AS TRÊS CIDRAS DE AMOR – Os melhores contos populares de Portugal

AS TRÊS CIDRAS DE AMOR

Fonte: Os melhores contos Populares de Portugal. Org. de Câmara Cascudo. Dois Mundos Editora.

UM príncipe andava a caçar quando encontrou uma velha carregando, a gemer, um molho de varas, tão pesado que ia caindo pela estrada. O príncipe parou e pediu à velha que o deixasse ajudar, e levou o feixe de varas até uma encruzilhada onde a velha se despediu e lhe deu três cidras, maduras e belas, dizendo que só as abrisse perto dágua corrente.

Vae Soli! – Crônica machadiana

Um dia d’esta semana, farto de venda vaes, naufrágios, boatos, mentiras, polemicas, farto de ver como se descompõem os homens, accionistas e directores, importadores e industriaes, farto de mim, de ti, de todos, de um tumulto sem vida, de um silencio sem quietação, peguei de uma pagina de annuncios, e disse commigo:

Crônica Curta

São Pedro, apostolo da circumcisão, e São Paulo, apostolo de outra cousa, que a Egreja catholica traduziu por gentes, e que não é preciso dizer pelo seu nome, dominaram tudo esta semana. Eu, quando vejo um ou dous assumptos puxarem para si todo o cobertor da attenção publica, deixando os outros ao relento, dá-me vontade de os metter nos bastidores, trazendo á scena tão somente a arraia-meúda, as pobres occorren-cias de nada, a velha anecdota, o sopapo casual, o furto, a facada anonyma, a estatis-tica mortuária, as tentativas de suicidio, o cocheiro que foge, o noticiário, em summa.

Carbono – Minerais e suas Pesquisas – Resumo de geologia

Minerais e suas Pesquisas

CARBONO, seus minerais: Reconhecimento.

CARBONO

O carbono é abundante, na natureza, tanto em liberdade como combinado.

O carbono livre apresenta-se em grande número de variedades que se reúnem sob o nome de carvões naturais; o diamante e a grafita são carbono puro ou quase puro; usados como combustível, contêm uma quantidade maior ou menor de carbono misturado com matérias estranhas.

Sob todas as suas modalidades, o carbono é notável pela sua fixidez. Só começa a volatilizar-se à temperatura do arco voltaico (aos 3.500°C); só é solúvel em certos metais em fusão, como na platina e no ferro fundido. Quando cristalizado, apresenta-se sob duas formas alotrópicas: diamante e grafita. O carbono amorfo é notável por seu poder absorvente.

Embora não seja muito abundante na crosta terrestre, o carbono é o segundo elemento em abundância no corpo humano. Ocorre em todos os tecidos animais e vegetais, combinado com hidrogénio e oxigénio, e em seus derivados geológicos, petróleo e carvão-de-pedra, onde está combinado principalmente com hidrogénio, na forma de hidrocarbonetos. Combinado com oxigênio, existe também na atmosfera como gás carbônico e nas rochas, sob forma de carbonatos, calcário, por exemplo. No estado livre, ocorre em pequena quantidade como diamante e grafita, que são as duas formas alotrópicas do elemento.

Vocabulário de Termos da História do Brasil

Marechal deodoro da fonseca

Material Didático de História do Brasil

Professor Brasil Bandecchi, 1970.

 

ABOLICIONISTA — Partidário da extinção da escravatura.

ACLAMAÇÃO — Ato pelo qual a Nação reconhecia o novo soberano. Pode também significar escolha sem escrutínio, isto é, sem votação.

ACULTURAÇÃO — Conjunto dos fenômenos resultantes do contato direto e contínuo, de grupos de indivíduos de culturas diferentes.

Cronologia da História do Brasil

Material Didático de História do Brasil

Professor Pedro Bandecchi, 1970

1453 — Queda de Constantinopla; fim da Idade Média e começo da Idade Moderna.

1487 — Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas que passa a chamar-se Cabo da Boa Esperança.

1492 — Cristóvão Colombo, a serviço da Coroa Espanhola, descobre a América.

1493 — O Papa Alexandre VI assina a Bula Inter Cetera, que fixava que: o domínio espanhol começava 100 léguas a oeste das Ilha dos Açores e Madeira, numa linha traçada longitudinalmente de Norte a Sul. Com a Bula Inter Cetera parte alguma do Brasil ficou pertencendo a Portugal.

1494 — Espanha e Portugal assinam o Tratado de Tordesilhas, mais tarde referendado pelo Vaticano, modificando a linha divisória da Bula Inter Cetera, a qual passaria a 370 léguas das ilhas referidas. Com isto um terço do atual território brasileiro ficou pertencendo a Portugal. 1498 — Vasco da Gama chega à Índia, contornando a África.

Glossário de Termos de Arquitetura

GLOSSÁRIO E DICIONÁRIO COM O LÉXICO DOS PRINCIPAIS TERMOS DE ARQUITETURA

Abaco…….. Parte superior do capitel, que assenta sobre a corbelha.

Abóbada…… Construção que cobre uni espaço, acima do qual se mantém por si só,

História da Arte – América Indígena e África Negra

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

América

QUANDO os Europeus, no extremo limite do século XV, desembarcaram na América, os indígenas que encontraram ignoravam a roda, tinham em metalurgia conhecimentos muitíssimo elementares e só opunham aos mosquetes dos recém-vindos flechas de todo insuficientes. Só, no entanto, por um extraordinário abuso de linguagem poderiam ser, em geral, classificados de primitivos. A aparelhagem nem sempre caminha forçosamente a par da civilização. Vários desses grupos participavam duma vida social muito diferenciada. Possuíam um sistema de escrita, pelo menos sagrada, e deuses que a sua crueldade não impedia de se mostrarem subtis; erguiam-lhe vastos templos, estátuas, ofereciam-lhes sacrifícios humanos com cerimonial complicado e que denotava pronunciado gosto pelas especulações intelectuais, cultivavam de bom grado divertimentos colectivos, como a dança. A estrutura social e as artes tinham evoluído independentemente do resto do Mundo mas não sem certo paralelismo.

A bem dizer, uma análise mais aprofundada tende a reduzir a dois os centros de civilização que enxamearam na América e cuja influência enfraquece cada vez mais à medida que cresce a distância: o da América Central com os Maias, o do Peru com os Incas.

Crônicas de Machado de Assis com a ortografia antiga.

Depois de Matto Grosso, o negocio em que mais se faliou esta semana (não contando a reunião do Congresso), foi o processo da Geral. Os directores presos tiveram Jiaòeas-corpus. Appareceu um relatório contra os mesmos, e contra outros, mas appareceu também a contestação, depoimentos e desmentidos, além de vários artigos, os quaes papeis todos, juntos com o que se tem escripto desde começo, cortados em tiras de um centímetro de largura, e unidos tira a tira, dão uma fita que, só por falta de cinco léguas, não cinge a terra toda; mas, como não é negocio que se acabe com solturas nem relatórios, calculam os mathemati-cos do Club de Engenharia que as cinco léguas que faltam, estarão preenchidas atéquinta-feira próxima, e antes de outubro pôde muito bem

Crônica de Machado de Assis para a Gazeta de Notícias

Crônica de Machado de Assis de 01 de Maio de 1892 para a sua coluna “A semana” da Gazeta de Notícias, com a regras ortográficas da época, sem atualização.

A Semana – Crônicas de Machado de Assis para a Gazeta de Notícias

Organização de Mário de Alencar.Fonte: Clássicos Jackson, 1944.

1892

1 de Maio

Vês este tapume ? Digo-vos que não ficará taboa sobre taboa. E assim, se cumpriu esta palavra do Dr. Barata Ribeiro, que imitou a Jesus Christo, em relação ao templo de Jerusalem. Olhae, porém, a differença e a vulgaridade do nosso século. A palavra de Jesus era prophetica: os tempos tinham de cumpril-a. A do presidente da intendência, que era um simples despacho, não precisou mais que de alguns trabalhadores de boa vontade, um advogado e vinte e quatro horas de espera. Ao cabo do prazo, reappareceu o nosso chafariz da Carioca, o velho monumento que tem o mesmo nome que nós outros, filhos da cidade, o nosso chará, com as suas bicas sujas e quebradas, é certo, mas eu confio que o Dr. Barata Ribeiro, assim como destruiu o tapume, assim reformará o bicume. E poderá ser preso, açoutado, crucificado; resurgirá no terceiro minuto, e ficará á direita de Gomes Freire de Andrade.

Já que se foi o tapume, não calarei uma anecdota, que ao mesmo tempo não posso contar. Valham-me Gulliver e o seu invento para apagar o incêndio do palácio do rei de Lilliput. Recordam-se, não? Pois saibam que uma noite lavrava um principio de incêndio no tapume, — algum phosphoro lançado por descuido ou perversidade. Um Gulliver casual, que ia passando, correu a apagal-o. Pobre grande homem! Esbarrou com um soldado de sentinella, ao lado da Imprensa Nacional, que não consentiu na obra de caridade d’aquelle corpo de bombeiro. Perseguido pela visão do incêndio (ha d’esses phenomenos), o nosso Gulliver viu fogo onde o não havia, isto é, no próprio edificio da Imprensa Nacional, lado oppos-to, e correu a apagal-o. Não achou sombra de sentinella! Disseram-lhe mais tarde que a sentinella do tapume era a mesma que o governador Gomes Freire mandara pôr ao chafariz, em 1735, e que a Metropolitana, por descuido, não fez recolher. Vitalidade das instituições!

As Artes do Extremo-Oriente

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 15As Artes do Extremo-Oriente<

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

15

HISTÓRIA das artes europeias e até não europeias da bacia do Mediterrâneo pode fazer-se desprezando de maneira quase total as artes do Extremo-Oriente, cuja influência só se exerceu de maneira esporádica, quase sempre tardia e superficial. Mais suscitaram modas do que propriamente agiram em profundidade. Mas a recíproca não é verdadeira.

Crônica de Machado de Assis sobre quermesses

A Semana – Crônicas de Machado de Assis para a Gazeta de Notícias

1892

30 de Abril

Uma folha diária, recordando que as kermesses tinham sido fechadas por serem verdadeiras casas de tavolagéns, noticiou que ellas começam a reapparecer. Já ha uma na rua do Theatro; o pretexto é uma festa de caridade.

Crônica de Machado de Assis – 24/04/1892

A Semana – Crônicas de Machado de Assis para a Gazeta de Notícias

1892

24 de Abril

Na segunda-feira da semana que findou, accordei cedo, pouco depois das galli-nhas, e dei-me ao gosto de propor a mim mesmo um problema. Verdadeiramente era uma charada; mas o nome de problema dá dignidade, e excita para logo a attenção dos Leitores austeros. Sou como as actrizes, que já não fazem beneficio, mas festa artística. A cousa é a mesma, os bilhetes crescem de egual modo, seja em numero, seja em preço; o resto, comedia, drama, opereta, uma pol-ka entre dous actos, uma poesia, vários ramalhetes, lampeões fora, e os collegas em grande gala, off erecendo em scena o retrato á beneficiada.

História da Arte – O Século XX

Marechal deodoro da fonseca

O Século XX

PeRCORREMOS quase metade dum século em que Marte sobrelevou às Musas. Uma Europa dilacerada, uma guerra que durou quatro anos, outra que provocou mudanças talvez mais profundas e cujas consequências são impossíveis de prever, sobressaltos económicos que arruinaram classes sociais inteiras e particularmente aquelas que pareciam ser a armadura das sociedades, e bem assim o súbito aparecimento e desaparecimento de países e a instauração de novos regimes sociais que consideramos com assombro misto de esperança ou de receio. Não nos deixemos, porém, equivocar. Não é provavelmente por essas catástrofes temporais que o futuro nos há-de julgar. Um quadro, uma estátua pesarão mais. Além disso, a arte não reflecte, ao que parece, essas convulsões, como não reflectiu, no passado, as da História.

Até hoje, não se pode pretender, apesar dos esforços de nacionalismos cada vez mais virulentos, que o primado francês esteja abalado. Pelo contrário, durante os anos que se seguiram à guerra de 1914-1918, Paris tornou-se o ponto de convergência de artistas de todos os países, tomando assim para si o antigo papel de Roma. Pôde falar-se duma escola de Paris, que compreendia Russos, Escandinavos, Espanhóis, Italianos, Checos e muitos outros ainda.

No entanto, torna-se-nôs difícil, hoje em dia, dominar essa balbúrdia.

Que o dealbar do século haja sido assinalado por uma reacção radical contra o impressionismo e que nos encontremos ainda nesta fase de reacção, eis o que não oferece dúvidas. Ela teve já vários episódios.

O Século XIX – História da Arte

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 13 – O Século XIX

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

O meio romano

 UM observador houvera podido conjecturar, em meados do século XVIII, que a Itália,e particularmente Roma iam retomar a direcção das artes, que lhes pertencera durante tanto tempo, e que a opinião geral estava inteiramente disposta a atribuir-lhes de novo. Reinava, com efeito, nessa cidade um estado de espírito que lembra, guardadas as devidas proporções, o do século xvi. De novo se descobria o antigo. Esta fermentação é por vezes relacionada com as escavações recentemente executadas em Pompeia e Herculano. Elas não lhe são estranhas e concebe-se o choque que produziu a vida íntima da Antiguidade de súbito revelada à luz do dia; no entanto, este género de explicação é demasiado fácil, assim como os achados arqueológicos feitos três séculos atrás não bastavam para justificar a Renascença. Trata-se antes de um episódio desseeterno movimento pendular que faz com que a um período de frivolidade suceda um período severo, a um período de liberdade um período de disciplina. A reacção contra o barroco tinha de vir: agarrou-se ela á antiguidade romana e etrusca, visto que a antiguidade grega continuava a ser quase por completo ignorada.

A Arte na Europa no Século XVIII – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Preponderâcia francesa   O papel de mestra das artes que aItália assumira havia dois séculos,passa de facto, durante o século xviii, para a França. A mudança opera-se de maneira mais prática do que teórica. Porque esta França tão imitada não cessa de enviar os seus artistas à Academia fundada por Colbert em Roma e de venerar os gigantes da Renascença. É certo que se não abstém de criticar os seus sucessores e particularmente esse espírito barroco cujos êxitos, entre nós, foram sempre passageiros e se limitaram a actividades menores, como a ourivesaria ou o mobiliário, não sem incorrer aliás nas condenações severas de muitos artistas.

A psicologia evolutiva

maravilhas das antigas civizações


Uma das grandes dificuldades apontada por diversos autores na psicologia é a construção de uma história desta ciência. A maneira mais simples consiste em descrevê-la em uma seqüência cronologicamente ordenada – porém não logicamente correta – no que se refere à análise dos problemas e tentativas de soluções. A perspectiva mais coerente focaria as questões isoladas, seguida das análises lógica e cronologicamente ordenadas das soluções que lhe foram propostas.

A Arte Europeia no Século XVII – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Pierre du Columbier – História da Arte 

A Arte Europeia no Século XVII

CONTRARIAMENTE ao que se imagina por vezes sem razão e a despeito da emancipação, em toda a Europa, de escolas nacionais que brilham com o mais vivo fulgor, o primado da arte Galiana não foi seriamente abalado no século xvii. A bem dizer, não dispõe já de artistas da estatura dos grandes do século precedente, mas apresenta ainda alguns mais do que estimáveis — e foram eles que, em grande parte, determinaram as modas de pintar e de sentir da época.

Quando se procura definir o que distingue, nas artes, o século xvii do seu predecessor, acham-se duas palavras de que se abusou enormemente nestes últimos anos e de que importa usar com grandes precauções: «Contra-Reforma» e «Barroco». A primeira delas é relativa a um aspecto moral, a segunda a um aspecto plástico.

Contra-Reforma

A Alta Renascença do Século XVI – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

A Alta Renascença do Século XVI

NO Século XVI, a atenção de toda a Europa concentra-se definitivamente sobre a Itália. A fabulosa fecundidade que favorecera este país durante os últimos cem anos decorridos não aumenta nem diminui. Todas as novidades — conhecimento do corpo humano, inteligência do antigo, aquisição do efeito de profundidade nos quadros e da materialidade dos objectos neles representados (valores tácteis) — tinham sido descobertos havia muito tempo e continuavam apenas a exercer os seus benefícios. No entanto, com o consenso universal, produz-se, por volta do ano de 1500, sob a acção de alguns homens, os mais célebres dos quais se chamam Leonardo de Vinci, Rafael e Miguel Angelo, uma completa mudança. Estes homens não pertencem todavia à mesma geração: Leonardo de Vinci é pelo menos vinte anos mais velho do que os dois outros, pode considerar-se perfeitamente um oontem porâneo de Botticelli e contudo não é ao lado de Botticelli que geralmente o colocam. Para justificar o que tão bem se concebe, há que recorrer a palavras que têm um sentido muito preciso para os artistas e é no entanto quase indefinível. Em suma, as que parecem mais convir aqui são as de segurança e de grandeza. Na maneira por que os homens do século XV exploravam as suas conquistas, havia quase sempre uma espécie de embaraço, de rigidez e também de secura: até os mais fortes, como Signorelli, não estavam isentos de tais fraquezas. Ora os seus sucessores assimilaram a tal ponto a nova linguagem que usam dela com uma naturalidade total. A forma era muitas vezes subdividida, acanhada, tinha qualquer coisa de quebrado, de fatigado, de incompleto. Agora, tudo se amplia e se arredonda, tudo parece tornar-se fácil.

A Revolução Francesa (1789-1799) – História da Civilização Ocidental

revolução francesa

A Era da Revolução

PROFUNDAS modificações assinalam a história política da última parte do século XVIII. Esse período assistiu à agonia do sistema peculiar de governo e de estruturação social que se desenvolvera na época dos déspotas. Na Inglaterra tal sistema se achava praticamente abolido por volta de 1689, mas ainda persistia em outras partes da Europa, ossificando-se e corrompendo-se cada vez mais com o passar dos anos. Floresceu em todos os países maiores sob a influência combinada do militarismo e da ambição, por parte dos monarcas, de consolidai em o seu poder a expensas dos nobres. Mas quase não houve lugar em que se apresentasse sob uma forma tão abominável como na França, durante o reinado dos três últimos Bourbons. Luís XIV foi a encarnação suprema do poder absoluto. Seus sucessores, Luís XV e Luís XVI, arrastaram o governo aos derradeiros extremos da extravagância e da irresponsabilidade. Além disso, os súditos desses reis eram bastante esclarecidos para sentirem vivamente os seus agravos. Não é de estranhar, portanto, que a França tenha sido o teatro de violenta sublevação para derribar um regime que desde muito vinha sendo odiado e desprezado pelos cidadãos mais inteligentes do país. Não estaremos muito errados sr interpretarmos a Revolução Francesa como o clímax de um século cie oposição que tomara corpo pouco a pouco, oposição ao absolutismo e à supremacia de uma aristocracia decadente.

Renascença- As Origens da Arte Moderna – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Pierre du Columbier – História da Arte

NÓS somos até certo ponto vítimas do nosso vocabulário. A uma variação lenta chamamos evolução e supomos com facilidade que em tal fenómeno não intervieram elementos estranhos verdadeiramente novos. Essas evoluções não nos deixam, por exemplo, discernir perfeitamente uma mudança de estilo: é-nos preciso então, de quando em quando, determo-nos um pouco para darmos conta do fenómeno. A lentidão da mutação não prova, de forma nenhuma, que ela se não tenha produzido, como o verificamos no que respeita à passagem do românico ao gótico.

Pelo contrário, uma revolução faria supor, no nosso espírito, um contributo exterior capaz de provocar, na curva que parecia representativa da arte através dos tempos, uma súbita inflexão.

Assim, estaríamos dispostos a admitir que, ao longo dum período que abrange seguramente todo o século XV e que, segundo os lugares, começa mais tarde ou mais cedo no século xiv e excepcionalmente no século XIII, se deram dois fenómenos: no Norte, uma evolução que corresponde à decadência da arte gótica e, em Itália, uma revolução determinada pela intervenção das recordações antigas e que marca o alvorecer da Renascença.

A bem dizer, haveria motivo para desconfiar desta lei imposta a todas as artes: arcaísmo, apogeu e decadência. Ela pressupõe juízos qualitativos por vezes difíceis de justificar.

A Arte Gótica – História da Arte

DA arte românica à arte tão universalmente chamada gótica que se tornou de todo inútil procurar uma justificação para este termo, a passagem fez-se quase insensivelmente; os graus intermédios entre uma e outra são a tal ponto numerosos que se experimentou geralmente a necessidade de distinguir um estilo de transição. E, nos nossos dias, alguns historiadores da arte propuseram o regresso ao vocabulário dos teóricos da arte clássica, que, em vez de «românico» e de «gótico», falavam dum gótico antigo e dum gótico recente.

E todavia a morosidade da gestação não faz nada ao caso. Quem observar um monumento gótico bem caracterizado, uma das catedrais da região parisiense, por exemplo, acha-o diferente na sua essência dum monumento românico, mais diferente talvez do que o é este edifício românico dum edifício carolíngio, ou até, no fundo, dum edifício antigo.

A Arte Românica – História da Arte

A Arte Românica

Os Preliminares

O Império do Oriente mantinha, durante algum tempo pelo menos, a sua supremacia numa parte do mundo civilizado, o Império do Ocidente sucumbira, tanto em consequência de sua própria decomposição como em resultado dos golpes dos invasores. No fim do século V, cessou a autoridade romana na Gália. Mas a organização administrativa de Roma não desapareceu do mesmo modo e muitas vezes forneceu quadros de funcionários, que todos aceitaram de comum acordo, à falta de quem os substituísse. E, sobretudo, compreende-se hoje cada vez melhor que a irradiação de Bizâncio não cessou de atingir os países que marginam o lago mediterrâneo e até os próprios recém-vindos. Muitas vezes, esta arte sumptuosa parece seduzi-los bem mais do que as ruínas imponentes de Roma. E é também do Oriente bizantino que veio o monaquismo, cuja acção devia ser decisiva para a civilização do Ocidente.

 Arte dos Nômadas

Arte Oriental Muçulmana e Islâmica – História da Arte

A Arte Muçulmana

EM 32, morre Maomete, fundador duma nova religião, que até então se confinara na Arábia. Quase imediatamente, as tribos que ele fanatizara lançam-se numa guerra santa. Cem anos depois, em 732, os Muçulmanos combatem em Poitiers e recuam ante os golpes de Carlos Martel. Entretanto, haviam conquistado perto de metade das costas desse lago de civilização que é o Mediterrâneo. Ocupam todos os países que se estendem da Ásia Menor até ao norte da Espanha: Síria, Palestina, Egipto, Africa do Norte e a maior parte da Península Ibérica. Para o interior da Ásia, haviam conseguido abater o antigo Império Persa.

E certo que os artífices desta conquista a empreenderam sem embaraçar os seus movimentos com uma pesada bagagem artística. Os historiadores mais favoráveis aos Árabes confessam que estes nada mais tinham do que urna cultura literária. Por outro lado, tão grande rapidez não deixa grandes possibilidades para a elaboração duma arte. Na verdade, a que adoptaram, quando as suas próprias conquistas os tornaram mais acessíveis às necessidades do luxo, foi em boa parte a que tinham encontrado. Ora, por mais fortemente abalada que estivesse em algumas das suas partes pelas invasões bárbaras a estrutura do Império Bizantino, por menos dedicadas que lhe fossem as populações, por muito carcomida que se encontrasse a sua armadura de defesa, nem por isso deixava de representar, mais ou menos por toda a parte, a civilização mais alta que se conhecia. Equivale isto a dizer que a arte muçulmana deve enormemente à arte bizantina, da qual possue aliás os caracteres essenciais: arte de decoração mais do que de estrutura. No conjunto, ela preocupa-se até muito menos com a solidez do que a arte bizantina. Esta dera-lhe o exemplo de transformar em ornamento as formas vivas e Bizâncio não hesitava até em empregar o ornato puro, destituido de quaisquer referências ao reino animal ou vegetal. Tal tendência ia depois ao encontro da lei muito conhe-‘ cida mas não geralmente observada que interdiz aos muçulmanos a representação dos modelos animados. Todavia, os muçulmanos levaram a abstracção mais longe do que os seus predecessores, no sentido de que a sua decoração floral se tornou por vezes irreconhecível e que a pura geometria exerceu sobre eles atracção extraordinária, como a exercera já sobre os Gregos, mas com uma exuberância que estes ignoraram.

Além do seu bizantismo predominante, a arte muçulmana recebeu, da parte de vários países onde se instalou, certas sugestões: assim, não foi mais insensível do que a própria arte bizantina às seduções persas, cuja influência se fez sentir até no Egipto. Na extremidade oposta os Árabes de Espanha acharam na arte visigótica muitos elementos dignos de atenção.

AS REACÇÕES CONTRA A ARTE GRECO – ROMANA – História da Arte

NÃO há talvez nenhuma arte a cujo respeito se tenham cometido mais erros e a propósito da qual as ideias tenham mudado mais, há uns cinquenta anos para cá, do que a arte tradicionalmente chamada bizantina. Os historiadores e críticos limitaram-se, durante muito tempo, a encará-la como uma espécie de decadência, de abastardamento, de entorpecimento da arte romana. Na verdade, ela procede duma estética por completo diferente e até oposta. Os nossos predecessores julgavam-na monótona e imóvel, sem dúvida porque ela lhes era de todo estranha, e não sabiam por isso notar nela senão as semelhanças, assim como os homens do século xvui não estabeleciam qualquer distinção entre os edifícios românicos e os edifícios góticos. Para que nós saibamos hoje apreciá-la, foi precisa forte sacudidela das disciplinas greco-romanas, foi preciso também que a história da arte se assenhoriasse de regiões de que mal suspeitava e que conhece ainda muito imperfeitamente.

Etrúria e Roma – História da Arte

mapa roma itália

 

Pierre du Columbier – História da Arte

Tradução de Fernando de Pamplona .Fonte Livraria Tavares Martins, Porto, 1947.

Á Etrúria e Roma

A Etrúria

SEJAM embora muito vincados certos caracteres da arte etrusca, não se pode dissimular que ela deve em boa parte o lugar que se lhe atribui à sua grande herdeira, a arte romana.

A Grécia – Arte Grega Antiga

Templos gregos 

  • Ordens
  • Arquitectura Clássica Grega Antiga
  • Escultura na Grécia Antiga
  • Curos e Coré 
  • Período pré-clássico 
  • Fídias
  • Arte na Grécia no Século IV a. C
  • Período Helenístico
  • Vasos 
  • OBRAS CARACTERÍSTICA DA ARTE GREGA
  • ARQUITECTURA
  • ESCULTURA
  • VASOS
  •  

    Á Grécia

    Reserva feita da opinião dos que sustentam — será acaso um paradoxo? — que a arte grega nunca cessou de viver pois que inspira ainda hoje toda a Europa, esta arte teve uma existência bastante breve. Durou praticamente do vil século até cerca do ano 150 antes de Jesus Cristo, até à conquista romana. O seu domínio também foi relativamente limitado: Grécia propriamente dita. Asia Menor e Grande Grécia.

    Mas a sua duração global dá uma ideia bastante imperfeita dos fenómenos ocorridos: importa ter em consideração épocas em que o movimento se acelera; menos de cem anos bastam para passar do Triplo ATereuáo Hecatompédon às esculturas de Parténon.

    O espelho, a bota e o cravo – Contos de plantas mágicas

    O espelho, a bota e o cravo

    muitos anos, houve um rei que tinha uma filha muito bonita e graciosa. Quando chegou a ocasião de a moça se casar, apareceram três príncipes, cada qual mais belo e rico. A princesa ficou hesitante entre os três candidatos. Assim, o rei, para resolver a questão, declarou que sua filha só se casaria com aquele que trouxesse um presente que mais lhe causasse admiração.

    As sementes mágicas de feijão – Contos do Folclore Medieval

    Era uma vez uma pobre viúva que tinha um filho chamado Onofre, que, além de não gostar de trabalho, parecia ser medroso e pouco inteligente. A única coisa valiosa que a viúva possuía era uma vaca muito magra, cujo leite mandava vender no mercado.

    Um dia, a vaca não deu leite e a pobre mulher não teve o que comer. Por isso, aconselhada pelo filho, resolveu vender a vaca. Onofre foi encarregado da venda do animal. No caminho, encontrou um velho que lhe perguntou o que estava fazendo. Respondeu Onofre que ia ao mercado vender a vaca. O velho, que era muito esperto, levava nas mãos umas sementes de feijão de cores variadas. O rapaz ficou encantado com a beleza das sementes.

    O velho percebeu a admiração de Onofre e propôs a troca das sementes pela vaca. O bobo do rapaz aceitou a proposta, certo de que fazia um ótimo negócio. Entregou a vaca ao velho e voltou para casa com as sementes de feijão.

    As túnicas de urtiga – Literatura sobre plantas mágicas

    Numa terra muito distante, havia um rei bondoso e sábio, que tinha uma linda filha, chamada Lúcia e onze filhos, todos belos e inteligentes. O soberano, que já estava velho e cansado, amava ternamente sua esposa e seus filhos.

    Infelizmente, a rainha morreu, e o rei, sentindo-se triste e solitário, resolveu casar-se com a viúva de seu primo, que tinha sido o soberano de um país vizinho.