A RAPOSA E O MOCHO e A Raposa e o GALO – Fábulas de Animais

Muito conhecida nos fabulários de Portugal e Brasil, onde o mocho é substituído pelo canção (Cyanocorax cyanoleucus). Nas versões espanholas de León e Ávila, colhidas pelo prof. Au relio M. Espinosa ("Cuentos Populares españoles", III, números 258 e 259) o alcaraván escapa fazendo o zorra gritar: Alcaraván comi! Aoredor do tema, o animal captor persuadido que deve falar, deixa a vitima fugir, há longa biblio grafia, variantes estudadas em vários folclores K 561.1 no "Motif-Index" de Stith Thompson encontrando-se em Chauvin, como de origem ábe, no velho poeta inglês Chaucer (segundo Robinson), entre os negros americanos, Cab Verde, Jamaica, Hotentócia. Maior indicação de fontes na relação que acompanha os "motivos" Mt. 6, (o animal preso pergunta ao captor a direção do vento); Mt. 122 (o lobo perde a presa que lhe pediu para que examinasse o passaporte, etc; que o olhasse de face, que cantasse, etc): uma pausa para orar, Mt. 227. É corrente em toda Europa nessas diferentes modificações.

O POTE DE AZEITE – Poema de Gil Vicente

Gil Vicente, Auto de Mofina Mendes, representado ante elrei dom João III, nas matinas do Natal, na era do Senhor, 1534. Obras de Gil Vicente, dirigida pelo prof. Mendes dos Remédios, I, 13-14, Coimbra, 1907.

Gil Vicente, o primeiro folclorista de Portugal e o maior documentário vivo da etnografia portuguesa, retirou, naturalmente da tradição oral, o tema da Mofina o seu pote de azeite, 144 anos antes que La Fontaine (1678) divulgasse La laitière et le pot au lait. Sua universalidade, literária e popular, constituiu assunto de uma aula de Max Muller no Instituto Real, em 3 de Junho de 1870, Sur la migration ães fables, tradução francesa de Georges Perrot, Essais sur la Mythologie Comparée, Paris, 1874, 417-467. Da índia, com o Panchatantra, aparece o brâmane Svabhâvakripana partindo o pote de arroz na, suposição de castigar o filho hipotético, depois de enriquecer e casar-se magnificamente. Passa ao Hitopadexa, onde o brâmane Devaxar-man espatifa a escudela de farinha e mais os vasos do oleiro em cuja casa descansava, sonhando disciplinar suas quatro esposas, fabula VII, Sandhi, na versão portuguesa de mons. Sebastião Rodolfo Dalgado (Lisboa, 1897, 233). A mesma estória figura na tradução do "Panchatantra" que Barzúyeh fez do sânscrito para o pehlvi, denominando sua seleção de contos Kalila e Dimna, no século V. No século VIII Abdal-lah-ibn-Almokaffa verteu o Kalila e Dimna para o árabe. Continua um religioso a quebrar seu pote, desta vez cheio de óleo, querendo punir um problemático filhinho. Em 1250, o Kalila e Dimna, também chamado Fabulas de Bidpai. veio do árabe para o hebreu, por um judeu Joel. Desta tradução hebraica, nasceu o livro de outro judeu, João de Capua, de 1263 a 1278, Directo-rium humanae vitae alias Parabolae Antiquorum Sapientum, tornando familiar e querido aos leitores ilustres no correr do século XIII. É um eremita que rebenta a vasilha de mel, planr jando fortunas e desejando educar, à força do bastão, um filho recalcitrante: percutiam eum isto bacio et erecto báculo aã percutiendum per-cussit vas mellis et ipsum et defluxit mel super caput ejus. Não interessa, à espécie portuguesa e brasileira, a extensa bibliografia alemã, latina, francesa, italiana, toda irradiante dos volumes citados. Os castelhanos tiveram um Calila é Dymna em meiados do século XIII, feita ou mandada fazer por dom Afonso, o Sabio, em 1251. Outra versão castelhana é o Exemplaria contra los enganos y peligros dei mundo, Burgos, 1493, I vulgarizando o título para Cadyna Dyna, Dina, y Cadina, repetido nos versos do Cancioneiro de Baena. É dessa época o Livro do Conde Luca-nor, de dom João Manuel, coleção de 51 "enxem plos", a maioria tradução ou adaptação do Directorium humanae vitae e que figurava na livraria del-rei dom Duarte. No Conde Lucanor (VII) já o religioso é substituído por Dona Tru-hana, que vai vender um pote de mel e parte a bilha, vendo-se imaginariamente rica, poderosa, cercada de filhos e noras amáveis.

Ao lado dessa corrente cultural borbulhava a estória contada de geração a geração, na força impetuosa da oralidade, trazida por mil modos, traficantes, contrabandistas, cruzados, manuscritos desaparecidos, sermonários, etc. (CASCUDO

Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.

O pajem da Rainha

Padre Francisco Saraiva de Sousa, Báculo pastoral de flores de exemplos colhidos de varia e authentica historia espiritual sobre a Doutrina Christã, Officina de Antonio Pedroso Galrão, Lisboa, 1657, 1, 148. Há um resumo clareado por Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Portuguez, II, 174, edição de 1883.

Puymaigre, analisando o livro de Lecoy de la Marche, Anecdotes historiques, legendes et apologues tirés du recueil inédit d’Etienne de Bourbon, Paris, 1881, comentou o tema do exemplo acima transcrito. Etienne de Bourban era dominicano e contemporâneo de Luis IX, São Luis de França, 1215-1270. Já encontrou popular a lenda, registando-a, talqualmente a conhecemos. Schiller aproveitou-a numa balada famosa, Der Gang nach dem, Eisenhammer, onde um pajem do conde de Saverne, invejado por seu companheiro Roberto, é mandado perguntar a uns ferreiros se já cumpriram as ordens do senhor, senha para ser arrojado aos fornos. Fridolino, o pajem, fica ouvindo uma missa e Ro-

berto, impaciente, vai perguntar aos ferreiro o destino da ordem comital, sofrendo castigo me recido. Gastão Paris estudou o conto, desde sua origem oriental até a multiplicação temática euro peia, Romania, tomo V, 254. Em Portugal, in forma Puymaigre, o assunto é tratado por Fran cisco da Fonseca Benevides, Beynas de Portugal, 1, 178, e Gonçalo Fernandes Trancoso, no século XVI, incluiu-o no seu Os tres conselhos. O mot domo-mor, caluniado, leva a carta de Urias, como a chamamos, e será enforcado pelo destinatário. Cumprindo um conselho, dorme onde a noite o alcançou e um preto, que o hospedara, substi tuiu-o, entregando a missiva e sendo justiçado. Ocorre ainda na Historia de la vida, muerte. milagros, coronacion y trasladou de santa Isabel, sexta reina de Portugal, por dom Fer nando Correa de Lacerda, Lisboa, 1680. O avô materno del-rei dom Dinis, Afonso X de Castela e Leão, o Sabio, (cant. 78) já contara o facto no seu Cantigas o looreos y milagros de Nuestra Senora, relatando-o como de um conde de To losa. Timoneda, do tempo de Fernandes Trancoso, registou-a no Patranuelo, XVII. Uma das fontes incontestadas é o Katha-Sarit- Sa gara, Somadeva-Batta, Ocean of the streams of Story, reunião de lendas, mitos e tradições indianas. Emanuel Cosquin, Estudes Folklorique s(recherches sur la migrations des contes populaires et leur point de départ). Paris, 1922, 75>, igualmente regista, dando um elemento para 0 Motif-Index of Folk-Literature, do prof. Stith Thompson, J 21.17, Stay at church untill mass is finished, IV, 15. (CASCUDO

Comida sem Sal

Foi-me contada por Antônio Portel. Teófilo Braga e Consiglieri Pedroso recolheram outras versões, "O sal e a agua" e "Pedro Cortiçolo". Sílvio Romero, em Sorgipe, colheu uma variante brasileira, "Rei Andrada", bem diversa, por ter a princesa sonhado que o pai havia de beijar-lhe a mão e foi expulsa. Aurélio M. Espinosa encontrou variantes espanholas em Soto La Marina, Santander, "Como la vianda quiere a la sal" e "La zamarra", em Cuenca, "Cuentos Populares Españoles", II, números 107 e 108. Têm filiado esse conto á tradição bretã do rei Lear, o rey heir do "Livro de Linhagens", do século XIV. O episodio que deu assunto ao "King Lear" de Shakespeare, é narrado em livro posterior, o "Fairie Queene" de Spenser, 1587, onde a filha-mais-moça diz querer ao pai como deve uma filha.

História de João e Maria

Não há país europeu que não tenha uma variante desse conto de João e Maria. Em Portugal, além desta versão, conheço as de Teófilo Braga, As crianças abandonadas, O afilhado de Santo Antônio, ambas de Airão, as de J. Leite de Vasconcelos, de Guimarães e Vila Real, as regis tadas por Z. Consiglieri Pedroso e Adolfo Coelho, a versão brasileira do Rio de Janeiro e Sergipe João mais Maria, colhida por Sílvio Romero, sobre cujas variantes estrangeiras escreveu Oscar Nobiling erudito ensaio; ver o meu Antologia do Folk Lore Brasileiro. É o Hansel und Grethe dos irmãos Grimm, também corrente na Africa do Norte, em Marrocos (Ouad Souss) onde A Socin e H. Stumme registaram uma versão igual. P. Saintyves resumiu muitas variantes da Europa no Les Contes de Perrault et les récits paralléles 276-281.

Mt. 327 de Aarne-Thompson, The Children and the Ogre, A: conhecido em toda América latina, na América Indiana, segundo Stith Thompson, entre os negros da Jamaica, nos estudos de Beckwith, Memoirs of the American Folk-Lore Society, XVII. (Câmara Cascudo)

Maria Sabida – Charles Perrault

Ë a Maria Sutil, Dona Vintes, Dona Esvin-tola, popularíssima em Portugal onde dom Francisco Manuel de Melo a citava: Eu cuido que vireis a ser aquela

…Dona atrevida, Doce na morte E agra na vida

que nos contam quando pequenos. Ë a Dona Pinta, o XII da coleção que Sílvio Romero coligiu no Brasil, versão de Sergipe. Silva Campos divulgou uma outra, do recôncavo baiano, O rei doente do mal de amores, LXIX do Contos e Fabulas Populares da Bahia no O Folk-Lore no Brasil, de Basílio de Magalhães, Rio de Janeiro, 1928. O prof. Aurelio M. Espinosa registou quatro variantes, em Espanha, La mata de alba-haca, Toledo, Segóvia e Granada, e Las très hijas dei sastre Burgos, 1, 2, 3 e 4. Na terceira, de Granada, há o dito: Ay, Mariquilla, durce tienes la muerte y agria la vida. Na Dona Pinta: Ah! minha mulher, si depois de morta estás tão doce, que faria quando eras viva! Perrault deu expressão literária a esse conto no Adroite Princesse ou Aventures de Finette.

 

Os quatro ladrões – Contos e Lendas Populares

mapa roma itália

É lição de Teófilo Braga, copia do "Orto do Sposo" de Frei Hermenegildo de Tancos, século XIV, fl. 105-verso.

Muito aproveitado é esse tema em Portugal e Brasil. Eça de Queiroz utilizou-o no "O Tesoiro" ("Contos"), personalizando os ladrões nos fidalgos Rui, Guannes e Rostabal, com a arca de ouro na mata de Roquelanes, nas Astúrias, Constitue um episódio .no romance de Rafael Sabatini, "Captain Blood’s Return", com ampla divulgação para leitores de aventuras imagi narias.

Contos de Exemplo – Os melhores contos Populares de Portugal

E’ um dos contos antigos e amados na península ibérica. Da origem oriental atesta o livro do “Conde Lucanor”, de dom João Manuel, século XV, onde (Exemplo XXXVI) um mercador compra um conselho: -— “quando ficardes em cólera, querendo agir inconsideradamente, demorai até o conhecimento da verdade”.

As três fiandeiras – Fábulas irmãos Grimm

História de Antônio Portel. Versões portuguesas em Teófilo Braga, "As fiandeiras", em Consiglieri Pedroso, "As tias". Braga regista bibliografia, P. Kennedy, " Fire Side Stories * of Ireland", Basile no "Pentamerone", versão norueguesa de Asbjornen e Moe, sueca de Caval-lius e Stephens, alemão nos irmãos Grimm, n.° 14, "As três’fiandeiras", etc. No Brasil há a variante "A devota das almas", LXXVIT do "Contos e Fabulas Populares da Bahia", de João da Silva Campos.

Velho do saco – História da Carochinha

O SURRÃO

ERA uma vez uma pobre viúva, que tinha só uma filha que nunca saía da sua beira; outras raparigas da vizinhança foram-lhe pedir, que na véspera de S. João deixasse ir a sua filha com elas para se banharem no rio. A rapariga foi com o rancho; antes de se meterem no banho, disse-lhe uma amiga:

 Tira os teus brincos e põe-os em cima duma pedra, porque te podem cair na água.

A VERBA DO TESTAMENTO

COMO se conta de um homem, que tinha uma filha bastarda; quando veio a hora da morte, fez um testamento e disse: — Leixo a foam por meu herdeiro, e mando que dê a ‘inha filha, pêra seu casamento tudo aquilo que êle quiser de minha fazenda.

AS IRMÃS INVEJOSAS – Conto popular

irmãs invejosas

UM rei mancebo, de idade de vinte e dois anos, virtuoso e casto, que até esta idade não tinha conversação de mulher alguma, requerido dos seus que casasse, para que houvesse filhos que sucedessem no reino, e desejoso de achar na sua própria terra mulher para isso, recusava o casamento de muitas mulheres forasteiras que lhe traziam.

Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga…

UM sapateiro remendão trabalhava noite e dia e mal podia sustentar a mulher e os filhos Começava na tarefa pela madrugada, com luz candeia, e ia até ao anoitecer, ganhando pouco sustento para os seus.

Uma madrugada já estava êle batendo sola quando passou um comerciante rico e muito cari doso e reparou naquele sapateiro trabalhando ain da com estrelas no céu. Ficou com piedade do ho mem e resolveu ajudá-lo. Mandou, por um criado, um bolo, todo recheiado de moedas de ouro, sem dizer quem mandava.

O Doutor grilo – contos de exemplo

O DOUTOR GRILO

ERA uma vez um camponês que tinha um filho muito ladino mas muito preguiçoso. De tanto viver deitado, sem nada fazer, irritou-se o pai e pô-lo para fora de casa. O rapaz, que se chamava João Grilo, foi parar a uma cidade. Nos arredores viu muitos cavalos amarrados aos postes, animais que traziam coisas para vender ao mercado da cidade.

O CAMAREIRO DO REI – Contos com Moral

ERA uma vez um rei muito amigo dos seus camaristas, e prometeu a cada um um dote para &e casarem. Um deles quis ir viajar para escolher mulher que fosse linda, esperta e honrada. Chegou a uma grande quinta, e logo nos primeiros degraus que davam para a casa encontrou uma menina linda a mais não ser. Pediu pousada, e veio um velho lavrador que o recebeu com boas maneiras e foi-lhe mostrar a casa:

O boi bragado – contos de exemplo

É versão simples de um conto muito popular em Portugal. Boi Cardil na ilha da Madeira e no Algarve (Teófilo Braga), Boi Rabil em Coimbra, registado por Adolfo Coelho. Em ambas as versões há versos, sendo em formapoética a madeirense, Contos Tradicionais do Povo Portuguez, 58.°, Contos Populares Portuguezes LVI, Romanceiro do Archipelago da Madeira, p. 273. No Brasil, encontrei uma versão no Natal Querino, vaqueiro do rei, e outra foi-me enviada das Alagoas, O boi leição, figurando ambas no meu Contos Tradicionais do Brasil. Na Espanha ha El toro barroso, de Soria, 48.° do Cuentos Populares Españoles do prof. Espinosa. Teófilo Braga, notas, II, 207-208, indica bibliografia. Versões semelhantes são apenas a siciliana de Laura Gonzenbach, uma cabra em vez do boi, o Scheik Chehabeddin no “Quarenta Visires”! Os demais parecem variantes. A origem oriental está notoriamente documentada. Fábula V da terceira “Noite” de Straparola.

Os Dois Mágicos – Contos de Encantamento

Teófilo Braga registou três versões desse conto, 9, 10, e 11 de sua coleção, O Mágico, O mestre das artes, O aprendiz do mago, procedente do Algarve, São Miguel e Eixo, em Aveiro. Adolfo Coelho tem O criado do Estrujeitante, XV, de Ourilhe, Celorico de Basto, e Consiglieri Pedroso o de n.° XLV. No Contos Populares do Brasil, Sílvio Romero colheu uma variante pernambucana, O Pássaro Preto. Alfredo Apell traduziu a variante russa, A ciencia manhosa, expondo resumos do mesmo tema, com modificações, nos idiomas valáquio (Schott), sérvio (Wuk), grego (Hahn), alemão (Grimm), inglês (Brueyre). Figura na fábula 5, oitava das Notte Piacevoli, de Straparola. Citando os comentários de Benfey à Pantchatantra, Apell indica um conto mongólico com as transformações sucessivas, elemento caracterizante. No Mil e uma Noites, na história do segundo calender, há uma luta entre a princesa Dama da Beleza e um gênio, neto de Eblis, rei dos gênios, com processo idêntico, no ataque e defesa sobrenaturais. Beckwith encontrou uma variante na Jamaica. É o Mt. 325 de Aarne-Thompson, The Magician and his Pupil. (C. CASCUDO)

A DAMA PÉ DE CABRA – Conto popular medieval português

Da Selecta Clássica, João Ribeiro, 80-82, Rio de Janeiro, 1931. A fonte é o livro de Linhagens do conde D. Pedro, no episódio que Alexandre Herculano divulgou literariamente no Lendas e Narrativas, a conhecida Dama Pé de Cabra, romance de um jogral, século XI. Em 1646, em Madrid, publicou-se a tradução castelhana do Nobiliário dei Conde de Barcellos D. Pedro, hijo delrey D. Dinis de Portugal, por Manuel de Faria e Sousa, onde o exemplo figurou, em sua pureza tradicional, espalhando-se que a moça tenia pies, o pie, que parecia de cabra. Em 1856, a Academia de Ciências de Lisboa imprimiu, no Portugaliae Monumenta Histórica, Scriptores, titulo IX.0 (Os Livros de Linhagens), o Livro de Linhagens do Conde D. Pedro. O dr. Joaquim Pires de Lima, Tradições Populares de Entre-Douro-e-Minho, estudou esse tema, a ectrodactilia na lenda, referindo outra lenda semelhante, em Marialva, que seria primitivamente Maria Alva, dama de pês caprinos, assassina dos amantes.

Lenda do Lobisomem – Conto de Terror

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Licantropo na Grécia Versiopelio em Roma, Volkdlak eslavo, Werwolf saxão, Wahwolf germano, Oboroten russo, Hamramr nórdico, Loup-garou francês, lubishomem, Lobo-homem, lubizon, luvizom, labishomem em Espanha. Portugal e todo continente americano. N’Africa sobrevive a tradição sagrada das transformações animais. Henri A. Junod conta, ouvido ao preto S. Gana Nkuna, que um marido, desconfiado que a mulher era feiticeira, feriu-a com a azagaia, durante o sono. Mal o golpe atingiu a perna da adormecida, ouviu-se o uivo da hiena e foi este animal que se avistou, no lugar da esposa. No outro dia o marido deparou a mulher dormindo na floresta. Estava ferida na perna. "The Life of a South African Tribe", 2, p. 263-264. Na Ásia sobrexiste o mesmo. Citando o folclore chinês de Leon Wieger Gustavo Barrozo narra que no distrito de Tcheng-Ping, do Kian-Tcheu, um aldeão fora atacado por um lobo, subindo a uma árvore para livrar-se do assalto. O animal ainda abocanhou-lhe a calça mas fugiu, alcançado por uma machadada na cabeça. Depois soube que um seu velho amigo estava ferido na cabeça e com fiapos da calça na dentuça, "O Sertão e o Mundo", p. 57-73.

Os corcundas – conto irmãos grimm

É um registo de Teófilo Braga, opus cit., I.°, p. 177. Cita, nas notas, Gubernatis, "Botanique Zoologique", C. 3, II, p. 2(49, que alude a um livro de Pedro Piperno, "De Nuce maga bene-ventana", do século XVII.

O CASTELO DA MADORNA – Os melhores contos populares de encantamento

Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.

O CASTELO DA MADORNA

Era uma vez um casal que não tinha filhos e muito os desejava ter. Foi uma grande alegria quando a mulher disse que esperava criança, o pai preparou enxoval e nasceram dois meninos bonitos e robustos que eram de encantar. Nesse mesmo dia, na estribaria, a egua teve dois poldri nhos, uma cachorra dois cachorrinhos, e brotaram dois pés de laranjas no jardim. Os meninos eram gêmeos e tinham a mesma cara. Cresceram jun tos e amigos inseparáveis. Cada um possuía um cavalo, um cão e uma laranjeira.

MAMA – NA – BURRA – Aventura infantil

Adiante encontrou um homem que arrancava pinheiros pela raiz, atirando-os para o lado. Convidou-o para companheiro e o Arranca-Pinheiros aceitou, indo os dois juntos. Depois viriam outro homem que quebrava os penedos aos murros, como marteladas. O Quebra-Penedos também concordou em acompanhá-los e foram os três pelo mundo.

CRAVO, ROSA E JASMIM

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UMA mulher tinha três filhas; indo a mais velha passear a uma ribeira, viu dentro da água um cravo, debruçou-se para apanhá-lo, e ela desapareceu. No dia seguinte sucedeu o mesmo a outra irmã, porque viu dentro da ribeira uma rosa. Por fim, a mais nova também desapareceu, por querer apanhar um jasmim. A mãe das três raparigas ficou muito triste, e chorou, chorou, até que tendo um filho, este, quando se achou grande, perguntou à mãe porque é que chorava tanto. A mãe contou-lhe como é que ficara sem as suas très filhas.

O cara de pau – Contos Populares Russos

UM rei tinha uma filha tão formosa que, ficando viúvo, quis casar-se com ela. A moça era afilhada de Nossa Senhora e ficou horrorizada com o pensamento do pai, mas esse ameaçou-a de morte se não o recebesse por marido. Não sabendo o que fazer, a moça rezou muito a Nossa Senhora pedindo seu auxílio e ouviu umas vozes dizendo:

O FIEL PEDRO – Historinhas de Príncipe

Diz que era uma vez um príncipe que se estava, banhando num rio quando perdeu pé e se ia afogando quando um rapaz, vendo-o em perigo, saltou para dentro da água e salvou-o. Ficaram muito amigos, o príncipe e Pedro, aprendiz de sapateiro. Andavam sempre juntos e o príncipe convidou o amigo para que deixasse de ser remendão e viesse viver com êle no palácio. Pedro não quis mas todos os dias procurava um ao outro para caçar, pescar ou passear pelos bosques.

O VELHO QUERECAS – Conto curto infantil do folclore

O VELHO QUERECAS

ERA uma moça solteira e muito animosa que ficou órfã de pai e mãe e sem ter onde se abrigar. Na cidade havia uma casa abandonada porque apareciam almas do outro mundo e ninguém queria lá ficar uma noite. A moça lá foi ter e arranjou as coisas para dormir. Perto da meia-noite ouviu um barulho no forro do quarto, gemidos e uma voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!

 Pois cai logo, disse a moça. Caiu uma perna e o barulho começou a ouvir-se mais forte o a voz gritando: eu caio! eu caio! eu caio!

A Bela Adormecida – versão Perrault

UM príncipe amava a caça de tal sorte que viva sempre nas florestas e tapadas, procurando peças. Uma vez perdeu-se num bosque e caiu a noite antes que lograsse sair dele. Lá pela noite cerrada encontrou a cabala de um lavrador que agasalhou como pôde, dando-lhe de cear e conver sando. Pela manhã, o príncipe viu por cima do arvoredo as torres de um castelo desconhecido e perguntou quem ali morava. 0 lavrador respondeu que era história velha do tempo antigo. O príncipe insistiu para saber e o velho Ilha contou.

O peixinho encantado, conto curto para crianças

peixinho desenho colorido infantil

E’ o ‘"João Mandrião", de Adolfo Coelho, "O peixinho encantado" de Teófilo Braga, "o Preguiçoso ; da Porneira" de Consiglieri Pedroso, Alfredo Apell, "Contos Populares Russos", traduziu uma versão russa, "Emiliano Parvo", citando as ‘variantes gregas, eslovenas, napolitanas, alentas. E’ o Mt. 675 de Aarne-Thompson, The Lazj¿ Boy, espalhado pela Europa do norte e leste. • No Brasil, João da Silva Campos registou a versão baiana. LXVI do " Contos e FábuV.as Populares da Bahia". Straparola, "XIII Piacsivoli Notte", ed. 1584, regista uma versão idêntica, Notte terza, Favola I.

O Mito e a Filosofia

Mircea Eliade, em sua obra “História das Crenças e das Idéias Religiosas” nos dá uma boa indicação do porque do desenvolvimento da filosofia na Antiga Grécia. Segundo Eliade, a religião grega sempre foi um politeísmo, no qual os deuses tinham comportamento parecido aos dos homens; os mesmos desejos, impulsos e emoções, com a diferença de que eram imortais. A religião grega, pelas suas características, nunca chegou a ser uma religião estritamente normativa e ligada a um povo específico (os gregos também dividiam muitos deuses com outros povos), como o foram a religião egípcia e a judaica.

Os gregos nunca tiveram um Livro dos Mortos ou um Decálogo. Todavia, os relatos dos bardos – entre eles os mais famosos Homero e Hesíodo – influenciaram a cultura grega da mesma forma

O PRÍNCIPE DAS PALMAS VERDES – Histórias Infantis Foclóricas

UMA moça morava na mesma casa que uma velha que tinha uma filha muito invejosa e desajeitada. Viviam em quartos separados e a velha reparava na moça viver cantando e tratar-se muito bem, como pessoa rica. Não vendo de onde lhe vinha o recurso, começou a espionar e nada sabendo, pediu para dormir uma noite com a moça. Esta não pôde recusar. Entraram e a moça pediu à velha que a ajudasse a arrumar umas malas de roupa. E tanto arrumava a velha de um lado como ela desarrumava do outro, que terminou a velha morrendo de cansada e adormecendo. Amanheceu o dia sem que tivesse visto cousa alguma que contasse.