epistolografia – Padre Vieira e D. FRANCISCO MANUEL DE MELO

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XXVI epistolografia O PADRE ANTÔNIO VIEIRA O padre Antônio Vieira, a quem já classificamos como primeiro orador português, é também o principal epistológrafo de sua época. Sua correspondência com diversas pessoas da corte, com seus superiores eclesiásticos, ou com seus íntimos amigos, constitui um … Ler mais

A oratória do Padre Antônio Vieira

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876)

CURSO DE LITERATURA NACIONAL Fonte: editora Cátedra – MEC – 1978

LIÇÃO XXIII –História da oratória – apostila de oratória (falar em publico)

romance

LIÇÃO XXV

oratória

Privada da tribuna política e judiciária, não restava à eloqüência portuguesa senão o púlpito para teatro de sua glória. Prejudicava-lhe ainda aí a crença geralmente espalhada entre os pregadores de que todo o artifício retórico devera ser banido dos sermões e panegíricos dos santos, não necessitando de ornatos a linguagem evangélica. Com o progresso porém das luzes foi definhando semelhante crença, e convencendo-se os oradores sagrados que mais frutuosas seriam as suas prédicas se menos rudes se tornassem elas. Quer pelas dificuldades da impressão, quer pela natural modéstia dos religiosos que então principalmente ocupavam a cadeira da verdade, não nos consta que hajam sermonários dignos de estudo e imitação nas três primeiras épocas da nossa literatura. Destinada estava à Companhia de Jesus o fornecer a Portugal o seu primeiro pregador, com cuja vida e trabalhos oratórios passamos a ocupar-nos.’

O PADRE ANTÔNIO VIEIRA

O Padre Antônio Vieira nasceu na cidade de Lisboa a 6 de fevereiro de 1608. Foram seus pais Cristóvão Vieira Ravasco e D. Maria de Azevedo. Na tenra idade de oito anos incompletos acompanhou seu pai à cidade da Bahia, onde este vinha exercer o emprego de secretário do Estado do Brasil. No

colégio dos padres da Companhia fez ele o seu curso de preparatórios, então chamado de humanidades, com grande aplauso de seus mestres e condiscípulos, e aos quinze anos, abandonando a casa paterna, abraçou o instituto de Loyola; no qual professou a 6 de Maio de 1625.

Tão prematuro foi o seu desenvolvimento intelectual, que na tenra idade de dezoito anos já regia uma cadeira de retórica no colégio de Olinda, e compunha comentários às tragédias de Séneca e às Metamorfoses de Ovídio. Ainda antes de receber a ordem de persbítero, o que teve lugar no mês de dezembro de 1635, pregava com grande fama nas principais igrejas da Bahia, onde principiou essa celebridade que depois se estendeu por toda a Europa.

Levou-o a Lisboa o fausto sucesso da restauração da au-gustíssima casa de Bragança, sendo escolhido pelo vice-rei, marquês de Montalvão;,, para acompanhar à metrópole seu filho D. Fernando de Mascarenhas, incumbido de felicitar o novo rei. Envolvido no ressentimento popular centra a família dos Mascarenhas, da qual alguns membros se haviam bandeado para o partido de Castela, escapou o padre Vieira de ser vítima do furor da populaça de Peniche, devendo ao governador da praça, conde de Atouguia, o ser conduzido salvo à capital do reino, onde não tardou em granjear as boas graças de D. João IV e de seu filho, o príncipe D. Teodósio.

Não é do nosso intuito traçar aqui o quadro dessa existência tão cheia de peripécias, das vicissitudes por que passou o maior homem que naqueles tempos contava Portugal. Sucessivamente encarregado das mais importantes comissões dentro e fora do país, era o padre Vieira ouvido como conselheiro, e enviado como diplomata a diversas cortes e governos da Europa. Por suas mãos passavam os mais importantes negócios tendo o marquês de Niza, ministro de D. João IV em França, expressa ordem de nunca falar à rainha regente e ao cardeal ministro, senão acompanhado do célebre jesuíta. À sua influência deveu a causa da restauração o valioso auxílio de três fragatas carregadas de petrechos bélicos e o empréstimo de avultada soma de cincoenta mil cruzados. No meio desses triunfos diplomáticos, vemo-lo partir para o Maranhão, em obediência às ordens dos seus superiores eclesiásticos, e, depois de pregar o Evangelho seis anos à tribo dos Poquizes e à dos ferozes Nheengaíbas, empenhar-se com não menos zelo no caloroso debate suscitado entre a Companhia e os colonos acerca da escravidão indígena, o que lhe valeu ser preso e remetido para o reino com outros jesuítas.

O modelo político de Aristóteles e o de Hobbes

Há uma grande diferença entre o modelo político aristotélico e o modelo jusnaturalista ou hobbesiano. A diferença entre ambos os modelos políticos é baseada em divergentes maneiras de ver o homem e sua relação com seus semelhantes, intermediada pela cultura e pelo Estado.

CÓNEGO JANUÁRIO DA CUNHA BARBOSA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL CÓNEGO JANUÁRIO DA CUNHA BARBOSA Nasceu na cidade do Rio de … Ler mais

Frei Sampaio – Independência do Brasil

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA Fr. FRANCISCO DE SANTA THEREZA DE JESUS SAMPAIO Nasceu na cidade do Rio … Ler mais

DOMINGOS ALVES BRANCO MUNIZ BARRETO

  Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA DOMINGOS ALVES BRANCO MUNIZ BARRETO Nasceu na Bahia, na segunda metade do … Ler mais

BIOGRAFIA DE FREI CANECA

Fr. JOAQUIM DO AMOR DIVINO CANECA

Nasceu na cidade de Recife, no bairro de Fora de Portas, freguesia de S. Frei Pedro Gonçalves, (Estado de Pernambuco), em julho de 1779, e faleceu a 13 de janeiro de 1825. Era filho de Domingos da Silva Rebelo, por alcunha Caneca, e D. Francisca Maria Alexandrina de Siqueira.

MANOEL DE CARVALHO PAES DE ANDRADE

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA MANOEL DE CARVALHO PAES DE ANDRADE Nasceu em Pernambuco, entre 1774 e 1778, … Ler mais

Fautores da Independência: VELOSO DE OLIVEIRA e RODRIGUES DA COSTA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA ANTONIO RODRIGUES VELOSO DE OLIVEIRA Nasceu na província de S. Paulo, depois de … Ler mais

ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA MACHADO E SILVA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (Continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA ANTONIO CARLOS RIBEIRO DE ANDRADA MACHADO E SILVA Nasceu em Santos (S. Paulo) … Ler mais

JOSÉ DE REZENDE COSTA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV (Continuação) OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA JOSÉ DE REZENDE COSTA Nasceu no arraial da Laje, distrito da vila de … Ler mais

CYPRIANO BARATA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7. História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.  LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica) Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936) CAPÍTULO IV OUTROS FAUTORES DA INDEPENDÊNCIA CYPRIANO JOSÉ BARATA DE ALMEIDA Nasceu na Bahia a 26-9-1762 e faleceu em Natal … Ler mais

prosa e verso: novelas de Rodrigues Lobo

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XXIII romance FRANCISCO RODRIGUES LOBO Deixou-nos este poeta três novelas pastoris intituladas A Primavera, O Pastor peregrino e O Desenganado, cuja perfeição e mimoso estilo o colocam na primeira plana dos romancistas da sua época. À imitação de Sannazaro na sua Arcádia e de … Ler mais

Ulisséia, Malaca Conquistada e Afonso Africano. Poemas épicos seiscentistas.

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XXII gênero épico Rigorosamente falando, não se encontra na época que ora estudamos nenhuma obra de tal modo monumental que mereça o nome de epopéia, na acepção que lhe querem dar alguns críticos rigoristas, para os quais nem os próprios Lusíadas podem ser condecorados … Ler mais

MANOEL BOTELHO DE OLIVEIRA – poesia barroca na Terra Brasilis

table.main {} tr.row {} td.cell {} div.block {} div.paragraph {} .font0 { font:7.00pt “Bookman Old Style”, serif; } .font1 { font:9.00pt “Bookman Old Style”, serif; } .font2 { font:10.00pt “Bookman Old Style”, serif; } .font3 { font:13.00pt “Bookman Old Style”, serif; } Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XX espécie … Ler mais

A poesia satírica de GREGÓRIO DE MATOS GUERRA

Corrigir os costumes por meio do ridículo foi sempre lou vável, porém difícil tarefa; e tanto mais difícil quanto custoso é parar no plano inclinado da crítica. Desde Arquíloco, que os gregos consideram como o pai da sátira, numerosos são os poetas que se entregaram a esta espécie do gênero didático com mais ou menos êxito. Entre os romanos, Horácio e Juve­nal parece haverem na compreendido por duas diversas fa-sès; o cortesão de Augusto, reconhecendo-se incapaz de deter a torrente da corrupção, imola nas aras da sua faceta musa os ridículos do povo-rei, e, como Demócrito, ri-se e zomba dos seus contemporâneos; ao passo que o implacável discípulo de Cornuto marca com o ferro candente da sua sátira essa de­generada raça que aplaudia os Ñeros, os Claudios, os Calí-gulas e os Domicianos, e que turiferava diante de suas ima­gens. “Cada sátira de Juvenal, diz o Sr. Loise, é um exército disposto em ordem de batalha, cuias setas nartem a um sinal convencionado e dirigem-se ao mesmo alvo.”1 A cólera, a indignação eram suas Musas: facit indignatio versum, como ele próprio se expressava.

A sociedade do consumo e a vida do espírito.

A sociedade do consumo é o modo de produção e reprodução material e espiritual que expande e transforma o consumo de mercadorias no principal fator das relações e das práticas sociais. Tal como a Ilha de Ogigia, a sociedade de consumo propicia uma fauna e uma flora de objetos e prazeres inimagináveis, mas também produz o esquecimento e a alienação sobre nossas próprias vidas. Nesta Ogigia dos tempos modernos, as pessoas vivem vidas que não escolheram, se aferram a valores, crenças e modos de ser e pensar sem nunca refletirem sobre eles ou sobre suas escolhas. Os indivíduos não sabem o que querem e também não sabem o que sentem. Eles se comportam de forma irrefletida, apenas vivem para consumir, sem pensar no que consideram ser seu objetivo de vida ou o que acreditam ser os meios corretos de alcançá-lo. Eles ignoram o que realmente buscam, o que são, o que desejam, o que é relevante ou irrelevante para suas vidas. Viver na sociedade do consumo é viver num mundo atemporal e do esquecimento.

Indústria Cultural e Semiformação: a produção da subjetividade

A indústria cultural poderia ter sido um instrumento de formação cultural, assumindo fins pedagógicos, mas ela se tornou em sua história um instrumento de deformação da cultura e da consciência. Ela significou para a sociedade capitalista não somente uma indústria que cria produtos e entretenimentos padronizados, mas também um poderoso instrumento de coesão social, que incuti valores, preceitos, crenças, modos de ser, pensar, agir e valorizar, servindo de referencial para todos viverem de forma pacifica. Foi ela que ajudou a construir e universalizar os valores da sociedade do consumo. 

Schopenhauer – “Metafísica do Belo” – A Genialidade e o Puro Sujeito que Conhece

Arthur Schopenhauer

“Alguma vez a natureza produziu um homem perfeitamente belo em todas
as suas partes? Opinou-se que o artista tem de estudar conjuntamente
as inúmeras partes belas isoladas distribuídas por muitos homens e
delas compor um todo belo, opinião essa disparatada e destituída de
sensibilidade. Pois perguntemo-nos: como o artista pode reconhecer que
algumas dessas partes isoladas são belas e as outras não?”
(Schopenhauer) Beleza está na idéia representada pela pintura, pela
filosofia, poesia, escultura ou música, não no homem.

FRANCISCO RODRIGUES LOBO, e a poesia bucólica no Teócrito Português

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XIX Gênero lírico espécie bucólica FRANCISCO RODRIGUES LOBO Forma este suavíloquo poeta, chamado o Teócrito Português, a transição da terceira para a quarta época da literatura. Pertence ainda à escola italiana, de que foram paladinos Ferreira, Miranda e Camões, mas participa já da funesta … Ler mais

quarta época — 1580 — 1750 – Curso de Literatura do Cônego Fernandes Pinheiro

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876)

CURSO DE LITERATURA NACIONAL

LIÇÃO XVIII

quarta época — 1580 — 1750

Atribui-se geralmente a decadência da literatura portuguesa ao domínio espanhol, que por sessenta anos enervou as forças e abateu os brios dos netos de Viriato. Para assegurar o triunfo da força e da astúcia sobre o direito forçoso era que promovessem os monarcas usurpadores o obscurantismo; assim pois, desde D. Filipe II até D. Filipe IV vigorou em Portugal um sistema calculadamente combinado para embrutecer o povo, e deturpar o gosto literário.

FERNÃO MENDES PINTO e as viagens portuguesas para a Ásia nos XVI

São de certo as viagens uma das mais agradáveis maneiras de instruir deleitando. Conhecer os usos e costumes dos diversos povos sem correr os perigos inseparáveis das peregrinações, deve ser o ãesideratum dos espíritos curiosos, e ávidos da verdadeira e sólida instrução. Raro porém, é o viajante, que, fielmente compenetrado de sua missão, não troque o foro de historiador pelo de romancista, sacrificando a verdade nas aras da ficção, como que para indenizar-se dos azares por que passara, e das decepções que experimentara. A mesma dificuldade porém de encontrar-se um verídico guia da nossa curiosidade faz com que mais apreciado seja ele, constituindo o seu livro a mais agradável e profícua leitura que se nos possa deparar.

Dentre os numerosos viajantes que enriqueceram a literatura portuguesa no período de que ora nos ocupamos, faremos seleção de um que se avantaja não só pela beleza do seu estilo, como pela sinceridade e modéstia que de contínuo guiam a sua pena.

FERNÃO MENDES PINTO

historiografia portuguesa: História do Descobrimento e Conquista da Índia

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876)

CURSO DE LITERATURA NACIONAL

LIÇÃO XV

LIÇÃO XVI

historiografia

(Ninguém desconhece a importância do estudo da história, magistra vita, testis temporis, na frase de Cícero. Com o fio de Ariane conduz-nos ao labirinto do passado, e faz-nos assistir pela imaginação a fatos ocorridos em estranhos climas e remotas eras. Fez-nos classificá-la nas belas letras o encanto que nos causa a sua leitura, por isso que não poucas vezes a pena do historiador se converte em pincel, e descrevendo, ou narrando, deslumbra-nos pelo brilhantismo do colorido.

De duas diversas maneiras pode-se escrever a história: ou como testemunha impassível dos acontecimentos, registrando-os sem fazer-lhes o menor comentário; ou apreciando as causas donde dimanam os sucessos, e procedendo à rigorosa autópsia das circunstâncias que mais ou menos atuaram sobre eles. O primeiro destes métodos produz a crônica, que rejeita a crítica, e, interrogando as tradições populares, apressa-se em enfeixá-las em um ramalhete de maior ou menor fragrância. Foi Heródoto o patriarca dessa escola, que contou ilustres adeptos, sendo Fernão Lopes o que em Portugal maior nomeada granjeou. Submete a segunda escola todos os fatos à luz da crítica, e nunca conta sem que moralize e racircme. É mais filosófico e infinitamente mais útil o segundo destes métodos: cumpre porém reconhecer que exige ele da parte dos escritores e dos leitores certo grau de adiantamento que lhes permita estudar com imparcialidade o passado, cortando não raro por legendas que sobremodo lisonjeiam o orgulho e a vaidade nacionais.

“Vida do Padre Francisco de Xavier” de Pe. Lucena e “Crônica do felicíssimo Rei Dom Emanuel” de DAMIÃO DE GÓIS

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876)

CURSO DE LITERATURA NACIONAL

LIÇÃO XV

biografia

Todos sabem que pela palavra biografia se entende a história de um indivíduo, que por qualquer circunstância se tornou notável. É fora de dúvida que fornecem elas grande subsídio à história geral de um país por encerrarem grande número de fatos anedóticos, que nesta ficariam deslocados, senão impróprios. Estudando minuciosamente a vida dos protagonistas, conhecendo de perto o seu caráter, tendências, e quiçá aspirações, melhor compreenderemos o drama que ante nós se desdobra. Rejeita a gravidade da história grande número de pormenores que com proveito registra o biógrafo; assim pois, de muitos mistérios dos anais gregos e romanos faz-nos a revelação Plutarco, cuja leitura J. J. Rousseau preferia a todas as outras.

Entre os escritores do período manuelino apenas encontramos um a quem caiba propriamente a denominação de biógrafo, e ainda assim querem alguns que seja ele classificado entre os hagiógrafos, subdivisão criada para as vidas dos santos e varões apostólicos. Desejando porém, quanto nos for possível, simplificar este nosso tosco trabalho, afastar-nos-emos por vezes das rigorosas regras bibliográficas em bem da clareza e da fácil compreensão das matérias. É pois em virtude deste princípio que fugiremos sempre de multiplicar as divisões e subdivisões em que tanto se embaraça o espírito.

PADRE JOÃO DE LUCENA

Epistolografia em D. Jerônimo Osório – Curso de Literatura

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876)

CURSO DE LITERATURA NACIONAL

 

LIÇÃO XIV

epistolografia

Constitui o gênero epistolar pela universalidade dos assuntos que pode abranger, verdadeira pedra de toque do talento do escritor. Não há quem não faça uma carta; poucos porém sabem conservar-se no justo meio que lhe é prescrito pelo bom gosto. Cumpre que nem se perca o autor nas nuvens da hipérbole e da ênfase, nem rasteje pelas baixas e grosseiras expressões. Pretende Blair que seja a carta a conversação escrita, natural como esta, e subindo, ou descendo de tom. segundo a importância da matéria. Poucos são os escritores que verdadeira nomeada tenham alcançado em tais composições; assim vemos que apenas cita a antiguidade as cartas de Cícero e Ático, e nos tempos modernos consideram os franceses a madame de Sévigné como o seu primeiro modelo.

Também no nosso século áureo tivemos um eminente epistológrafo, o qual tanto se aproximou ao amigo d’Ático, que foi denominado de Cícero português. Queremos falar de D. Jerônimo Osório, eloqüente escritor da vida de D. Manuel, cuja obra se subtrai à nossa análise por ser composta em estranho idioma. Julguemos suas Cartas com imparcialidade, dizendo antes duas palavras sobre ele.

D. JERÔNIMO OSÓRIO

JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA – O PATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA

Biblioteca Academia Paulista de Letras – volume 7.

História da Literatura Brasileira TOMO I. vol 3.

 LIVRO PRIMEIRO Época de Transformação (século XIX) 2º período (Fase Patriótica)

Artur Mota ( Arthur Motta) (1879 – 1936)

CAPÍTULO III

O PATRIARCA DA INDEPENDENCIA

JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA

Nasceu na cidade de Santos (S. Paulo), em uma casa da Rua Direita, a 13 de junho de 1763, e faleceu a 6 de abril de 1838, em Niterói. Era filho de Bonifácio José Ribeiro de Andrada e D. Maria Bárbara da Silva. O seu nome de batismo era José Antonio, por haver nascido no dia de Santo Antonio. Mas substituiu o cognome por Bonifácio, antes de completar 13 anos de idade. Jazem os seus restos mortais em Santos, no Panteão adrede construído em homenagem à sua memória, como também foi erguido, na Praça Marechal Deodoro, o monumento aos três Andradas, por ocasião do centenário da nossa Independência.

Na cidade do Rio de Janeiro, quase no centro do Largo de S. Francisco de Paula, a praça dos comícios, erigiu-se a sua estátua de bronze.

 

NOTÍCIA BIOGRÁFICA E SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO CRÍTICO

Variam as maneiras de se apreciar um homem pelos seus atos e suas obras: ou determinam-se-lhe os valores pelo exame da fase em que atuou, e do meio em que viveu, ou tem-se unicamente em vista a sua existência através da sua ação, como personagem dos acontecimentos em que se desenvolveu sua atividade e como autor de obras mentais, ou, finalmente, como reflexo de sua produção, isto é, deduzindo-lhe o valor, fixando-lhe a psicologia, pelo exame intrínseco dos atestados de sua mentalidade. Na primeira função de julgar,intervindo a conexão empírica de causa a efeito, aparece a critica histórica como elemento fundamental. É o senso histórico que prevalece, como sucedeu desde a mais remota Antiguidade, a partir de Heródoto ou mesmo de historiadores mais antigos, porém menos conhecidos.

(1) A bibliografia serve aos capítulos I e II, indistintamente.

 

romance – LIÇÃO XII do CURSO DE LITERATURA NACIONAL de Fernandes Pinheiro

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XII romance Forma o romance a transição entre a poesia e a prosa: conservando da primeira a faculdade inventiva, e os floreios da imaginação, e da segunda a naturalidade da frase. A atenção que importa prestarmos às composições em verso impede que seja duradoura, … Ler mais

Gil Vicente, Poesia dramática e origens do Teatro Português

Cônego Fernandes Pinheiro (1825 – 1876) CURSO DE LITERATURA NACIONAL LIÇÃO XI gênero dramático Estudemos a origem do teatro português antes de anali­sarmos as obras dos que nele maior nomeada obtiveram na época de que nos ocupamos. Nos primeiros séculos da monarquia nada encontramos • de semelhante às representações dramáticas, que eram ape­nas conhecidas por … Ler mais