A AMÉRICA LATINA E SUA TRADIÇÃO HISTÓRICA

Oliveira Lima IMPRESSÕES DA AMÉRICA ESPANHOLA* A AMÉRICA LATINA E SUA TRADIÇÃO HISTÓRICA ** O Sr. Thomas C. Dawson, que foi por alguns anos o admirável secretário da legação americana em Petrópolis, obtendo como encarregado de Negócios o regime de favor de que gozam presentemente algumas das mercadorias do seu país, e a quem foi … Ler mais

A queda do imperador – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

 

 

I — A queda do imperador

O império do Brasil não gozou muito tempo da paz inalterada, que o final ajuste com a mãe-pátria, Portugal, parecia prometer; ainda enquanto estavam pendentes as negociações nesse sentido, já em dois lados diferentes apareciam germes de outras complicações externas.

Primeiramente, no remoto Oeste; ali, o presidente da província de Mato Grosso, Manuel José Araújo e Silva, ao que parece, por sua própria conta, havia-se aproveitado da oportunidade que oferecia a continuação da guerra civil e de independência das vizinhas províncias do Alto-Peru (Bolívia), para estender os limites de seu governo. Convidado por alguns partidários dos espanhóis, que não se conformavam com a nova ordem republicana de coisas, Araújo deixou-se induzir a ocupar militarmente o território de fronteira, Chiquitos, ex-espanhol, nos princípios de 1825, e fez então, em fins de abril, ao general-chefe do exército libertador do Alto-Peru, general Sucre, a participação oficial de que Chiquitos, em seguida a uma convenção honrosa e de conformidade com a vontade do povo, ficava incorporado ao império do Brasil; qualquer ataque feito a essa província, doravante sob a proteção do cetro imperial, seria repelido pela força das armas e ele saberia vingá-lo com a completa destruição da cidade de Santa Cruz de la Sierra (a cidade boliviana mais próxima).

Não era o general Sucre homem para deixar-se atemorizar por semelhantes fanfarronadas altissonantes; do seu quartel-general, em Chiquisaqua (11 de maio), respondeu ele à "arrogante e desaforada" nota do presidente provincial, com uma mensagem escrita, na qual declarava traição a rendição efetuada de Chiquitos, e a sua tomada de posse pelo Brasil, ofensa escandalosa ao direito internacional; também pagava na mesma moeda as ameaças; ao mesmo tempo, recebeu o comandante boliviano de Santa Cruz de la Sierra reforços, com a ordem de retomar o território de Chiquitos, por bem ou por mal.

Processo de independencia do brasil e Primeiro Reinado – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

 

CAPÍTULO XIV

A independência nacional

"Já podeis, da pátria filhos, Ver contente a Mãe gentil; Já raiou a Liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira, Longe vá temor servil! Ou ficar a Pátria livre, Ou morrer pelo Brasil!"

(Do Hino Nacional Brasileiro.)*.

Os acontecimentos dos últimos meses haviam abalado e transformado tão completamente a disposição constitucional interna dos reinos unidos de Portugal e Brasil, que, antes de prosseguirmos na nossa narração histórica, se torna absolutamente necessário recordarmos o estado atual das coisas políticas.

Um rápido golpe de vista bastará.

O antigo absolutismo pesava desde séculos sobre todo o desenvolvimento do Estado, pelo que tudo, até nos mais extremos ramos da administração, estava intimamente impregnado pela revolução, que irrompia repentinamente; e sobre os seus destroços devia surgir uma nova ordem constitucional de coisas, que tornasse possível ao povo tomar realmente parte nas mais diversas esferas da vida do Estado.

Semelhante missão não se resolve facilmente, nem depressa, pois para a sua resolução era ao mesmo tempo necessária uma regeneração do povo; de um lado, tanto como do outro do Atlântico, foi preciso que primeiro, durante anos, se travassem duros combates, antes que se firmassem seguros alicerces, e, para a geral satisfação, nada mais que as formas externas da nova Constituição; porém, sob essa estrutura, escondia-se ainda, especialmente nos círculos inferiores da vida do Estado, o antigo sistema inalterado.

"No Brasil continuava apenas o velho regime português".

A princípio, de fato, deu-se somente pouca atenção, no lado brasileiro, à parte liberal da nova organização do Estado; é que o antagonismo nacionalista, que lavrava entre ambos os povos irmãos, de aquém e de além-mar, a relegava ao segundo plano. Antes de tudo importava, pois, a posição política de ambas essas partes do reino, uma para com a outra.

* Os versos de Evaristo da Veiga colocados à guisa de moto neste capítulo e para os quais D. Pedro I escreveu a música, nunca tiveram o caráter de hino nacional brasileiro, pelo menos oficialmente. Ê possível, contudo, que, até o aparecimento do belo hino de Francisco Manuel da Silva, o que ocorreu para celebrar a abdicação do primeiro Imperador, em 1831, fosse, de fato, o hino de Evaristo-D. Pedro I freqüentemente tocado em cerimônias oficiais. Possível, escrevemos, porque nada há documentado a respeito. Atualmente essa composição é conhecida como Hino da Independendo. (O.N.M.).

 

As mudanças com a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro e os movimentos nacionais

Com isso ficava inteiramente sepultado o velho passado colonial; entre Portugal e Brasil não podia daí em diante ser mais questão das relações de Estado-filho com a mãe-pátria: agora eram dois reinos irmãos com igualdade de direitos!

Ao mesmo tempo, foi o Brasil reorganizado interiormente; até aqui, enquanto o ponto central do Estado era no exterior, em Lisboa, apenas havia unidade geográfica, formada de províncias estranhas entre si; agora porém fundiam-se estas províncias numa unidade política e achava-se o ponto central natural do Estado na própria capital do país, Rio de Janeiro, onde residiam o rei, a corte e o gabinete. Em suma, estava consumada a organização política do Brasil como reino autônomo, e a ligação política existente com Portugal não significava mais que uma união pessoal indissolúvel, sob um monarca absoluto.

Definição do Território do país – História do Brasil

Enquanto a disputa a respeito de Sacramento e da margem norte do rio da Prata, durante sessenta anos, inquietou os gabinetes dos dois reinos e toda a diplomacia européia, com os seus altos clamores, ficando, entretanto, sem resultado algum digno de nota, obtinha a própria colonização brasileira, em outros lugares, às caladas, o maior sucesso e tomava aos espanhóis as terras do coração da América do Sul.

Primeiramente: prosseguindo da foz do Amazonas, rio acima, já ela havia alcançado o curso superior desse rio, quando ali encontrou os primeiros precursores da colonização espanhola (cerca de 1700). Foi um jesuíta alemão, Samuel Fritz, membro da missão de Quito, autor do primeiro mapa autêntico da bacia do Amazonas; estava ele justamente ocupado nos trabalhos preparatórios para esse efeito, no levantamento do curso do rio, quando foi apanhado, como espião espanhol, pelo diretor de uma colônia avançada brasileira. Posto em liberdade ao cabo de dois anos de prisão, nos seus últimos anos trabalhou com sucesso na conversão entre os índios do Alto Amazonas e estabeleceu uma das tribos de índios mais bravos em torno da cruz da sua missão, na região da atual aldeia de Olivença.

Depois de sua morte, ficaram as novas missões sob a direção dos irmãos da ordem de Cristo, portanto, sob a soberania espanhola; porém, em breve, elas foram ultrapassadas pela colonização brasileira que avançava, e no ano de 1708, durante a guerra de sucessão espanhola, mandou o capitão-general do Pará avisar aos missionários espanhóis que se retirassem do território brasileiro.

A DESILUSÃO DO REGRESSO – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPÍTULO XXX A DESILUSÃO DO REGRESSO   Dom João VI, quando mesmo não possuísse inteligência política, tinha sobrada experiência de governo para deixar de reconhecer que, na história da monarquia portuguesa, o momento não podia ser mais de resistência, antes era de concessões. Quando muito lhe seria … Ler mais

A CULMINÂNCIA DO REINADO – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPITULO XXIII A CULMINÂNCIA DO REINADO   Nenhum resumo mais entusiástico nem redigido em mais bela lingua­gem se poderia tentar da obra de Dom João VI no Brasil do que a elogiada oração do acadêmico Garção Stockler,744 delegado pela Academia Real das Ciências de Lisboa para falar … Ler mais

A DIPLOMACIA ESTRANGEIRA NO RIO. CALEPPI E BALK-POLEFF – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Marechal deodoro da fonseca

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPITULO XXI A DIPLOMACIA ESTRANGEIRA NO RIO. CALEPPI E BALK-POLEFF A mudança da corte portuguesa para o Rio de Janeiro implicara naturalmente a mudança do corpo diplomático acreditado junto à mesma em Lisboa, e quando viessem mais tarde agentes para junto da regência, como esteve algum tempo … Ler mais

A DIPLOMACIA DE PALMELA NA QUESTÃO DE MONTEVIDÉU – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPITULO XVII A DIPLOMACIA DE PALMELA NA QUESTÃO DE MONTEVIDÉU A melhor parte da primeira missão diplomática de Palmela em Londres foi dedicada à questão de Montevidéu, da qual entretanto tratava em Madrid o seu antigo companheiro do Congresso de Viena Saldanha da Gama554, ali acreditado a … Ler mais

A CORTE DO RIO, O GABINETE DE MADRI E AS POTÊNCIAS MEDIANEIRAS DA EUROPA – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPÍTULO XVI A CORTE DO RIO, O GABINETE DE MADRI E AS POTÊNCIAS MEDIANEIRAS DA EUROPA É um problema a resolver até que ponto a Espanha e Portugal, mesmo independente da pressão contrária das grandes potências, ansiosas pela manutenção da legitimidade mais avessas à reabertura dos conflitos … Ler mais

A CONQUISTA DA BANDA ORIENTAL E OS INSURGENTES DE BUENOS AIRES – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPITULO XV A CONQUISTA DA BANDA ORIENTAL E OS INSURGENTES DE BUENOS AIRES A ocupação da Banda Oriental foi o maior desforço, e desforço tomado pelo príncipe regente e seus conselheiros em oposição a toda a Europa, mesmo contra o aliado inglês, do que Portugal deixara de … Ler mais

A REGÊNCIA ESPANHOLA – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

Dom João VI no Brasil de Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPÍTULO VIII A REGÊNCIA ESPANHOLA Na Península Ibérica, ou com mais propriedade no cantinho a su­doeste onde se havia refugiado, longe do fragor das armas francesas e in­glesas, a soberania nacional, agitaram-se pelas causas as mesmas influên­cias durante todo o tempo em que na América se urdiam … Ler mais

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

grito-do-ipiranga

Na viagem de volta para o Rio, depois de ter cumpri­do satisfatoriamente sua ação
pacificadora, recebeu de Paulo Bregaro, correio da Côrte, nas proximidades do riacho Ipiranga, na cidade de São Paulo,
notícias alarmantes que lhe transmitiam D. Leopoldina e José Bonifácio. Soube assim D. Pedro de novos decretos das
Côrtes: nomeava-se novo ministério para o Príncipe e responsabilizava-se tôda ad­ministração de José Bonifácio,
mandava-se processar os membros da junta de São Paulo signatários do manifesto do Fico a D. Pedro; declarava-se
nulo o decreto do Regente que convocara o Conselho dos procuradores gerais das pro­víncias, além de
outras sérias medidas repressoras. D. Leopoldina e José Bonifácio recomendavam-lhe que processasse
a independência o mais cedo possível; sanguíneo, revoltado, D. Pedro reuniu-se à guarda de
honra que o acompanhava e, arrancando os laços de cores portuguesas, bradou:

"Laços fora,
soldados! Camaradas, as Côrtes de Lisboa
querem mesmo escravizar o Brasil: cumpre, portanto, declarar a sua independência. Estamos definitivamente
separados de Portugal".

AS INTRIGAS PLATINAS – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

CAPITULO VII

AS INTRIGAS PLATINAS

É fora de dúvida que Dom João VI esteve a começo de acordo com o
projeto que teria a dupla vantagem de livrá-lo da presença nefasta da mulher, enxotando-a com
todas as honras para Buenos Aires e com ali entronizá-la dando aplicação à
sua daninha atividade, e ao mesmo tempo estender com essa parceria distante a sua
importância dinástica, pois que no futuro o império hispano-americano, arredado da
solução da independência, a qual para mais era contagiosa e poderia propagar-se ao Brasil,
reverteria para a sucessão de Dona Carlota, que era a sua própria. Não contaria ele com tamanha
resistência do governo britânico, mais propenso a favorecer a emancipação das
possessões espanholas, aos projetos de Dona Carlota Joaquina, nascidos da justa
persuasão de que o domínio colonial da Espanha tinha entrado em franca
desagregação e que mais valia conservá-lo para uma nova dinastia Bourbon-Bragança do
que abandoná-lo ao vórtice
republicano.

A RAINHA DONA CARLOTA – Capítulo VI – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

CAPÍTULO VI A RAINHA DONA CARLOTA A simples menção deste nome traz à imaginação um cortejo de caprichos dissolutos e de intrigas políticas. Um dos maiores, senão o maior estorvo da vida de Dom João VI foi certamente a rainha que os interesses dinásticos, então mais identificados com os políticos, lhe tinham dado por esposa … Ler mais

Capítulo II – A ILUSÃO DA CHEGADA. O QUE ERA A NOVA CORTE – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima CAPÍTULO II A ILUSÃO DA CHEGADA. O QUE ERA A NOVA CORTE O desembarque da família real portuguesa no Rio de Janeiro, aos 8 de março de 1808, foi mais do que uma cerimônia oficial: foi uma festa popular. Os habitantes da capital brasileira corresponderam bizarramente às … Ler mais