, isto é, quando
se toma coletivamente o que é dividido na realidade, ou que se divide no
discurso,
isto é, que se toma separadamente o que na realidade não é
mais do que um.
Tal é o argumento do pródigo:

 Esta despesa não me arruinará. Nem esta segunda, nem
esta terceira. Logo, todas estas despesas não me arruinarão. ou então,
em sentido oposto, este argumento:

Quatro e dois são seis.

Logo, quatro são seis e dois são seis.

3. A Metáfora que consiste em
tomar a figura pela realidade.
Este gênero de sofisma  é  freqüente,  
principalmente   quando   se fala de coisas espirituais: como devemos
servir-nos de imagens sensíveis para exprimi-las, facilmente a imagem se
substitui à coisa e se torna uma fonte de erros.

§ 3.     SOFISMAS DE IDÉIAS OU DE COISAS

36 Estes sofismas provêm não da própria expressão, mas
da idéia que é expressa, e portanto referem-se às coisas. Dividem-se em sofismas
de indução
e em sofismas de dedução, conforme resultem de uma
indução ilegítima ou de uma dedução ilegítima.

1.   Sofismas de indução.

a)     Sofismas do acidente. Consiste em tomar por
essencial ou habitual o q\ue só é acidental
e inversamente. Tal é o
argumento;

Este remédio não fez efeito.

Logo, os remédios não servem para nada.

b)     Sofisma da ignorância da causa. Consiste
em tomar por causa um simples antecedente ou alguma circunstância acidental Exemplo:

Uma lesão cerebral produz  perturbações intelectuais.
Logo, o pensamento é um produto do cérebro.

c)     Sofisma do arrolamento imperfeito. Consiste em tirar uma conclusão geral de uma enumeração insuficiente. Tal seria o
raciocínio :

Tal juiz é venal. Tal outro também o é. Logo, todos os
juizes são venais.

d)     Sofisma da falsa analogia. Consiste em
concluir o que é um objeto pelo que é um outro, apesar de sua diferença
essencial,
apoiando-se em uma de suas semelhanças. Tal é o argumento:

A Lua é um planeta como a Terra. Ora, a Terra é
habitada. Logo, a Lua também o é.

2-    Sofismas de dedução.

a) Falsa conversão e oposição ilegítima (reportar-se
à Lógica formal, no que concerne à conversão e oposição das proposições)  
(18-10)

b) Ignorância do assunto. Este sofisma consiste
ou em provar uma coisa fora de questão, ou, tratando da questão, provar de
mais ou de menos. Tal seria o raciocínio que quisesse provar que o Soberano
Pontífice não é infalível porque pode pecar.

c)     Petição de princípio. Este sofisma
consiste em tomar como princípio do argumento aquilo que está em questão. Tal é o argumento
seguinte:

O pensamento é um produto do cérebro.

Logo, o pensamento é um atributo da matéria orgânica.

d)      Círculo vicioso. Este sofisma consiste em demonstrar uma pela outra
duas proposições que carecem igualmente de demonstração.
Tal seria o
argumento que provasse a ordem do mundo pela sabedoria divina e a sabedoria
divina pela ordem do mundo.

 

§ 4.    Refutação
dos Sofismas

37 1. Sofismas de palavras. — Para refutar os diversos
sofismas de palavras, não existe outro meio senão o de criticar implacavelmente
a linguagem, a fim de determinar exatamente o sentido das palavras que
se empregam.

2. Sofismas de idéias. — Os sofismas de idéias ou de
coisas pecam quer pela matéria quer pela forma. Para refutá-los, é preciso,
pois, examiná-los do duplo ponto-de-vista da matéria e da forma. Uma premissa
ou duas premissas de uma vez podem ser falsas ou ambíguas. Se são falsas, é
preciso negá-las; se são ambíguas, é preciso distingui-las, isto é,
precisar os seus diferentes sentidos. Se o argumento peca pela forma a
conseqüência deve ser negada.

ART. III.    O CRITÉRIO DA CERTEZA

§  1.     NATUREZA DO CRITÉRIO

 1.
Definição. — Chama-se critério o sinal graças ao qual se conhece uma coisa, distinguindo-se de todas as outras. Ora, já que opomos constantemente a verdade ao erro,
dizendo "Isto é verdadeiro, isto é falso", devemos possuir algum
sinal ou critério pelo qual nós reconhecemos a verdade. É este sinal que nós chamamos critério da verdade, e, como é por este sinal que devemos possuir a
certeza, chama-se também, colocando-nos no ponto-de-vista, não mais do objeto
que aparece, mas do espírito que conhece, o critério da certeza.

2.    O critério supremo. —     Distinguem-se os critérios
particulares e um critério supremo e universal.
Os primeiros são próprios a
cada ordem de verdade: existem assim critérios histórico, matemático,  moral
etc. O critério supremo da verdade e da certeza, do qual, unicamente, nos
ocuparemos aqui, é o sinal distintivo de toda espécie de verdade, aquele
que não supõe nenhum outro, no qual todos os outros se subordinam e que
constitui a razão derradeira de toda certeza.

§ 2.   O Critério
da Evidência

39        O critério supremo da verdade e a razão
última de toda certeza é a evidência.

1.    Natureza da evidência. — Definimos mais acima a
evidência (32) como a plena clareza com a qual o verdadeiro se impõe  à
adesão da inteligência.
Será suficiente para nós aqui explicar esta definição.

a)     A evidência é o resplendor do verdadeiro. Ela
é, aos olhou do espírito, enquanto ilumina os objetos do pensamento, o que o
sol, iluminando os seres materiais, é, aos olhos do corpo.

b)     É esta clareza que determina em nós a
adesão,
pois é da natureza da inteligência dar seu
assentimento à verdade, dcsdo <|iin ela seja claramente percebida. A
evidência exerce assim sobre o espírito uma espécie de coação, pela qual se
torna impossível aquele que vê a verdade julgar que não a vê.

40       
2.    A   evidência   é   o   motivo   supremo da certeza, Isto é, somente tudo
o que é evidente é necessariamente verdadeiro, Q tudo o que ó verdadeiro é
necessariamente evidente.

a) Tudo o que verdade é verdadeiro, É o que
provam a natureza e os caracteres da evidencia.

Prova pela natureza da evidência. Com efeito, o critério da verdade é o que é ao mesmo
tempo necessário e suficiente para que o espírito dê seu assentimento sem temor
de erro. Ora, tal é a evidência do objeto: se ela é necessária, é também
suficiente, enquanto se impuser ao espírito com uma tal clareza que a dúvida se
torne impossível.

Prova pelos caracteres da evidência. A evidência é, com efeito: universal, isto é,
ela é a marca de toda verdade certa, de qualquer maneira que tenha sido
adquirida, em qualquer ordem que seja, e válida para todos os espíritos que
a vejam; — irredutível, no sentido de que ela é absolutamente
suficiente a si mesma, a ponto de todos os outros critérios de certeza, assim
como os primeiros princípios da razão, o senso comum, o consentimento
universal do gênero humano etc, extraírem por sua vez a sua certeza da evidência
que lhe é inerente. A evidência é por si mesma a sua própria prova.

Resulta daí que não se pode provar a evidência. É
suficiente mostrá-la, assim como não se exige argumento para provar que é dia
em pleno-meio-dia: basta abrir os olhos. Segue-se ainda que toda demonstração
consiste em fazer brilhar qualquer evidência aos olhos do espírito.

b) Tudo o que é verdadeiro, e apenas isto, é
evidente.
Dizer que tudo o que é verdadeiro é evidente, não é afirmar que,
em relação a nós, todas as verdades sejam atualmente evidentes. O fato da
existência dos estados de ignorância, de dúvida e de opinião mostra bem o
contrário. Mas esta asserção significa que em si e de direito a verdade
comporta a característica essencial de poder ser discernida do erro. Só a
verdade goza do privilégio da evidência.
Se é verdade que existem evidências
ilusórias
(alucinação, sonambulismo etc.) não passam de ilusões de
evidência.
Elas provêm de um estado psíquico anormal. Mas, no estado normal
das faculdades sensíveis, intelectuais e morais, só a verdade pode impor-se a
nós. Devemos, também, para nos premunir contra as evidências ilusórias,
praticar uma higiene a um tempo física, intelectual e moral. É
sob esta condição que, segundo a expressão de Bossuet,
"o entendimento, purgado de seus vícios e verdadeiramente atento a
seu objeto, não se enganará jamais".

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