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César senhor da Itália

Quando o partido aristocrático, com o qual Pompeu se reconciliara, o fêz cônsul único e o senado ordenou a César que licenciasse suas legiões, para o processarem uma vez indefeso, o vencedor da Gália negou-se a tal a menos que as legiões de Pompeu fossem igualmente dissolvidas, e pondo de lado toda discussão, marchou sem oposição sobre Roma, atravessando o Rubicon, limite da sua província administrativa, o que equivalia a uma declaração de guerra (49 a. C). Em 60 dias estava senhor da Itália, sem retaliações nem confiscos, retirando-se Pompeu para a Grécia com os magistrados e muitos senadores.

César na Espanha,na Tessália e no Egito

César foi primeiro pacificar a Espanha, surpreendendo os adversários pela sua clemência, dando-lhes a escolha entre servirem nas suas legiões ou irem em paz para suas casas, e foi depois atacar o rival na Tessália. Venceu-o em Farsália (48 a. C), apesar das forças duas vezes mais consideráveis que Pompeu levantara na Macedónia, e obrigou-o a fugir para o Egito, onde o rei Ptolomeu o mandou assassinar no desembarque para ser agradável a César, que no entanto condenou o crime. O triunfador romano seguira o seu inimigo até o Nilo, aí se deixando seduzir pelos encantos lendários de Cleópatra, cujo nariz se quer contudo agora depreciar, comparando-o desfavoravelmente com os modelos gregos. Cleópatra foi confirmada no trono, mas o Egito passou à dependência de Roma e César não se constituiu dela escravo.

imperador Justiniano I e pessoas de seu séquito. Detalhe de um mosaico do séc. VI d. C, na Igreja de San Vitale, Ravena.

fragmento de estofo do séc. VI d. C. Museu Profano, Vaticano, Roma.

Castelo na Palestina, construído pelos Templários.

A Caaba, no centro do pátio da mesquita, em Meca.

Outras campanhas vitoriosas na Ásia Menor, África e Espanha

Suas últimas campanhas foram fulminantes. Do Egito, onde o ataque às embarcações reais causou o incêndio da famosa livraria de Alexandria, a cuja admirável coleção de manuscritos se propagou o fogo ateado no porto, partiu para a Ásia Menor, desbaratando em cinco dias Farnaces, filho de Mitridates, que se rebelara (47 a. O, e redigindo por essa ocasião o famoso despacho ao senado: Veni, vidi, vici. Por via da Itália, já cônsul por cinco anos e tribuno, trasladou-se à África, onde se tinham congregado os velhos oligarcas que viam iminente a realeza de César. Na batalha de Tapso (46 a. C.) 50 000 mortos ficaram sobre o campo (a batalha de Farsália custara 15 000 mortos e 20 000 prisioneiros) e Catão suicidou-se em Utica para não sobreviver à república. César, já imperator, achou ainda tempo para ir debelar na Espanha uma revolta fomentada pelos filhos de Pompeu, ganhando a batalha de Munda, perto de Córdova, em que pereceram 30 000 homens (45 a. C).

O domínio de César

Só então se dispôs a recolher o galardão cívico de tantos sucessos militares. Senhor do mundo, não foi rei no nome, recusando outra coroa que não a de louros, mas o foi de fato, sendo sua estátua enfileirada com as dos sete primitivos reis de Roma, seu perfil estampado nas moedas, vestindo a púrpura, ostentando as insígnias do mando supremo e sobretudo concentrando em si todos os poderes e funções do Estado — ditador perpétuo, cônsul, censor, tribuno, pontífice máximo e imperator ou chefe militar. O senado ficou reduzido a um conselho de Estado, deixando César de atender aos seus pareceres; os comícios deliberavam sobre leis propostas por César, e César nem sequer os consultava para a eleição de magistrados, que passaram a ser funcionários nomeados.

César homem de Estado. Sua morte.

Seus planos de homem de Estado, que o foi César como seus dois êmulos na guerra e na paz, Carlos Magno e Napoleão, comportavam a unidade da república pela igualdade dos direitos e pela fusão política das populações e das raças. Para tornar o mundo romano, êle não só estendeu os privilégios de cidadão a populações não italianas, como abriu o senado a filhos de libertos e a bárbaros da Gália e da Espanha. Tais planos não puderam todavia ser inteiramente postos em execução, apenas indicaram a rota a seguir no futuro, porque em 44 a. C., a 15 de março, foi César morto a punhaladas no recinto do senado por um grupo numeroso de conspiradores, levados uns, como Cássio, pelo rancor e despeito, e outros, como Bruto, pelo sentimento republicano, enxergando no ditador perpétuo o destruidor das liberdades pátrias.

Os benefícios da administração suprema de César

Os inimigos de César tinham espalhado, entre outros boatos, que êle pensava em mudar a capital para Alexandria, ou para Tróia reconstruída. Fechavam entretanto os olhos a quanto êle conseguira fazer num tão curto prazo. Restringiu a distribuição gratuita de trigo aos necessitados e, para erguer moralmente a plebe, fazendo-a trabalhar nos campos, obrigou os proprietários a empregarem um terço pelo menos do pessoal livre. Empreendeu grandes trabalhos públicos de embelezamento e de utilidade, até dessecamento de pântanos. Modificou os escândalos provinciais, reduzindo as taxas e aliviando a cobrança, também nomeando diretamente os magistrados, que assim lhe ficavam diretamente responsáveis. Promulgou a célebre lex Julia municipalis, medida de descentralização pela qual foi equiparada a Roma a administração das cidades italianas e de cidades fora da península, cujos cidadãos, romanos muito embora nas regalias, nada tinham com os negócios que já se podiam chamar imperiais, tomando parte nos seus próprios comícios locais e não nos da capital.

A reforma do calendário

Reformou até o calendário. O ano, que era lunar, como o dos gregos, de 355 dias, intercalando-se um mês adicional, de extensão variável, cada dois anos, foi substituído pelo ano egípcio, solar, de 365 dias, com um ano bissexto cada quatro anos. O sistema juliano dá um excedente anual de 11 minutos e 14 segundos, determinando um erro de 7 dias em 900 anos, pelo que em 1582 o papa Gregório XIII novamente modificou o calendário, levando em conta a diferença já existente de 10 dias, de que se achava atrasado o equinócio da primavera. O 5 de outubro passou por esta reforma a ser 15. A Rússia e a Grécia não aceitaram contudo a correção gregoriana, motivo pelo qual a diferença entre as datas dos dois calendários é atualmente de 13 dias.

Os assassinos de César e o seu testamento

Cássio e Bruto estavam à testa do conluio que fêz tombar o grande César na idade de 56 anos; bem ao contrário do que esperavam os que proclamavam vingar a república, tiveram de fugir diante da indignação popular levantada pela palavra ardente de Marco Antônio no Fórum, em presença do cadáver ensangüentado que a pira ia consumir. Essa indignação não provinha tanto do horror pelo crime cometido, como do entusiasmo despertado pelas dádivas póstumas do ditador à plebe que diariamente o vitoriava. Pensa-se que Marco Antônio astutamente adulterou ad hoc o testamento de César, mas Otávio, seu sobrinho, filho adotivo e herdeiro, sustentou e fêz válidas aquelas liberalidades.

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