A FORCA E O DIABO – conto mexicano antigo

México

Neste conto, que o povo faz passar de geração a geração, vemos que também no México a região do lendário sofre, antes de tudo, a imposição do horror ao crime, das angústias do remorso, e do castigo final.

A FORCA E O DIABO

QUANDO o cavalheiro espanhol Don Carlos Orazábal chegou ao México, — e isso se passou há muitos e muitos anos, — instalou-se numa casa grande e antiga,

O TIGRE DAS MONTANHAS KUMGANG – Conto coreano de animais fabulosos

Coreia

Pertence esta história ao tesouro onde existem muitas outras, contadas "pelos avós aos seus netos acomodados sobre os soalhos aquecidos dos lares coreanos, nas horas de rigoroso inverno, quando os ventos carregados de neve esbravejavam lá fora… Histórias que incontáveis gerações de crianças da Coréia têm escutado, entre lágrimas e risos, jamais cansadas de dar ouvidos às repetições…"

O TIGRE DAS MONTANHAS KUMGANG

HOUVE um tempo em que ali vivia um famoso atirador e caçador. Era tão bom atirador, que podia derrubar qualquer pássaro no vôo, quase sem fazer pontaria. Corças e javalis não eram o suficiente para aquele caçador, desde que entrassem no campo de mira de sua espingarda. Jamais se soube que ele falhasse um tiro.

O TAUMATURGO DAS PLANÍCIES – fabulas da africa

Africa

A primeira história é das mais interes-santes entre as que correm, de geração em geração, na tribo banto, que habita os distritos de Lourenço Marques, Gaza e Sofala, em Moçambique, cujos membros têm o nome de Ba-Rongas. Sua língua é o xironga, vulgarmente chamada landim.

A segunda, igualmente passada entre os bantos, mostra que ali, como em toda parte, o ciúme, o arrependimento e o castigo são temas favoritos das histórias populares.

O TAUMATURGO DAS PLANÍCIES

ERA UMA VEZ um homem e uma mulher que tiveram primeiro um filho, depois uma filha. Quando foi pago pela jovem o resgate da esposa, e ela casou-se, os progenitores disseram ao filho:

— Temos um rebanho, do qual poderias dispor. Agora já é tempo de que te cases. Escolheremos para ti uma esposa agradável, que seja filha de gente de bem.

HANASAKA-JIJI – O velho que fazia florescer as árvores mortas

HANA-SAKA-JIJII

(O homem que fazia desabrochar as árvores mortas)

MUITO, muito tempo, havia um bom velhinho e sua esposa, que tinham como companhia um cão muito estimado por eles. Um dia, aquele cão foi para o jardim, e ali começou a latir e a sacudir a cauda em determinado ponto, insistentemente. Os velhinhos puseram-se a cavar ali e encontraram ouro e prata e muitas outras coisas preciosas.

A FESTA DAS LANTERNAS (CHINA)

China

A dificuldade, com a velha China, está na escolha da história popular a contar, tão rico é o manancial que ela possui. Neste conto, onde o simbolismo da eterna luta do homem para alcançar a imortalidade está bem patente, há elementos que estamos vendo repetir na moderna ficção–cientifica, como o da "viagem através do tempo", seja ela para o futuro ou para o passado. Aqui, atirado ao futuro, Wang-Chi chorava seu passado perdido…

A FESTA DAS LANTERNAS

WANG-CHI era um lenhador, cuja pobreza não o impedia de considerar-se muito feliz, em companhia de sua mulher e de seus filhos, um menino e uma menina.

A LENDA DE KALANG – Ilha de Java

Ilha de Java

Na Ilha de Java não faltam os relatos heróicos, ou as histórias de metamorfoses miraculosas, que o povo repete de geração em geração, tanto mais fiel a esse culto do maravilhoso quanto ainda as crendices e superstições não foram totalmente desarraigadas pelo islamismo, que ali se instalou. A Lenda de Kalang, com seu conteúdo simbólico, é uma das mais expressivas entre as que formam o patrimônio do conto popular entre aquele povo. E não se notará nela um certo sabor edipiano?

A LENDA DE KALANG

FIGURAM nesta narrativa:

Prabu Mundingkawati, príncipe de Galuh.

Tyelenggumalung, javalina, na qual foi engendrada Devi Sepirasa.

Devi Sepirasa, filha da anterior, dama da corte e depois esposa do cão Blangwayungyang. Blangwayungyang.

A HISTÓRIA DOS QUATRO BRÂMANES LOUCOS – conto Paña da Índia

Os párias, infelizes rebotalhos humanos, homens sem casta, intocáveis, votados à mais vil degradação, nem por isso deixaram de ter seu poeta, tão excepcionalmente grande que mesmo pelos brâmanes era chamado Tiruvaluva, o Divino Pária. Outros párias, desconhecidos, também contaram as lendas e desgraças de sua gente, coisas que a tradição oral conservou, e acabaram sendo recolhidas por estudiosos dos costumes e povos da índia. A História dos Quatro Brâmanes Loucos é uma sátira, onde, rindo, os párias exercem sua vingança contra a casta "salda da cabeça do deus". Não nos consta que antologias dedicadas ao conto hindu tenham recolhido a história que aqui damos.

CONTO DOS DOIS IRMÃOS – Egito

Egito

É um conto popular, ingênuo e simples, que transcreve, provavelmente, uma lenda religiosa dos deuses Anúbis e Bata, adorados na cidade Saka, do Alto Egito. O conto pertence à época do Império novo e acha-se no papiro de Orbiney, descoberto em 1852 por de Rougé. O papiro está assinado pelo escriba Ennana, que viveu sob os reis Mer-en-ptah e Setos I, nos fins da 19.a dinastia (1220 A. C).

CONTO DOS DOIS IRMÃOS

ERA UMA VEZ dois irmãos, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. O mais velho chamava-se Anúbis e o menor Bata. Anúbis tinha casa e esposa, e seu irmão vivia com êle como se fosse um filho. Fazia as roupas, guardava o gado, trabalhava e colhia, e se encarregava de todas as tarefas do campo. Aquele irmão menor era bom lavrador, sem igual em toda a região, e a força de um deus nele se albergava.

EL CID, O CAMPEADOR

Espanha

Rodrigo Diaz, chamado de Bivar, é figura que se inclina tanto para a realidade como para o domínio da lenda. Cid, corruptela de seyyd, palavra árabe significando "senhor", foi o nome com que ficou em ambos os planos. Herói espanhol na luta contra os mouros, fêz-se o campeão do Cristianismo e, como tal, deu origem a copiosa produção literária, na qual figura, com repercussão universal, a tragédia CID, de Cor-neille, escrita em 163G.

CID, O CAMPEADOR

RODRIGO DIAZ, chamado o Cid, abandona o domínio de Bivar, já que seu senhor, Afonso VI, rei de Castela e Leão, o desterra. Muitos serviços prestou, bom vassalo que sempre foi, e leal, mas aos ouvidos do monarca tiveram mais crédito as insídias de alguns cortesãos do que a lembrança de tantas terras ganhas, das muitas riquezas obtidas pelo braço do nobre cavalheiro.

O Cid deixa, assim, o solar de Bivar. Seguem-no os seus, pois ninguém quis permanecer ali. Bivar fica ermo, o palácio com as portas abertas e os postigos sem cadeados. Vazios ficam os cabides onde antes se penduravam mantos e peles.

A história de Romeu e Julieta

Itália

Em -parte alguma do mundo seria necessário explicar a origem de Romeu e Julieta, os infelizes amantes de Verona. Antes, porém, que o gênio de Shakespeare se apoderasse da história que corria na boca do povo humilde, e dela fizesse o monumento literário que conhecemos, era assim, singelamente, que se passava de pais a filhos a triste história das jovens vítimas que redimiram, com o seu amor imortal, a longa herança de sangue e de ódio que lhes roubou a vida.

ROMEU E JULIETA

COMPRIDA é a história dos ódios entre os Capuleti e os Montecchi. Tais ódios ti nham origem em qualquer remota afronta; talvez um homicídio. Era uma série jamais acabada de encontros, punhaladas, duelos, espadas em punho…

FOMÁ BERÉNNIKOV – Conto Popular Russo

FOMÁ BERÉNNIKOV

ERA UMA VEZ uma velhinha que morava com seu filho Fomá Berénnikov. Um dia o filho foi arar o campo. Seu cavalo era um pobre rocim, magro e fraco, e o triste Fomá, desesperado de fazê-lo trabalhar, acabou sentando-se sobre uma pedra.

O CORREDOR VELOZ – Conto Popular Russo

Rússia

A pujança da imaginação popular russa é soberba. Lendas, sagas, contos, os chamados "skakzki" formam um fabuloso patrimônio daquele povo. Os contos que aqui damos são dos mais repetidos, de pai para filho, e o do "Peixe de Ouro", que tem sua versão em quase todos os povos, mereceu de Pushkin um belíssimo poema.

O CORREDOR VELOZ

ERA NUM REINO muito longínquo, fazendo limite com uma cidade onde havia um pântano bastante extenso. Para entrar e sair da cidade fazia-se necessário seguir uma estrada tão comprida que, percorrida a passo rápido, três anos seriam gastos para se fazer a volta ao pântano, e, se a marcha fosse lenta, mais de cinco se gastariam.

A LENDA DE LA SARRAZ

Suíça Toda a tortura inenarrável de viver, viver, viver, sem poder fugir, entretanto, à decadência física e à solidão afetiva e mental, está palpitante nesta lenda que tem início na Suíça, em um castelo todo de pedra… A LENDA DE LA SARRAZ NUM CASTELO da Suíça vivia outrora opulento senhor, chamado o barão de La … Ler mais

Uma lenda do Popol-Vuh (Livro Sagrado Maia – Guatemala)

Uma lenda do Popol-Vuh (Guatemala)

os AVÓS

ENTÃO não havia gente, nem animais, nem árvores, nem pedras, nem nada. Tudo era terra agreste, desolada e sem limites. Sobre as planícies o espaço jazia, imóvel, enquanto que, sobre o caos, descansava a imensidade do mar. Nada estava junto nem ocupado. O de baixo não tinha semelhança com o de cima. Coisa alguma via-se de pé. Sentia-se apenas a tranqüilidade surda das águas, que pareciam despenhar-se no abismo. No silêncio das trevas viviam os deuses chamados: Tepeu, Gucumatz, e Hurakan, cujos nomes guardam os segredos da criação, da existência e da morte, da terra e dos seres que a habitam.

OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES, O HERÓI TEBANO

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES, O HERÓI TEBANO (MITOLOGIA GREGA)

HÉRCULES, ou Alcides, filho de Júpiter e Alcmena, estava ainda no berço quando Juno, sua inimiga, enviou duas serpentes para devorá-lo. Mal ele as percebeu, agarrou-as com as suas mãos infantis, e sufocou-as.

Vários mestres teve Hércules: com Eurito aprendeu a manejar o arco, com Castor a combater todo armado, com Autólico a conduzir um carro de guerra, com Lino a tocar lira e a cantar. Confiado, a seguir, ao centauro Quíron, tornou-se o homem mais valente e mais famoso de seu século.

O ruído de sua fama depressa chegou aos ouvidos de Euristeu, rei de Micenas, ao qual Hércules, por um decreto da Sorte, encontrava-se submetido. A Sorte declarara "que aquele dos dois príncipes que nascesse por último, obedeceria o outro", e Juno, que detestava a família de Hércules, fêz avançar de dois meses o nascimento de Euristeu.

BEOWULF – Lenda medieval escandinava

Dinamarca

BEOWULF

DESDE os tempos mais remotos transmite-se de geração em geração, no povo que habita as margens do mar do Norte, a misteriosa lenda de um herói que arribou às praias sendo ainda uma criança, trazido pelas águas sobre um escudo que fora cheio de palha, tal como um berço. Ali cresceu o jovem, e com o tempo chegou a ser um valente guerreiro, tão poderoso que fundou um reino, o qual não tardou a superar em prosperidade e grandeza todos os países do Norte.

INGEBORG E HIALMAR (Um mito da Suécia)

INGEBORG E HIALMAR (Um mito da Suécia)

HIALMAR, o herói descendente dos Vetars, tinha feito um pacto de fraternidade com Orrar Oddur, o Viking.

Juntos se haviam apresentado ao rei de Sigtune, Ané, prometendo-lhe fidelidade absoluta.

O rei Ané tinha uma filha chamada Ingeborg, que amava secretamente Hialmar, e sentia-se desgraçada porque acreditava que o herói não reparara em sua beleza. Estava, porém, enganada, pois que também Hialmar a queria, embora jamais tivesse confessado seu amor.

PÍRAMO E ISBE

Mito antigo da Babilônia, uma das fontes para a história de Romeu e Julieta de Shakespeare, a história do amor impossível de dois jovens apaixonados.

Píramo era o mais belo jovem e Tisbe a mais formosa donzela de toda a Babilônia, onde Semíramis reinava. Seus pais ocupavam casas vizinhas, e a vizinhança aproximou os dois moços. O conhecimento amadureceu, fazendo-se amor.

JOÃO-QUE-MAMOU-NA-BURRA – Conto Popular das Ilhas de Cabo Verde

ILHA DO FOGO

das Ilhas de Cabo Verde

Esta divertida história, que tem, para nós, sabor tão interessante, de vez que nos coloca diante de um linguajar onde encontramos o lusitano e o negro, — base e fulcro de nossa nacionalidade, — é contada na Ilha do Fogo, uma das Ilhas Portuguesas de Cabo Verde.

ADIMA E HEVA – Prasada, ou o Poema dos poemas, dos Brâmanes

ADIMA E HEVA, temos a poética tradição dos Brâmanes sobre o assunto, tal como no-la conta o Prasada, ou o Poema dos poemas.

ADIMA E HEVA

A TERRA estava coberta de flores, as árvores vergavam ao peso dos frutos, milhares de animais folgavam pelas planícies e nos ares, os elefantes brancos passeavam pacificamente à sombra das florestas gigantescas, e Brama compreendeu que viera o momento de criar o homem que devia habitar aquele local.

GÊNESIS MALÁSIO – Maravilhas do conto mitológico

GÊNESE MALAIA

ANTES de todas as coisas existiam dois deuses: Ompong Batara Guru diatas, deus do céu, e Ompong Debata di-toru, senhor do inferno. Este último tinha uma filha formosíssima, que estava casada com Batara Guru, e vivia com êle em seu reino de nuvens.

O casal celeste levava uma vida esplêndida, mas sua felicidade não era completa, pois havia quatro anos estavam casados, e não tinham filhos. Aquilo os afligia muitíssimo, e tanto que decidiram renunciar à sua resplandecente existência e viver como os humildes ermitãos penitentes.

Para tanto, abandonaram seu palácio, muito pobremente vestidos, e levando apenas algumas ferramentas de trabalho e um pouco de arroz, para se alimentarem. Seu propósito era levantar uma choça à beira do mar.

O AVÔ – lenda da Mitologia Estoniana

A Origem do Homem lenda da Mitologia estoniana (Estônia)na

 

O AVÔ

O AVÔ vivia lá em cima, no céu, entre as estrelas e atrás da lua. O Avô era sábio, forte e bom, mas era velho, e às vezes sentia-se cansado.

O Avô criou os Kalevs para ajudá-lo. Havia muitos Kalevs, e eram seres gigantescos. Viviam juntos, como irmãos e irmãs, e ajudavam o Avô no que se fazia necessário.

O Avô disse aos Kalevs: "Resolvi criar o mundo".

Os Kalevs responderam: "O que decidistes, em vossa sabedoria, não pode ser mau".

O CAVALEIRO VERDE – Contos e Lendas Medievais

Inglaterra

O CAVALEIRO VERDE

Este célebre conto, contemporâneo dos romances de Cavalaria, e passado na Corte do Rei Artur, tem sido, segundo Schröer, autor de uma História da Literatura Inglesa, considerado "uma pérola da literatura romântica medieval, pois, embora a questão das fontes e dos possíveis modelos ainda sejam problemas sem solução detalhada, não há dúvida alguma quanto ao valor artístico da sua estruturação, de seus motivos, e das descrições tão cheias de vida. É poema que ainda hoje pode ser lido e relido, sem que o interesse do leitor diminua."

Nas antologias do conto inglês este trabalho aparece sob a indicação de Tradicional.

QUANDO Artur era rei da Bretanha e assim reinava, aconteceu, em certa estação invernosa, que êle realizasse em Camelot sua festa de Natal, com todos os Cavaleiros da Távola Redonda, durante quinze dias completos. Tudo era alegria, então, nos vestíbulos e nos aposentos, e quando chegou o Novo Ano foi recebido com grande regozijo. Ricos presentes foram dados, e muitos fidalgos e fidalgas tomaram lugar à mesa, onde a Rainha Guinever sentava–se ao lado do rei, e ninguém jamais vira senhora tão formosa diante de si. Mas o Rei Artur não quería comer nem sentar-se por muito tempo, enquanto não tivesse testemunhado alguma aventura prodigiosa. A primeira iguaria foi servida sob o soar das trombetas, e diante de cada hóspede colocaram doze pratos e vinho brilhante, para que de nada carecessem.

OS NIBELUNGOS – Mitologia Nórdica

OS NIBELUNGOS

O RENO corre entre risonhas terras de vinhedos, e dizia-se que guardava ouro em seu leito. Entretanto, ninguém fora fazer a experiência, e aquilo mais parecia falatório de velhas crédulas, ou invenção de loucos e jograis. Um ser havia na terra, apesar disso, para o qual aquele ouro era uma obsessão. Tratava-se de um dos anões, chamados NIBELUNGOS, que moravam numa selva próxima do rio, e mostravam-se hábeis em trabalhos de forja. Seu nome era Alberico.

MITO DE OSÍRIS E ISIS – Mitologia Egípcia

Egito

MITO DE OSÍRIS E ISIS

Osíris e Ísis foram induzidos a descer sobre a terra, a fim de espalhar dádivas e bênçãos sobre os seus habitantes.  Isis ensinou-lhes, primeiro, o uso do trigo e da cevada, e Osíris fez os instrumentos de agricultura e ensinou aos homens como usá-los, assim como atrelar o boi ao arado.

Depois, deu leis aos homens, a instituição do casamento, uma organização civil, e explicou-lhes como deviam adorar os deuses.

Tendo, assim, feito do vale do Nilo uma região feliz, reuniu uma hoste, com a qual foi distribuir suas bênçãos ao resto do mundo. Conquistou nações por toda a parte, mas não com armas, apenas com música e eloqüência. Seu irmão, Tifão, viu aquilo, e encheu-se de inveja e malícia, procurando, durante sua ausência, usurpar-lhe o trono. Isis, porém, que mantinha as rédeas do governo em suas mãos, frustrou-lhe os planos.

Ainda mais amargurado êle resolveu matar o irmão, o que fêz da seguinte maneira:

João de Barros Falcão de Albuquerque Maranhão

João de Barros Falcão de Albuquerque Maranhão (1807-1882). — Foi um tipo singular este. Idealista, fantástico, alimentou-se de quimeras durante sessenta anos.

Descendente de uma das mais antigas e ilustres famílias pernambucanas, nasceu Barros Falcão em 1807, ao que presumo. Espírito móbil e entusiasta, os movimentos revolucionários de 17 e 24 deixaram nele uma impressão indelével. A. república tornou-se para o jovem irrequieto um sonho de todos os momentos.

José Maria do Amaral.

Silvio Romero – História da Literatura Brasileira (ebook por capítulos)

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TRANSIÇÃO

POETAS DE TRANSIÇÃO ENTRE CLÁSSICOS E ROMÂNTICOS (continuação)

 

José Maria do Amaral. — Nascido em 1812,. foi diplomata e monarquista conservador, e muito mais tarde republicano extremado. Este ilustre velho, falecido em 1885, espalhou o seu pensamento por diversos jornais e periódicos. Desde os tempos da Regência foi mais ou menos assíduo na imprensa: o Correio Mercantil, o Correio Nacional, o Espectador da América do Sul, a Opinião Liberal, o Jornal da Tarde, o Globo, publicaram artigos seus. Além de jornalista político, foi poeta. Não deixou livros impressos.

Homem de espírito inquieto e paixões ardentes, passou por muitas tempestades.

O que havia de tumultuário em sua alma tomou a forma de paixão política. Daí certa animação de seu estilo na prosa dos artigos jornalísticos. O que nele havia de doce e amorável exalou-se num lirismo suave e meigo.

Firmino Rodrigues Silva e Álvaro Teixeira de Macedo – Literatura Brasileira

Silvio Romero – História da Literatura Brasileira (ebook por capítulos)

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TRANSIÇÃO

POETAS DE TRANSIÇÃO ENTRE CLÁSSICOS E ROMÂNTICOS (continuação)

Firmino Rodrigues Silva (1816-1879). — A literatura do Brasil é em grande parte, na máxima parte, uma colaboração de vadios, ou de infecundos.

Nas páginas de sua história há de figurar sempre e sempre um grande número de sujeitos que deixaram três ou quatro poesias, três ou quatro artigos de prosa, e nada mais.

Entre nós há tal poeta, cujo título de benemerência é uma só poesia. Odorico Mendes é o poeta do Hino à Tarde; Rodrigues Silva é o poeta da nênia Niterói. Como riscar este homem de nossa história literária, se sua produção maitresse é um dos mais saborosos frutos da poesia nacional?

Firmino Rodrigues Silva era fluminense, nasceu no ano de 1816. Estudou Direito em São Paulo, formando-se em 1837. Atirou-se à política, foi jornalista de algum mérito, ainda que inferior a Justiniano da Rocha. Era conservador e acabou senador do Império.