“O JUÍZO E A PROPOSIÇÃO – Curso de Filosofia de Jolivet

Curso de Filosofia – Régis Jolivet

Capítulo Segundo

O JUÍZO Ε
Α PROPOSIÇÃO

ART.  I.    DEFINIÇÕES

16.      Definição do juízo. — O
juízo é o ato pelo qual o espírito afirma alguma  coisa de outra; "Deus 
é bom", o "homem  não é imortal" são juízes,   enquanto  um
afirma de Deus a bondade, o outro nega do homem a imortalidade.

O   juízo   comporta   então   necessariamente   três  
elementos,  
a a saber: um sujeito, que é o ser de que se afirma ou
nega alguma coisa –  um atributo ou predicado: é o que se afirma ou nega
do sujeito;,  – uma afirmação ou uma negação.

O sujeito e o atributo compõem a matéria do
juízo e a forma do juízo resulta da afirmação ou da negação.

Definição  da proposição. — A proposição é a 
expressão verbal do juízo.

Ela se compõe, como o juízo, de dois termos, sujeito
e predicado, e de um verbo, chamado cópula (isto
é, elo), pois liga ou desliga os dois termos.

O verbo da proposição lógica é sempre o
verbo ser, tomado no sentido copulativo
ou relativo, como nesta proposição:
"Deus é bom", e não no sentido absoluto, em que
ele significa existir, como nesta proposição: "Deus
é". Muitas vezes o verbo gramatical compreende a um tempo o verbo lógico e
o atributo. Assim, esta proposição: "Eu falo" se decompõe, do
ponto-de-vista lógico, nesta: "Eu sou falante". Da mesma forma,
"Deus existe" se decompõe assim: "Deus é existente".

ΑRT. II.   
ESPÉCIES DE JUÍZO E DE PROPOSIÇÕES

Classificação dos juízos

do ponto-de-vista
de sua forma e do ponto-de-vista de sua matéria.

a)    Do ponto-de-vista da forma. Distinguem-se os juízos afir-mativos e os juízos
negativos.

 

b)    Do  ponto-de-vista  da  matéria.   Distinguem-se  os  juízos analíticos e os juízos sintéticos.

Chama-se analítico um juízo em que o  atributo é ou idêntico1 do sujeito  (o que é o caso da definição; "O homem é um animal
racional"), ou  essencial ao sujeito  
("O homem é  racional"), ou próprio  (1) ao
sujeito  ("O círculo é redondo").

Chama-se sintético um juízo cujo atributo não exprime nada de essencial, nem
de próprio ao sujeito
: "Este homem é velho", "O tempo está
claro".

 

2. Classificação
das proposições.
— Podemos classificar as. proposições do ponto-de-vista da quantidade e do ponto-de-vista
da qualidade.

A.    A quantidade de uma proposição depende da extensão do>
sujeito.
Pode-se então distinguir:

a) As proposições universais: aquelas
cujo sujeito
é um termo universal,
tomado universalmente. Por exemplo:
"O homem (ou: todo homem) é mortal".

b)    As proposições particulares: aquelas em que
o sujeito ê um termo particular: "algum homem é virtuoso".

c) As proposições singulares: aquelas cujo sujeito
ê um termo singular: "Pedro é sábio", "esta árvore é
velha".
Estas proposições, pela razão dada anteriormente (12), devem ser assimiladas, às
proposições universais.

 

B. A qualidade de uma proposição depende da afirmação ou da negação, conforme a
relação do atributo ao sujeito seja uma relação de conveniência ou de
não-conveniência.

(1)    A propriedade em lógica
é
um caráter que não pertence à essência do sujeito, mas decorre
dela  necessariamente.

3) As quatro proposições Como toda proposição tem no mesmo tempo uma
quantidade e uma qualidade, podem se distinguir quatro espécies de
proposições, que os lógicos designam por vogais, a saber:

a)     A universal afirmativa (A) : Todo homem
é mortal.

b)     A  universal negativa   (E) :   Nenhum
homem   é  puro espírito.

c)     A particular afirmativa (I) : Algum
homem é sábio.

d)     A particular negativa (O) : Algum homem
não ó sábio,

4.    Relação  dos termos do  ponto-de-vista   da  
extensão,  nas universais.

a)     Nas afirmativas  (A), o sujeito é
tomado em toda a sua extensão, mas o predicado é tomado apenas em
parte de sua extensão. "
O  homem é mortal" significa que o
homem é um dos mor tais, isto é, uma parte dos seres mortais.

b)     Nas negativas   (E),  o  sujeito  e o
atributo 
são tomados um e outro em toda a sua extensão: "Nenhum
homem é puro espírito" significa que o homem não é nenhum dos puros
espíritos.

Art.    III.    DA OPOSIÇÃO

18        1.
Noção. — Quando se tomam as proposições não já em si mesmas, mas em suas mútuas
relações, verifica-se que elas podem opor-se entre si de várias maneiras.
Definiremos então a oposição como a relação de duas proposições que, tendo
o mesmo mi jeito e o mesmo predicado, têm uma qualidade ou uma quantidade
diferente, ou seja, a um tempo, uma qualidade e uma quantidade diferentes.

2.    As diversas oposições. — São
em número de qualro.

a)    As proposições contraditórias. Chamam-se
contraditórias duas proposições que diferem ao mesmo tempo pela quantidade o pela qualidade: uma nega o que a outra afirma, sem que haja in termediário
entre a afirmação e a negação:

Todo homem é sábio (A).

Algum homem não é sábio (0).

b)     As proposições contrárias. Chamam-se
contrárias duas proposições universais que diferem pela qualidade:

Todo homem é sábio (A). Nenhum homem é sábio (E).

c)     As proposições sub contrárias. Chamam-se subcontrárias duas
proposições particulares que diferem pela qualidade:

Algum homem é sábio  (I). Algum homem não é sábio (O).

d)     As proposições subalternas. Chamam-se
subalternas duas proposições que só diferem em quantidade:

Todo homem é virtuoso (A). Algum homem é virtuoso 
(I). Nenhum homem é puro espírito (E). Algum homem não é puro espírito  (0).

Lei das oposições.

a)     Lei das contraditórias. Duas proposições
contraditórias (A e O, Ε
e I) não podem ser nem verdadeiras,
nem falsas ao mesmo tempo.
Se uma é verdadeira, a outra é necessariamente verdadeira,
a outra é falsa, a outra é necessariamente verdadeira.

b)     Leis das contrárias. Duas proposições
contrárias (A e E) não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo; se
uma é verdadeira, a outra é falsa. Podem, no entanto, ser falsas ao
mesmo tempo

Em matéria necessária (isto é, desde que o predicado seja da essência do
sujeito), duas contrárias não podem ser simultaneamente falsas. Pode-se,
então, concluir da falsidade de uma a verdade de outra.

 

c)     Lei das subcontrárias. Duas
proposições subcontrárias (I e O ) não podem ser falsas ao mesmo tempo. Mas
podem ser verdadeiras ao mesmo tempo

Em matéria necessária, duas subcontrárias não podem ser verdadeiras
simultaneamente, Pode-se, então, concluir da verdade de uma a falsidade de
outra.

 

d)        Leis das subalternas. Duas proposições subalternas (A e I, E e O) podem ser verdadeiras ao mesmo
tempo e falsas ao mesmo tempo, assim como uma pode ser verdadeira e a outra
falsa.

 

ART.    IV.    CONVERSÃO DAS PROPOSIÇÕES

 

1.     Natureza   da   conversão. — Seja   a  
proposição   seguinte:

"Nenhum círculo é quadrado". Podemos
enunciar a mesma verdade, invertendo
os termos, isto é, fazendo do sujeito, predicado, e, do predicado, sujeito:
"Nenhum quadrado é círculo". Desta forma convertemos a
primeira proposição, quer dizer, transpomo-la, por inversão dos extremos, em
uma outra proposição exprimindo a mesma verdade. A conversão pode então ser definida
como o processo lógico que consiste em transpor os termos de uma propondo
sem modificar a qualidade.

 

2.    Regra
geral da conversão
. — A proposição que resulta da conversão não deve afirmar
(ou negar) nada mais do que a proposição convertida. Portanto, ora a
quantidade da proposição não muda (conversão simples), ora, ao
contrário, há mudança de quantidade (conversão por acidente).

 

3.    Aplicações.

 

a)     A universal afirmativa (A) se converte
em uma particular afirmativa. Seja a proposição: "Todo homem é
mortal". Homem é universal, e mortal é particular (17).
Teremos então: "algum mortal é homem".

Esta proposição, como não se converte simplesmente,
não é recíproca. É necessário abrir exceção para o caso em que a universal
afirmativa
é uma definição. Neste caso, ela se converte simplesmente:
"O homem é um animal racional". "O animal racional é o
homem".

 

b)     A universal negativa (E) se converte
simplesmente,
porque os dois termos são aí tomadas universalmente (17) :
"Nenhum homem é puro espírito". "Nenhum puro espírito é
homem". Esta proposição é então recvproca.

 

c)     A particular afirmativa (I) se
converte também simplesmente,
quer dizer que ela é reciproca, porque
os dois termos são aí tomados particularmente: "Algum homem é sábio".
"Algum sábio é homem".

 

d)     A particular negativa (O) não pode
ser convertida regularmente.
Seja a proposição:  "Algum homem não é
médico"; não

se pode fazer do sujeito homem um atributo, porque ele tomaria uma extensão universal na proposição negativa: "Algum médico não é homem".
Mas podemos converter esta proposição por contraposição, isto é, acrescentando a particular negativa aos termos convertidos: "Algum homem não é médico"; "Algum não médico não é não homem"; isto é: "Algum não médico é homem"

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