Catilinárias de Cícero – Oração I

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ORAÇÃO I DE M. T. CÍCERO CONTRA L. CATILINA

Esta oração, pronunciada no dia 8 de novembro do ano 63 c C, é talvez a mais conhecida entre as orações de Cícero.

Cícero investe violentamente contra Catilina, que teve a ousadia de apresentar-se no Senado, embora todos saibam que um exército de revolucionários o espera na Etrúria, chefiado por Mânlio. Catilina mereceria a morte; porém Cícero não pede ao Senado que o processe. Roma pode ter a certeza que ele, Cícero, com a sua solêrcia, garantirá a liberdade do povo romano. Catilina, porém, deixe a cidade. Roma não quer mais saber dele, pois as suas culpas e torpezas são bem conhecidas. Deixe a cidade e, se quer, se junte aos seus companheiros, bem dignos dele, que o esperam para marchar contra Roma. Cícero não o teme, pois, com a ajuda de Júpiter Stator, o exterminará e, com ele a todos os inimigos da República.

Exórdio.

ATÉ quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento?

Marco Túlio Cícero – Biografia

Marcus Tulius Cicero

NOTÍCIA BIOGRÁFICA

Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino, no ano 106 a.C. Sua mãe, Hélvia, pertencia a uma família humilde, mas de boa reputação. Quanto a seu pai, divergem as opiniões dos biógrafos, pretendendo uns que ele tinha ofício’ de pisoeiro, e outros fazendo-o descender de Túlio Átio, que combatera valorosamente contra os romanos.

O nome de Cícero tem uma origem pitoresca: em latino, cicer significa grão de bico e assim foi apelidado um seu antepassado em virtude de ter no nariz uma protuberância cuja forma lembrava a do gravan-ço. A esse respeito, respondeu Cícero quando já homem público, aos amigos que o aconselhavam a mudar de nome: "Farei tudo para tornar o nome de Cícero mais célebre que os de Escauro e de Catulo". Com efeito, Scaurus e Catulus, nomes de oradores famosos, não têm, em latino significados menos jocosos: "pé torto" e "cachorrinho". Mais tarde, quando questor na Sicília, Cícero mandou gravar num vaso de prata que iria oferecer aos deuses, os seus dois primeiros no-

mes, Marcus Tulius, e, no lugar do terceiro, um grão de bico.

Dotado de excepcionais qualidades literárias e filosóficas, Cícero cultivou todos os gêneros de atividade intelectual, inclusive a poesia, tendo composto ainda criança, um poema intitulado Pontius Glaucos, no qual descreve a aventura de um pescador da Beócia, que, depois de ter comido certa erva, se atirou ao mar, transformando-se em deus marino. Aperfeiçoou de tal maneira a sua cultura e tão notável se tornou a sua eloquência, que chegou a ser considerado, não só como o melhor orador, mas ainda como um dos melhores escritores do seu tempo; e note-se que sao do seu tempo escritores como Catulo e Lucrécio.

0 primeiro professor de Cícero, logo terminados os primeiros estudos, foi Filão, o acadêmico, cuja eloquência e cujo caracter eram legitimo motivo de orgulho dos romanos. No mesmo tempo, frequentava Cícero a casa de Mucio Cévola, senador ilustre, em cujo convívio adquiriu um profundo conhecimento das leis.

O CASTIGO DA AMBIÇÃO – O Rei e a Princesa – Contos Infantis

AO castelo do rei Miroslao foram chamados os mais célebres pintores do reino a fim de ser pintado o retrato do soberano.

O rei, que era ainda muito jovem, desejava encontrar a companheira de sua vida.

Entre os numerosos retratos que lhe foram enviados por diversas princesas e altas damas estrangeiras, da mais refinada linhagem, destacava-se um de grande e singular formosura!

Miroslao, desde o primeiro momento, sentiu um ardente desejo de desposar aquela dama tão bela, compartilhando com ela o seu trono.

Por isso é que mandara pintar o seu retrato que seria enviado à jovem princesa, juntamente com o seu pedido de casamento.

Achando-se os pintores todos reunidos, o rei lhes falou nestes termos:

O MACACO E O HIPOPÓTAMO – Fábulas Infantis Africanas

EM uma época muito antiga, quando as bananeiras produziam poucas bananas, existiam numerosos macacos.

Havia um deles chamado Travesso, que morava nas margens do rio.

O macaco Travesso possuia um grupo de bananeiras que lhe proporcionavam frutos suficientes para a sua alimentação, o que lhe trazia satisfação e orgulho porque os seus frutos eram os mais saborosos da região.

No rio habitava o hipopótamo Ra-Ra, que era o rei daquelas paragens.

A MAGNÍFICA IDÉIA DE DOM RATÃO – Biblioteca das Crianças.

A MAGNÍFICA IDÉIA DE DOM RATÃO

DO que mais eu gosto neste mundo — disse d. Ratão — é de queijo assado.

— Queijo assado !— exclamou o seu irmão mais novo. — E como se obtém?

— Ah! Isso é que é o segredo! — respondeu d. Ratão. — Esta noite, Bigodudo, venha comigo e te darei um banquete. Acabo de ter uma ótima idéia.

— Bem — concordou Bigodudo. — Levarei na minha companhia Rabolongo e Orelhudo e veremos em que consiste este plano maravilhoso.

Conto infantil “O CAVALO VELHO”

GALHARDO era um cavalo de tiro já velho. Pertencia a um chacareiro, e havia trabalhado muitos anos a seu serviço.

O chacareiro, porém, estava disposto a vender sua propriedade e o comprador não precisava de Galhardo.

— Um cavalo velho como esse não serve para nada. Procure o senhor desfazer-se dele do modo que puder.

A AURORA DA HISTORIA MODERNA – História do Mundo

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

O Renascimento da Grécia e de Roma

DOS séculos de escuridão raiou uma súbita revelação do antigo passado. Quase da noite para o dia, no século XIV, o mundo aprendeu que tinha havido, muito tempo antes de Cristo, na Grécia e em Roma, raças que viviam na luz de brilhante civilização. E depois, a história não havia começado no tempo de Carlos Magno! Tinha havido poderosos imperadores, grande arte e bela literatura nos remotos dias, anteriores à aurora do mundo cristão!

Diante da descoberta desse maravilhoso fato, os sábios da Europa lançaram-se no frenesi da procura. E muitas das pessoas que por primeiro decifraram os velhos manuscritos gregos e romanos foram os monges cristãos que, por centenas de anos tinham, sem saber, guardado com cuidado aqueles secretos tesouros, nas empoeiradas águas-furtadas e adegas de seus mosteiros.

Quando as histórias da Grécia e de Roma foram afinal descobertas, todo o mundo tentou reconstruir outra Grécia e outra Roma. Ergueram-se templos imitados dos palácios gregos e romanos e esplêndidos banhos. Os homens começaram a escrever poesia e prosa à maneira clássica. Todos, do papa ao camponês, ficaram absorvidos no novo mundo clássico. Os homens tentaram tornar-se crianças de novo e transformar a vida, segundo a maneira dos gregos, num belo brinquedo para sua diversão cotidiana.

O Gênio do Mal – Conto Infantil Indígena

HAVIA uma mocinha meiga e formosa chamada Thakané, órfã de pai e mãe. Fora recolhida ainda criança, por seu tio Madi-a-Komo, cujo nome significa Sangue-de-Boi, e que era um homem cruel.

Madi-a-Komo não recolhera a sobrinha senão para fazê-la trabalhar duramente em seu proveito.

Pensara também que, quando ela fosse grande, a sua beleza, já notável em criança, a faria encontrar um esposo muito rico, grande chefe, que possuisse numerosos rebanhos. Assim

êle, como tio, receberia um grande número de bois no dia em que lha desse em casamento.

AS DUAS MARIAS – Contos de Fada

MARIA foi passear levando sua boneca Bilóca em um carrinho muito lindo.

O dia estava maravilhoso e o sol resplandecia alegremente.

A menina penetrou no bosque, porém, quando o atravessou, observou muito assustada que se havia extraviado.

— Não há de ser nada — disse para se consolar. Em breve encontrarei alguém e perguntarei o caminho para voltar para a minha casa.

Com efeito não demorou a avistar um indivíduo bastante estranho!

O heroísmo de Linda – Biblioteca das Crianças

LINDA era uma cachorrinha “fox-terrier” ainda nova.

Foi tirada de sua mamãe quando era muito pequenina e a vida, a partir de então, se tornou muito áspera para a pobrezinha.

Parecia que ninguém a queria.

Podia recordar-se de todos os amos que teve, porém, pensava que nada devia a nenhum.

Muitos foram vagabundos, rudes e maus, que deixavam que os acompanhasse com a esperança de que caçasse alguns coelhos para eles.

A TUMULTUOSA HISTÓRIA DA IDADE-MÉDIA – Maravilhas do conhecimento Humano

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

O Romance das Santas Cruzadas

O PAPA Urbano II, do alto de uma colina, em Cler mont, no ano de 1095, falava à maior assembléia até então reunida na Cristandade. Levantando as mãos para o céu, exclamava: “Partamos para Jerusalém afim de libertar a Igreja!” Tão forte foi o apelo que a multidão inteira gritou, numa só voz: “Sim, essa é a vontade de Deus!” Assim começou a primeira cruzada.

Grande fervor religioso empolgou todos os povos da Europa, no século XI. Os turcos haviam capturado Jerusalém e não queriam permitir o acesso dos cristãos ao Santo Sepulcro.

No décimo século, a maior parte da Europa havia sido assolada por carestias e pragas. Em 999, estava predito que o mundo se acabaria no Dia de Ano Bom. O povo se tornava cada vez mais ligado à religião e menos ligado à vida. Guerra era a ordem do dia. A principal diversão do senhor feudal era alistar servos para combater. Tão violento se tornou o desejo de combater que a Igreja viu-se obrigada a pôr um limite àquilo. Para isso, decretaram os Papas, ilegais os combates em especificados dias da semana. Esse decreto logrou conservar certa medida de paz….

O BONECO MARINHEIRO – Historinhas ilustradas para crianças

LULU tinha onze bonecas e todas as noites, antes de deitar-se, punha-as sentadas e enfileiradas sobre a mesa do quarto de brinquedos.

Havia duas bonecas vestidas de fada, dois bebês, uma boneca que caminhava, uma boneca francesa, com pestanas de verdade, duas bonecas de pau holandesas, duas bonequinhas japonesas e um bonequinho vestido de marinheiro.

Este último era um boneco para menino, e, naturalmente, não lhe era muito agradável passar todo o dia fazendo companhia a fadas, bonecas e bebês.

Sua vontade seria viver entre soldados, ursinhos ou cavalos de papelão.

Sua opinião era que as demais bonecas, suas companheiras, tornavam-se cada dia mais bobas.

— Quem me dera — pensava, pertencer a um menino. Não gosto de viver na companhia de bobas como vocês.

ESPLENDORES DA GRÉCIA E DE ROMA – História do Mundo

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NO sétimo século antes de Cristo, viveu nas margens do cálido Mediterrâneo um povo extraordinário, que produziu uma civilização, maravilha dos tempos. Eram eternas crianças. Riam, cantavam e criavam os mais profundos trabalhos de arte, com espírito de crianças. Porque eles viviam na terra da juventude.

Imaginai uma raça de jovens precoces, na madrugada do mundo. O abotoar de uma flor, o movimento de uma nuvem e o gorjeio de um pássaro despertam na criança um sentimento de maravilha e de deleite. A criança está muito próxima da poesia das coisas naturais. E assim como os gregos, não receia mostrar seu corpo, esbelto, porque não conhece o exibicionismo ou a vergonha. E’ franca em todos os seus desejos, pensamentos e funções naturais. E’ tão supremamente espontânea que atingiu a completa expressão de si mesma.

Foi o caso dos gregos no sétimo século antes de Cristo. Nossas regras sociais de moralidade ter-lhes-iam parecido incômodas… não, porém, porque fossem de algum modo imorais. Um povo tão jovem e sincero nunca poderia ser chamado de imoral, pela mesma razão porque não o fazemos com a criança, que ainda não aprofundou bastante a distinção entre mal e bem.

Histórias Infantis – Fábula OS TRÊS LIMÕES

CERTO Sultão tinha um filho, pelo qual sentia justificado orgulho, porque êle era belo e de gênio jovial, e nunca se soube que houvesse cometido uma ação censurável.

No círculo da Corte, era êle o astro mais brilhante. O Príncipe era cortês para com todas as damas, mas não favorecia a nenhuma em particular; e como os anos iam correndo sem que êle manifestasse o desejo de escolher uma esposa, o Sultão tornou-se apreensivo.

— Meu filho, — disse êle certa vez, por que não escolheis uma noiva? Acho que já é tempo de vos casardes; eu seria tão feliz se vos visse pai de filhos, antes de deixar este mundo. Ser-vos-ia tão fácil fazer a vossa escolha entre as belas jovens que vos cercam! Eu não experimentaria dificuldade alguma se estivesse em vosso lugar! Temos tão lindas moças em nossa terra!

O jovem príncipe fitou seu pai, tornando-se pensativo.

AS MARAVILHAS DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES – História do Mundo

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Capítulo de ebook Ilustrado de Henry Thomas (1821 –1862) de História do Mundo, com resumos e apresentações sobre: AS MARAVILHAS DAS ANTIGAS CIVILIZAÇÕES; A Atlântida Perdida ;Estranhas civilizações da América primitiva ; Egito, terra de mistério e de magia ; A Fascinação da Índia e da Babilônia; Primitivos piratas do mar; As oito maravilhas do mundo antigo

Histórias Infantis – O Caçador Furtivo

PEDRO estava almoçando em companhia de seus pais. Prestava muita atenção à conversa dos mesmos, porque de fato era muito interessante.

— Há muitos caçadores furtivos nos bosques — disse o pai. — Joaquim, o guarda, diz que não sabe quem é o culpado, mas, que todas as noites desaparecem coelhos e aves. Deve, forçosamente, ser algum forasteiro!

— Escuta, papai — interrompeu Pedro — Joaquim não viu o caçador furtivo?

— Sim! Julga que uma vez chegou a vê-lo! — respondeu o pai. — É um indivíduo alto, forçudo e com barbas!

Pedro ficou muito preocupado com o caçador furtivo e pensou que um dia Joaquim havia de surpreender o criminoso.

— Se eu tivesse uma espingarda como Joaquim, havia de perseguí-lo todas as noites, e não teria medo algum! — pensou o menino. — Oxalá pudesse descobrí-lo!

Dois dias depois, quando o sol se punha, deu-se a casualidade de estar Pedro debruçado à janela mais alta de sua casa.

Procurava ver se descobria seu amigo Tomás, o filho do guarda, na colina situada em frente da casa.
Enquanto olhava, seus olhos se fixaram num indivíduo alto, que desaparecia nos bosques de seu pai.

Histórias Infantis – OS DEZ URSINHOS

Essa é mais uma historinha infantil clássica no Consciência, o conto dos dez Ursinhos.
ERA uma vez dez ursinhos que moravam na cidade das Doçuras. Moravam em dez casinhas colocadas uma ao lado da outra. Amavam-se muito e saíam sempre juntos.

As casinhas eram numeradas de um a dez e cada um dos ursinhos conhecia muito bem a sua casinha lendo o número da porta.

Gógol – O Diário de um Louco

Considerado como o primeiro representante verdadeiro do realismo russo, NIKOLAI VASILIEVITCH GÓGOL nasceu na região de Poltava em 1809, de uma, família de cossacos ucranianos tipicamente patriarcal. O pai era comediógrafo de fama local e exerceu influência sobre a sua formação literária; a mãe, espírito inclinado ao misticismo religioso, sobre a sua formação moral. Gógol teve uma infância feliz e fêz medíocres estudos no liceu de Néjin, onde sobressaiu, principalmente, pelo seu talento de ator. Em 1828 vai para São Petersburgo. Era, como bom ucraniano, humorista e sonhador, imaginativo e realista, mas, o que contrastava com os de sua região, pouco expansivo, irritadiço e pouco sentimental.

ARCÁDIO AVERTCHENKO – Biografia e Obras

ARCÁDIO TIMOFEEVITCH AVERTCHENKO nascido em 1881 e falecido em 1925, foi editor da revista “Satyricon”, na qual colaborolou também a poetisa Teffi e teve como seu poeta Sacha Tcherngi (pseudônimo de A. Gluckberg) autor de poesias para crianças. “Satyricon” foi uma revista satirico-humoristica (não a única em seu tempo) que publicava contos e folhetins satíricos, e cômicos, tendo mesmo aberto suas portas a Vias Mikháilovitch Borosevitch 186-‘¡-1921) autor muito querido de Tolstói.

A verve de Avertchenko pode ser apreciada neste pequenino conto que aqui vai inserto, o qual tem a qualidade de trazer para esta, coleção de contos célebres da literatura russa, o traço de humorismo que, muitas vezes, reponta entre os autores eslavos. Neste mesmo gênero’ conhecemos as histórias que com os títulos de “Sob as nuvens”, “Confissão inútil”, “Os dias negros”, “O velho alegre”, “Como foi salvo o jornal” e tantos outros apareceram na imprensa sob a responsabilidade do nome de Avertchenko. Tchékhov não menosprezava os contos humorísticos que cultivou também com êxito. “Sim ou não?”, “A obra de arte”, “O drama”, “A cirurgia” entre outros são conhecidos como dos melhores do famoso autor.

Os contos de Avertchenko, embora ligeiros de espírito, levam sempre uma dose de amargura constante e quase secreta.

IVÁNOV – Biografia e excerto de “O trem blindado 1469”

VSEVOLOD VIAGESLAVOVITCH IVÁNOV era filho de camponeses, tendo nascido em 1895 nas estepes quirgizas. Sua mãe descendia de uma familia de deportados, seu pai era filho natural de um governador do Turquestão. Após o assassinato de seu pai por um dos próprios filhos, fugiu da escola e acompanhou, por muito tempo, um bispo ambulante. Teve depois as atividades mais diversas: aluno de um instituto de agricultura, palhaço, impressor, conferencista, acrobata.

Em 1917 entrou ao mesmo tempo no partido bolchevista e no social-revolucionário, que, apesar do nome, era adversário do bolchevista.

Gorki notou o seu talento de escritor num jornal de provincia e o introduziu nos círculos literários.

“O trem blindado 1469” è a sua obra de maior importância. Ivánov tem também contos, mais ou menos divulgados entre nós. Para esta coleção, demos preferência, entretanto, a um excerto do seu famoso livro. Não é, propriamente um conto, mas, extraído do relato geral, tem as características do gênero e põe o leitor em presença de um trecho seleto do escritor.

O trem blindado U/69 está em mãos dos brancos e percorre a Sibéria dispersando os destacamentos de revolucionários vermelhos. A revolução explodiu, em Vladivostok, o trem blindado é enviado para esmagar os bolchevistas que a dirigem. Estes encarregam o destacamento de camponeses vermelhos de Nikita Vers-chinine de fazer parar o trem. Está previsto que uma ponte sobre a qual passa a estrada de ferro saltará, antes da sua passagem, e que os revolucionários se apoderarão dele, então. Ê o que se lerá, em seguida.

Leonid Andréyev – Biografia e obra O GRANDE “SLAM”

Poucos anos depois do aparecimento de Gorki, entre 1895 e 1900, apareceu nos meios literários russos um contista, que logo chamou a atenção do público. Era LEÔNIDAS NIKHOLAIEVITCH ANDRÉIEV, nascido^ em Orei em 1871, de família burguesa, formado em Direito pela Universidade de São Petersburgo e mesmo tendo exercido a profissão de advogado, acabou abandonando essa carreira pela literatura. Viveu parte da sua existência na Alemanha e na Finlândia, onde faleceu.

Personagem bastante complexo sob o ponto-de-vista psicológico e artístico, Andrêiev foi um fiel intérprete da própria época em que viveu e dotado de bastante originalidade.

Escreveu: “O abismo”, seu primeiro e retumbante êxito (1902) seguido de “O pensamento”, “O governador”, “O riso vermelho”, etc. “O rei fome”, que escreveu mais tarde, obteve tal êxito que, num só dia, vendeu os 18.000 exemplares impressos dessa obra. Sua obra é vasta, tendo se espraiado pelo teatro, onde é considerado um artista de valor pela sua produção. O escritor é mesmo apontado como um dos renovadores modernos da cena. Seu “Diário de Satanaz” foi publicado apôs a morte.

Exilado voluntário na Finlândia depois da revolução russa com a qual não concordou, aí faleceu, vítima de um envenenamento, intencional ou talvez acidental (o escritor já havia tentado contra a vida em outros tempos) deixando uma obra digna de estudo e reconhecimento, filiada à corrente realístico-simbolista que no-seu tempo dominou a ficção russa.

Aleksandr KUPRIN – Biografia e conto UM MÁRTIR DA MODA

Entre os chamados escritores realistas e simbolistas, seguidores da escola de Gorki, devemos citar a ALEXANDRE IVANÓVITCH KUPRIN, moscovita nascido em 1870, a quem a família destinava à carreira das armas, mas que cedo optou pela das letras. “Gente de Kiev” é a sua primeira obra importante, publicada em 1896, tendo se revelado bom folclorista e agudo observador. A melhor e mais conhecida das suas novelas é “O duelo”, resultado de suas observações de uma pequena cidade de guarnição. Escreveu ainda “Gambrinus”, em que estuda um grande porto e “A Fossa”, relato da vida. das mulheres perdidas. A curta novela “O bracelete de rubis” é dos seus trabalhos o mais divulgado.

No romance, Kuprin é conhecido pelo seu discutido livro “Yàlma”, crítica à sociedade contemporânea.

Depois da grande guerra e da revolução russa, Kuprin abandonou a pátria, estabelecenão-se em Paris.

O escritor é também conhecido por ter escrito, entre outros trabalhos: “Olessia”, “Moloch”, “No circo”, <CA judia", "A boda", etc. De "Yalma", Kuprin fêz uma adaptação teatral para a cena francesa.

Lo Gatto registra a sua morte como ocorrida em 1938, sendo que outros historiadores da literatura russa dão-na como tendo sido em 1912.

ÉTICA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

maravilhas das antigas civizações

A ética, no entanto, é bastante difícil de ser definida. O filósofo G.E. Moore escreveu que “ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom”. O Dicionário Oxford de Filosofia apresenta a ética como “o estudo dos conceitos envolvidos no raciocínio prático: o bem, a ação correta, o dever, a obrigação, a virtude, a liberdade, a racionalidade, a escolha”. O Pequeno Vocabulário da Língua Filosófica não faz diferenciação nenhuma entre ética e moral, remetendo o leitor diretamente para o verbete “moral”. O filósofo contemporâneo Peter Singer escreve: “A ética existe em todas as sociedades humanas, e, talvez, mesmo entre nossos parentes não-humanos mais próximos. Nós abandonamos o pressuposto de que a ética é unicamente humana.”.

A MÃE DE BRANCO – Conto de Fyodor Sologub

” FIÓDOR KUSMJTCH TETÈRNIKOV é o verdadeiro nome do escritor russo Fiódor Sologub, geralmente conhecido como narrador e, principalmente, autor do romance “O demônio mesquinho”, embora pela história literária russa considerado mais como poeta, conhecido entre os modernos autores pelo seu “satanismo” e pelo classicis7)io de sua linguagem muito vizinha da dos parnasianos. Embora simbolista, Sologub se mantém fiel a certo purismo lingüístico da escola anterior, sendo um grande mestre da palavra. O poeta é geralmente apreciado, tendo publicado seu primeiro volume de “Poesias” em 1896, sendo ãe resto muito 2>essoal na sua inspiração tôãa voltada para um mundo sem Deus, reflexo do próprio mundo interior.

O primeiro romance de Sologub chamou-se “Sonhos maus” e é francamente autobiográfico. O objetivo realista é indicado pelo próprio autor que escreveu: “Não tive necessidade de imaginar nada. Tudo aquilo que aparece como anedótico e psicológico em meu romance está fundado em observações muito precisas”. Sologub escreveu outros trabo.lhos em que a lenda se mistura à realidade e, por vezes mesmo, aos contos de fadas. “O triunfo da morte” é um deles. Em 1921 foi publicado o seu romance “A encantadora de serpentes” em que entra em cena o elemento social. Nesse livro, Sologub se mostra um sonhador, mas com tendência a certo sentimento de consolação, que o redime de todo o pessimismo de sua obra anterior.

Angústia – Conto de Antón TCHEKHOV

Filho de um pequeno merceeiro ãe Taganrog, ANTON PAOLOVITCH TCHEKHOV nasceu nessa cidade no ano de 1860, tendo aí iniciado seus estudos, que continuou em Moscou em cuja Faculdade de Medicina formou-se. Para ganhar a vida, escrevia contos, que conheceram êxito rápido, senão publicados em volume a que o autor deu o nome de “Contos ãe todas as Cores”, assinados “Tchekonte”. Graças ao êxito de suas narrativas, algumas ãe fino humorismo, o escritor abandonou a medicina, dedicando-se, exclusivamente ò, verdadeira vocação, o que permitiu à Rússia ter assim o melhor dos seus contistas.

Tchékhov escreveu: “Contos e narrativas”, “Discursos inocentes”, “Na penumbra”, “Um duelo”, “Gente triste”, “O pesadelo”, “A Bruxa”, “A estepe”, “Os inimigos”, “A sala número seis”, etc. Também escreveu para o teatro, cultivando a farsa, o sainete e o drama, tendo obtido êxito e permanência, pois continua sendo representado.

Doente de tuberculose da qual veio a falecer, o grande contista revela, em geral, fundo pessimismo em quase tôda a sua obra que reflete, não obstante, uma grande sobriedade, agudo dom de observação, uma lúcida objetividade, sem grandes lances de ilusão, senão escritor que merece destaque na literatura mundial.

Vsevolod Gárshin – Biografia e conto O SINAL

GÁRSHIN

(1855 — 1888)

O “mal do século” atingiu de forma definitiva, levando-o ao suicídio a VSEVOLOD MIKHAILOVITCH GÁRSHIN, fruto de uma sociedade agonizante e último produto de uma nobreza em decadência, que não soube reagir aos insultos das enfermidades e aos golpes das transformações sociais e espirituais de seu tempo. Os personagens deste escritor atormentado são todos vítimas de uma “consciência doente”, homens torturados pelo problema do mal.

Discíptilo de Gógol e de Dostoievski, o infeliz escritor nasceu em Bachmut, tendo estudado em São Petersburgo e tomado parte na guerra russo-turca.

Entre seus diversos contos mais conhecidos, é notável o que se chamou “Quatro Dias”, inspirado nos horrores da guerra. “A flor vermelha” é outro relato seu de grande intensidade emotiva.

Gárshin viveu atormentado por uma doença nervosa, que o levaria a um trágico fim aos 88 anos de idade.

ISAAC BABEL – O BEIJO

ISAAC EMMANUELOVITCH BABEL nasceu em 1894 num stibúrbio de Odessa, de família israelita. Foi educado até os 16 anos numa escola judia, depois, feitos os estudos de Comércio, foi para São Petersburgo onde o preconceito racial lhe fêz a vida dura. Escreveu seus primeiros trabalhos, novelas redigidas em francês, em 1909. Gorki aconselhou-o em 1916 a abandonar por instantes a literatura e ir viver entre os homens. Babel seguiu o conselho e se fêz cavalariano do Exército Vermelho de Buãieny e só começou a publicar em l92Jf. Seus “Contos de Odessa” e sua “Cavalaria Vermelha” colocaram-no. rapidamente, entre os primeiros escritores de sua pátria.

Babel se iniciou como um narrador da pequena burguesia hebraica. Depois contou sua experiência militar de cavalariano de Budieny, mas também narrou fatos da revolução nos campos (“Húmus”, “Virineia”) e episódios da vida dos menores abandonados, os chamados “bezprizòrnyie”, durante os anos da guerra civil (“Os transgressores da lei”, “Três amigos”, etc.). “Artista de agudíssima intuição, Babel soube dar em pequetios quadros, justamente chamados por Voroskij de minia-tuaras, um complexo épico e lírico ao mesmo tempo, de um dos momentos mais vivos da guerra civil, ora fazendo falar simples soldados, ora descrevendo em fundos de natureza quase elementares, mas precisos, cenas cotidianas, que, superando o cronológico, se afirmam como significados universais de dolorosa humanidade”, escreve Lo Gatto.

O BEIJO

EHRENBURG – O CACHIMBO DO DR. PETERSON

ILYA GRIGORIEV EHRENBURG nasceu em Kiev em 1891. Oriundo de uma familia hebraica. Mocidade difícil, encargos penosos levaram-no à revolta contra o regime vigente em sua pátria. Negaram-lhe, inclusive, a matrícula no curso secundário.

Encarcerado em 1908. Um ano depois, abandonava a Rússia indo viver na França. Durante oito anos percorreu, a Europa, tendo voltado à pátria, em 1917, onde exerceu diversas funções. Seu romance “Júlio Jurenito” conta essa peregrinação européia.

Correspondente durante a guerra civil espanhola e no correr da última conflagração mundial.

Obras principais: “Treze cachimbos”, “Miguel Likov”, “Júlio Jurenito”, “O beco de Moscou”, “O amor de Joana Ney”, “Espanha”, “O supervisor do tempo”, “A queda de Paris”, etc.

Panfletário de inteligência, rápida e viva, satírico impiedoso, desempenhou, grande papel na imprensa e na literatura soviética. Condecorado com a ordem de Lênin.

Conto do Escritor Russo ZOCHTCHENKO

ZOCHTCHENKO (1895-1958)

Nasceu MICKHAIL MIKHÁIL O VITCH ZOSCHTCHENKO no ano de 1895. Seu pai era pintor. Quando a guerra explodiu, em 1914, ele era estudante, mas se apresentou ao Exército voluntariamente e foi ferido e gaseado. Em 1918 e 1919 foi soldado do Exército Vermelho.

Sua atividade literária começou em 1921.

Zóschtchenko escreveu, então, numerosos contos humorísticos e satíricos, em que se compraz em rela­tar a vida da gente humilde e dos simples.

Este autor é considerado o mais corajoso e o mais original dos humoristas que a Rússia soviética produziu neste últimos tempos

Ética de Aristóteles – O Bem e a Comunidade – História da Filosofia Antiga

C. O Bem e a Comunidade

A ética é uma ciência, a que está para sempre ligado, como na lógica e na metafísica, o nome de Aristóteles. Referimo-nos, é claro, à doutrina moral do Aristóteles amadurecido, tal como se encontra na Ética a Nicômaco. A ética da mocidade, em que o seu pensamento, no estilo de Platão, é ainda fortemente teonómico e metafísico, é pouco conhecida. Também nesta matéria. Aristóteles evoluiu, como veremos.