Definição do Território do país – História do Brasil

Enquanto a disputa a respeito de Sacramento e da margem norte do rio da Prata, durante sessenta anos, inquietou os gabinetes dos dois reinos e toda a diplomacia européia, com os seus altos clamores, ficando, entretanto, sem resultado algum digno de nota, obtinha a própria colonização brasileira, em outros lugares, às caladas, o maior sucesso e tomava aos espanhóis as terras do coração da América do Sul.

Primeiramente: prosseguindo da foz do Amazonas, rio acima, já ela havia alcançado o curso superior desse rio, quando ali encontrou os primeiros precursores da colonização espanhola (cerca de 1700). Foi um jesuíta alemão, Samuel Fritz, membro da missão de Quito, autor do primeiro mapa autêntico da bacia do Amazonas; estava ele justamente ocupado nos trabalhos preparatórios para esse efeito, no levantamento do curso do rio, quando foi apanhado, como espião espanhol, pelo diretor de uma colônia avançada brasileira. Posto em liberdade ao cabo de dois anos de prisão, nos seus últimos anos trabalhou com sucesso na conversão entre os índios do Alto Amazonas e estabeleceu uma das tribos de índios mais bravos em torno da cruz da sua missão, na região da atual aldeia de Olivença.

Depois de sua morte, ficaram as novas missões sob a direção dos irmãos da ordem de Cristo, portanto, sob a soberania espanhola; porém, em breve, elas foram ultrapassadas pela colonização brasileira que avançava, e no ano de 1708, durante a guerra de sucessão espanhola, mandou o capitão-general do Pará avisar aos missionários espanhóis que se retirassem do território brasileiro.

Os princípios históricos de Minas Gerais – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

CAPÍTULO XI

A capitania geral de São Paulo (continuação)

A província vizinha ao norte, filha da de São Paulo, a (capitania geral) de Minas Gerais, à qual passamos agora, abrange, segundo os dados comuns, uma área de 15.000 léguas quadradas, e, por sua conformação, é um planalto de rica articulação montanhosa, que constitui para todo o continente brasileiro o próprio núcleo central de rocha. Mais ou menos no centro da região, e estendendo-se dali para oeste, na direção de Goiás, está o nó de todo o sistema de montanhas brasileiras, do qual decorrem para todos os lados as cadeias de montanhas e planaltos, bem como os grandes rios: para sudoeste o Paraná, para o norte o Tocantins, para nordeste, o São Francisco, e para leste os rios costeiros Jequitinhonha, Mucuri e Doce.

O descobrimento do ouro e o início do desenvolvimento econômico paulista

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

CAPÍTULO XI

A capitania geral de São Paulo (continuação)

Chegamos agora ao segundo fenômeno, que, para a história de São Paulo e das outras regiões do sudoeste do Brasil, é de não menor importância: o descobrimento do ouro.

Sabe-se que, na época do descobrimento da América, toda a Europa ficou firmemente persuadida de que o novo continente de oeste encerrava em todas as suas partes inesgotáveis tesouros minerais; aonde quer que chegassem os descobridores europeus, tanto no extremo norte como no extremo sul, cuidaram primeiro que tudo de farejar jazidas de ouro e de pedras preciosas, e, em muitos lugares, foram precisos muito tempo e muito amargo desengano, antes que se dissuadissem dessa preconcebida crença.

Assim também no Brasil. A coroa de Portugal desde logo reservou para si o quinto de todos os metais e pedras preciosas que fossem achados, e por sua vez cedeu um décimo desse quinto aos donatários das capitanias brasileiras (1534); e impôs imediatamente ao primeiro governador-geral do império colonial (1549) a especial obrigação de procurar ativamente minas.

A capitania geral de Pernambuco – Brasil Colônia

CAPÍTULO VIII

A capitania geral de Pernambuco

O segundo grupo de Estados brasileiros é a capitania geral de Pernambuco, que se estendia entre os limites do antigo Estado do Maranhão de um lado, o rio São Francisco de outro lado, e compreendia as atuais províncias do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.

Foi esta mesma região a que formou o principal elemento do impérií^olonial da Companhia Holandesa das índias Ocidentais, a Nova Holanda Brasileira, e nós interrompemos a sua história justamente no momento em que com a capitulação do Recife, a 26 de janeiro de 1654, ficou completamente restabelecida a soberania portuguesa. Com isto as antigas condições de novo se estabeleceram, se bem que com grandes modificações.

Antes da invasão holandesa existiam, como se sabe, entre o Ceará e o rio São Francisco, quatro capitanias, sendo duas da coroa, Rio Grande do Norte e Paraíba, e duas feudais, Itamaracá e Pernambuco; estas ambas ainda se transmitiam por via de sucessão à descendência dos primitivos donatários: Itamaracá, à de Pero Lopes de Sousa; Pernambuco, à de Duarte Coelho. Os governadores hereditários não haviam, porém, podido conservar os seus domínios nem reconquistá-los; a guerra de independência contra os holandeses foi conduzida não nos seus nomes, mas sob as bandeiras reais, e assim o rei d. João IV julgou-se com direito de confiscar os dois feudos e reuni-los à coroa. Naturalmente protestaram contra isso as duas famílias interessadas e por meio de reclamações e queixas judiciais procuraram obter a revogação desta medida. Assim, em primeiro lugar quanto a Pernambuco, Duarte d’Albuquerque Coelho, o último herdeiro feudal que havia estado realmente empossado, falecera ainda durante a guerra de libertação e havia deixado uma única filha herdeira, a esposa de d. Miguel de Portugal, conde de Vimioso; esta intentou um processo contra o rei, para a restituição do seu feudo hereditário, e os seus descendentes continuaram o mesmo durante sessenta anos, com alternativas da sorte, isto é, diversas vezes obtendo sentença favorável; porém, sempre lhes foram contrapostos novos embargos.

Finalmente, quando se compenetraram de que a coroa de modo algum desistiria desta importante província, propuseram uma acomodação; com a sanção do rei d. João V concluiu o pretendente, d. Francisco de Portugal, conde de Vimioso, um ajuste com o procurador da coroa, no qual ele renunciava para si e seus herdeiros a todos os direitos sobre Pernambuco, e em troca receberia, a título de indenização, a quantia de 80.000 cruzados, pagáveis em dez iguais prazos anuais e além disso o marquesado português de Valença, que sob o mesmo título passaria ao seu filho e, sob o título de conde, deveria passar aos seus seguintes descendentes (1716).

OCUPAÇÃO DO LITORAL. A CONQUISTA DO NORTE E A PENETRAÇÃO DA AMAZÔNIA – História

Marechal deodoro da fonseca

OCUPAÇÃO DO LITORAL. A CONQUISTA DO NORTE E A PENETRAÇÃO DA AMAZÔNIA. Professor Brasil Bandecchi. Garantidos os direitos portugueses pelo Tratado de Tordesilhas, que fixou fronteiras na América, ficou a Portugal a preocupação, inicialmente, de defender o litoral que ia da Uha de Marajó (na parte mais próxima do Estado do Maranhão) até Laguna e … Ler mais

Antologia selecionada dos Lusíadas de Camões e explicações

Quem foi Camões LUIS DE CAMÕES (Lisboa, 1524-1580) estudou na Universidadede Coimbra e militou com distinção, perdendo um olho na campanha deCeuta. Um amor infeliz por D. Catarina de Ataíde certamente contribuirpara quatizar de dulcíssimo romantismo a vida deste poeta-soldado. Em 1553 embarcou para a Índia, exercendo em Macau um ofício de provedor, e de … Ler mais

FRANCISCO DE SÁ DE MENESES

FRANCISCO DE SÁ DE MENESES (Porto, 1600-1644) foi senhorde uma opulenta casa e varão mui respeitado por suas luzes e virtudes.No vigor da idade viuvou, e, desgostoso, acolheu-se ao Mosteiro de Ben-fica, onde nove anos antes falecera Fr. Luís de Sousa, e aí professoulomando o nome de Fr. Francisco de Jesus. É conhecido pelo seu … Ler mais

Resumo sobre GIL VICENTE e Teatro Vicentino – Fase Quinhentista

CAPITULO 4

FASE QUINHENTISTA

(Século XVI)

POETAS PORTUGUESES

GIL VICENTE (Guimarães, 1460-1536) seguiu em Lisboa, onde então
se achava a Universidade, o curso de Jurisprudência, e ensinou Retórica
do Duque de Beja, D. Manuel, que sucedeu no trono por morte de D,
João II. Aclamado rei esse príncipe, Gil Vicente entrou a escrever peças
dramáticas, começando pelo Monólogo do Vaqueiro ou da Visitação (1502)
e fazendo representar no ano de sua morte a Floresta dos Enganos.

Dividem-se as suas composições em Obras de devoção, Comédias Tra-
giomédias, Farsas
e Obras várias. Entre as primeiras citam-se como as
melhores: O Auto da Barca do Inferno, o da Barca do Purgatório e o da
Barca da Glória. Julga-se a mais perfeita farsa Inês Pereira. Romagem de
Agravados
é a mais apreciada das tragicomédias. À comédia de Rubena or-
dinarimente se confere a primazia na sua espécie.

Gil Vicente foi poderoso e original engenho, e sobretudo se avan-
tajou no mordacíssimo chiste, que não raro degenerava em grosseiras
Indecências. Mais do que isto, os arcaísmos da linguagem a bem pouco
limitam o número de seus leitores atuais.

Não se deve confundir, segundo a autoridade de Teófilo Braga, a
Gil Vocente, poeta, com o ourives ou lavrante de igual nome. Este ponto
foi bem elucidado por C. Castelo-Branco.

Auto da Mofina Mendes – Teatro Vicentino

BOCAGE – Biografia e Poemas

MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, Setúbal (1765-1805)partiu como guarda-marinha para a Índia e de lá se escapou para Lisboa,onde tomou o nome de Elmano Sadino e granjeou suma popularidade pelamelodia de seus versos e pasmosa faculdade de improvisar. Foi uma vez preso por divulgar idéias ímpias e sediciosas, e cantoua palinódia em poesias mais sinceras, … Ler mais

NICOLAU TOLENTINO DE ALMEIDA

NICOLAU TOLENTINO DE ALMEIDA (Lisboa, 1741-1811), foi
professor de Retórica, e, enfadado de tal ocupação, começou a lisonjear
os poderosos, de quem obteve finalmente o lugar de oficial da Secretaria
do Reino, em que tinha posto as suas mais altas aspirações. Manejou a
sátira com verso fluente, cuja forma predominante era a quintilha octos-
sílaba, e nunca se distanciou de polida mordacidade.

DOMINGOS CALDAS BARBOSA

DOMINGOS CALDAS BARBOSA — nascido no Rio de Janeiro em
1740 e falecido a 9 de novembro de 1800, em Lisboa, onde viveu, am-
parado pelo Marquês de Castelo Melhor e pelo Conde de Pombeiro.

Pertenceu à nova Arcádia, na qual tinha o apelido de Lereno. É
poeta simples, fácil e espontâneo, improvisador de modinhas e lundus,
que muito se apreciavam nos saraus de Lisboa e ficaram na memória po-
pular. Seus versos, suas cantigas amorosas, acham-se na Coleção de poe-
sias
(1775) e em A Viola de Lereno (1798). Sílvio Romero faz notar
"a simplicidade de seus versos, mui longe da retórica inchada de Bocage e
Agostinho de Macedo"; e assinala ainda a ausência de imoralidade e
a falta de mordacidade, o que o torna bem diferente dos seus contem-
porâneos. Escreveu também para o teatro: A Saloia Namorada, A Vin-
gança da Cigana
e A Escola dos Ciosos.

Mestiço, são seus os seguintes versos, com que se dirige o Padre
Sousa Caldas:

"Tu és Caldas, eu’ sou Caldas;
Tu és rico e eu sou pobre;
Tu és o Caldas de prata;
Eu sou o Caldas de cobre."

Na biblioteca do Gabinete Português de Leitura encontra-se, sob o
n.° 13.009, um manuscrito, de letra da época, com o título Cantigas de
Lereno, selinuntino, da Arcádia de Roma,
de onde se transcrevem aqui
as poesias abaixo.

O que é Amor

Levantou-se na cidade
um novo e geral clamor:
todos contra amor se queixam,
ninguém sabe o que é amor.

DOMINGOS DOS REIS QUITA

DOMINGOS DOS REIS QUITA (Lisboa, 1726-1770). As suas obrascompreendem éclogas, odes, sonetos, outras poesias miúdas, o drama pas-toral Licore; e quatro tragédias, uma das quais, Castro, foi aproveitadapor João Batista Gomes para a sua Nova Castro. Quita foi membro da Arcádia Ulisiponense, sob o nome de Alcino Micênio. Tinha a profissãode cabeleireiro e morreu paupérrimo. … Ler mais

JOÃO DE BARROS – Escritor português quinhentista

Marechal deodoro da fonseca

JOÃO DE BARROS (Viseu, 1496-1570) exerceu o cargo de tesoureiro e feitor da Casa da Índia e Mina. Escreveu muitas obras, e entre elas: uma Crônica do Imperador Clarimundo; uma Gramática Portuguesa; diversos diálogos sobre assuntos literários e morais; e a monumental Ásia, história dos feitos portugueses no descobrimento e conquista das terras do Oriente. Esta obra é geralmente conhecida por Décadas, e mais tarde foi continuada por Diogo do Couto.

Com razão apelidaram Barros o Tito-Lívio português; e tanto o mereceu pelo patriotismo da narrativa quanto pela pureza da linguagem, relativamente melhor que a do latino, pois não se lhe podem apontar patavinismos.

FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA – Poesia Portuguesa

FRANCISCO DE SÁ DE MIRANDA (Coimbra, 1495-1558) dou-tourou-se na Universidade de Lisboa, e, depois de viajar cinco anos, viveu ora nesta capital ora na cidade do seu nascimento. Obtendo a comenda das duas Igrejas no Alto Minho, retirou-se da vida cortesã, ;ios quarenta anos de idade.

Escreveu em português e em espanhol; e das suas viagens pela Itália lomou o gosto do verso decassílabo e das combinações em sonetos e iiTcêtos. Obras: poesias várias, éclogas, cartas, elogios, canções etc; e duas comédias — Vilhalpandos e Estrangeiros.

Egas Moniz – obra de FREI ANTÔNIO BRANDÃO

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

FREI ANTÔNIO BRANDÃO. Foi um dos historiadores da Monarquia Lusitana.

Esta vasta composição divide-se em oito partes.

Egas Moniz

Mui celebrada é em nossas histórias a ida de Egas Moniz a Castela com sua mulher e filhos, por dar satisfação ao Imperador D. Afonso da promessa feita no cerco de Guimarães. E foi o* caso, segundo dizem, que, sentido o Imperador da desgraça passada na rota de Valdevez, e desejando sanear-se desta quebra, fêz preparação de gente de guerra com o mor segredo possível, e, entrando em Portugal pela parte da Galiza, se veio quase repentinamente lançar sobre a vila de Guimarães, aonde (378) então residia a corte e assistia (379) o infante D. Afonso.

Neste cerco não pode haver dúvida, porque o confessa el-rei D. Afonso Henriques, sendo ainda infante, em uma doação do cartório de Pedroso, que faz a Mem Fernandes, de certas herdades no Couto de Osseloa, em terra de Vouga, cuja data é no mês de maio da era de 1167, que é ano de 1129; e diz que lhe faz esta polo haver bem servido (380) com Sueiro Mendes, o Grosso, e outros de sua geração no cerco de Guimarães, que lhe pusera el-rei de Castela, seu parente. São as palavras formais que declaram isto… Assi que já em maio de 1129 tinha precedido o cerco em Guimarães.

Fase Seiscentista – escritor Manuel de Sousa Coutinho ou Frei Luís de Sousa

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

FR. LUÍS DE SOUSA (Santarém, 1555-1630) chamou-se no século Manuel de Sousa Coutinho. Tendo noviciado na Ordem de Malta, esteve cativo em Argel, onde, aliás, sem maior fundamento, se disse que contraíra «amizade com Cekvantes. Casou com a viúva de D. João de Portugal e estava em Almada com a patente de coronel, quando incendiou a casa por negar hospedagem aos governadores espanhóis do reino.

SEBASTIÃO DA ROCHA PITA

Marechal deodoro da fonseca

SEBASTIÃO DA ROCHA PITA (Bahia, 1660-1738) era formado em Cânones por Coimbra, e viveu repartindo a sua atividade entre os misteres Igrlcolas e o culto das letras. Estudou muitas línguas estrangeiras e, depois de laboriosas pesquisas nos arquivos de Lisboa, publicou em 1730 a sua História da América Portuguesa.

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA

ANTÔNIO JOSÉ DA SILVA (Rio de Janeiro, 1705-1739) advogou em Lisboa, e, havendo escapado a uma primeira acusação de judaizante, tinha-se popularizado como autor de peças dramáticas, então chamadas óperas, para o teatro do Bairro-Alto, quando foi denunciado por uma escrava e, condenado, sofreu pena capital no Campo da Lã. Espírito’ galhofeiro e que essencialmente ambicionava comprazer ao público, nem sempre acatou a decência; mas não vale negar-lhe, como bem pondera o Sr. Pereira da Silva, o pico da originalidade e do sal cômico. Entre as suas óperas distinguenvse: Vida do Grande d. Quixote de La Mancha; O Labirinto de Creta; Esopaida; Guerras do Alecrim e da Manjerona; e o Anfitrião, no qual se tem querido ver alusões ferinas a D. João V.

 

CAMILO CASTELO-BRANCO – biografia e obras

Marechal deodoro da fonseca

CAMILO CASTELO-BRANCO, Visconde de Correia Botelho (Lisboa, 1826-1890) estreou-se aos vinte anos na imprensa periódica, escrevendo folhetins para o Nacional e o Eco Popular, e cruzou armas com os mais pujantes lutadores, entre os quais Alexandre Herculano, a propósito do Eu e o Clero deste escritor.

JOSÉ MARIA LATINO COELHO

Marechal deodoro da fonseca

JOSÉ MARIA LATINO COELHO (Lisboa, 1825-1891), general do exército português e, com melhor direito, das letras lusitanas, fêz severoi estudos na Escola Politécnica de Lisboa e foi membro da Academia das Ciências dessa Capital. Na Escola onde estudou, ganhou por concurso imi.i cadeira de lente.

Apaixonado cultor de línguas vivas e mortas, possuía o mais copioso cabedal de idéias e, ao mesmo tempo, admirável faculdade de expressá-las com propriedade. Têm seus escritos sabor clássico, que aliás não peca por incôngruo purismo.

(252) discernir (do lat. discernere) — separar, distinguir, discriminar; avaliar, notar, medir.

Só a palavra, nas artes a que é matéria prima, fala ao mesmo tempo à fantasia e à razão, ao sentimento e às paixões. Só ela, Pigmalião prodigioso, esculpe estátuas que vão saindo vivas e animadas da pedra ou do madeiro, onde as delineia e arredonda o seu buril. Só a palavra, mais inventiva do que Zêuxis, sabe desenhar e colorir figuras e países, com que se ilude e engana a vista intelectual. Só a palavra, mais audaz que os Ictinos e os Calícrates, traça, dispõe, exorna e arremessa aos ares monumentos mais nobres e ideais que o Partenão de Atenas. Só a palavra, mais comovedora e persuasiva do que o pletro dos Orfeus, encadeia à sua lira mágica estas feras humanas ou desumanas, que se chamam homens, arrebatados e enfurecidos nas mais truculentas alucinações.

Alexandre Herculano

Biografia de ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAÚJO (Lisboa, 1810-1877), tendo-se envolvido numa revolta militar em 1831, emigrou para a Bretanha; e no ano seguinte embarcou para a Ilha Terceira, sentou praça de soldado e tomou parte na campanha em prol de D. Maria II contra D. Miguel. Serviu como bibliotecário público no Porto, desempenhando depois igual cargo na biblioteca particular do rei D. Fernando. Ultimamente, desavindo com adversários a quem talvez exacerbava com as asperezas do rijo caráter, retirou-se para a quinta de Val-de-Lôbos, onde faleceu.

ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO – Vida e Obras

 

ANTÔNIO FELICIANO DE CASTILHO (Lisboa, 1800-1875). Poeta, prosador, historiador, crítico, verdadeiro polígrafo, este eminente vulto das letras portuguesas formou-se em Direito, não obstante a cegueira que o feriu aos seis anos de idade.

Em sua primeira fase clássica escreveu as Cartas de Eco a Narciso, os poemetos da Primavera e o Amor e Melancolia, narrativa íntima; e traduziu as Metamorfoses e os Amores de Ovídio. Pagando tributo ao romantismo, compôs a Noite do Castelo e os Ciúmes do Bardo. Vieram depois os Quadros Históricos, as biografias e estudos que exornam a Biblioteca Clássica, o Tratado de Metrificação e outros muitos opúsculos. Interessando-se pelo ensino popular, dele tratou com paciente esmero. Depois dos sessenta anos, ainda produziu a Chave do Enigma, a tradução dos Fastos ovidianos, o Outono, coleção de poesias originais, a Lírica de Anacreonte e tradução de comédias de Molière e do Fausto de Goethe.

Contos Populares Antigos Curtos

AS TRÊS MAÇÃZINHAS DE OURO, O COMPADRE DA MORTE, O SÓCIO DO DIABO, contos populares medievais, completos, para ler online ou imprimir, com comentários, lendas e mitos medievais coletados da tradição oral junto ao povo, com comentários.

A VERBA DO TESTAMENTO

COMO se conta de um homem, que tinha uma filha bastarda; quando veio a hora da morte, fez um testamento e disse: — Leixo a foam por meu herdeiro, e mando que dê a ‘inha filha, pêra seu casamento tudo aquilo que êle quiser de minha fazenda.

O Doutor grilo – contos de exemplo

O DOUTOR GRILO

ERA uma vez um camponês que tinha um filho muito ladino mas muito preguiçoso. De tanto viver deitado, sem nada fazer, irritou-se o pai e pô-lo para fora de casa. O rapaz, que se chamava João Grilo, foi parar a uma cidade. Nos arredores viu muitos cavalos amarrados aos postes, animais que traziam coisas para vender ao mercado da cidade.

O CAMAREIRO DO REI – Contos com Moral

ERA uma vez um rei muito amigo dos seus camaristas, e prometeu a cada um um dote para &e casarem. Um deles quis ir viajar para escolher mulher que fosse linda, esperta e honrada. Chegou a uma grande quinta, e logo nos primeiros degraus que davam para a casa encontrou uma menina linda a mais não ser. Pediu pousada, e veio um velho lavrador que o recebeu com boas maneiras e foi-lhe mostrar a casa:

A Alta Renascença do Século XVI – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

A Alta Renascença do Século XVI

NO Século XVI, a atenção de toda a Europa concentra-se definitivamente sobre a Itália. A fabulosa fecundidade que favorecera este país durante os últimos cem anos decorridos não aumenta nem diminui. Todas as novidades — conhecimento do corpo humano, inteligência do antigo, aquisição do efeito de profundidade nos quadros e da materialidade dos objectos neles representados (valores tácteis) — tinham sido descobertos havia muito tempo e continuavam apenas a exercer os seus benefícios. No entanto, com o consenso universal, produz-se, por volta do ano de 1500, sob a acção de alguns homens, os mais célebres dos quais se chamam Leonardo de Vinci, Rafael e Miguel Angelo, uma completa mudança. Estes homens não pertencem todavia à mesma geração: Leonardo de Vinci é pelo menos vinte anos mais velho do que os dois outros, pode considerar-se perfeitamente um oontem porâneo de Botticelli e contudo não é ao lado de Botticelli que geralmente o colocam. Para justificar o que tão bem se concebe, há que recorrer a palavras que têm um sentido muito preciso para os artistas e é no entanto quase indefinível. Em suma, as que parecem mais convir aqui são as de segurança e de grandeza. Na maneira por que os homens do século XV exploravam as suas conquistas, havia quase sempre uma espécie de embaraço, de rigidez e também de secura: até os mais fortes, como Signorelli, não estavam isentos de tais fraquezas. Ora os seus sucessores assimilaram a tal ponto a nova linguagem que usam dela com uma naturalidade total. A forma era muitas vezes subdividida, acanhada, tinha qualquer coisa de quebrado, de fatigado, de incompleto. Agora, tudo se amplia e se arredonda, tudo parece tornar-se fácil.

HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA

# ndios poetas e imaginosos
# Teatro da natureza
# O “Boca do Inferno”
# Dirceu de Marília
# Gonçalves Dias O cantor dos guerreiros
# José de Alencar De ledor de romances a escritor de romances
# Castro Alves – O poeta dos escravos
# Machado de Assis – De moleque de morro a presidente de Academia de Letras
# Antônio Conselheiro O homem que escrevia com um cipó
# Rui Barbosa, o nababo da língua

Índios poetas e imaginosos

SERIA aquela gente primitiva e rude que vivia no Bra-— sil, ao tempo de seu descobrimento, desprovida de imaginação e de idéias poéticas ? As pesquisas e trabalhos de etnólogos e sociólogos mostram que os índios brasileiros sabiam criar mitos, e mitos poéticos, para explicar os fenômenos da natureza. Recolheram-se poemas e numerosas historietas, que atestam certo senso poético e imaginação. A maioria dessas histórias narra fatos acontecidos com os bichos das selvas, e fatos humorísticos, em geral, revelando o senso satírico dos homens das tabas.

Esta canção, recolhida pelo general Couto de Magalhães, é uma bela amostra de ciúme amoroso:

O’ Ruda, vós que nos céus estais e amais as chuvas. . . Vós que nos céus estais. . . fazei com que êle (o amante) por mais mulheres que tenha, as ache todas feias; fazei com que êle se lembre de mim, quando o sol se encobrir no poente.

DIVISÃO DO BRASIL EM DOIS GOVERNOS. DOMÍNIO ESPANHOL E INVASÕES HOLANDESAS. ESTADOS DO MARANHÃO E DO BRASIL.

Marechal deodoro da fonseca

DIVISÃO DO BRASIL EM DOIS GOVERNOS. DOMÍNIO ESPANHOL E INVASÕES HOLANDESAS. ESTADOS DO MARANHÃO E DO BRASIL.

Divisão do Brasil em dois Governos

Professor Pedro Bandecchi, 1970 Material Didático de História do Brasil

Com a morte de Mem de Sá, resolveu a coroa dividir, em 1572, o Brasil em dois governos — um ao Norte, com sede na Bahia, sendo nomeado governador Luís de Brito, — outro ao Sul, com sede no Rio de Janeiro, para o qual foi nomeado Antônio Salema, jurista e professor da Universidade de Coimr bra. Tal iniciativa que não deu bom resultado, fêz com que, em 1578, D. Sebastião anulasse o ato, voltando o regime de um único governo. Para o período de 1578-1581, a coroa nomeou a Lourenço da Veiga.

O ano de 1580 trouxe grandes transformações a Portugal, e, conseqüentemente, ao Brasil. A morte de D. Sebastião, na batalha de Alcácer-Quibir, na África, lutando contra os mouros, sem deixar herdeiro, levou ao trono seu tio-avô e sucessor, Cardeal D. Henrique. Este, que não gozava de boa saúde, faleceu sem indicar substituto, o que abriu séria disputa entre os pretendentes à Coroa. Filipe II da Espanha, tinha tanto direito ao trono quanto os outros pretendentes. O direito podia ser igual, mas êle dispunha de alguma coisa a mais. Dispunha, para obter a coroa, de um exercito de 25.000 homens, sob o comando do Duque de Alba. Com este poderoso argumento, entrou em Portugal e perante as côrts de Tomar, com o nome de Filipe I, prestou juramento e pôs sobre sua cabeça a coroa lusa.

Começava o período do domínio espanhol, que duraria até 1640.

A dominação espanhola não trouxe prejuízos ao Brasil. E devemos assinalar que, ficando a América Espanhola e a Portuguesa pertencendo a uma única coroa, o Tratado de Tordesilhas deixava, virtualmente, de existir.

Nessa época se inicia a grande expansão territorial brasileira.

E, ainda, se holandeses e franceses tentaram se fixar em nossa terra, principalmente os primeiros, pelo dilatado tempo que aqui permaneceram, não é menos evidente que, das lutas travadas, dos contatos havidos, teria que se fortalecer o espírito nativista, e ir se fortalecendo a consciência nacional no processo da sua emancipação. Espírito e consciência que, no século seguinte, tomariam corpo e armariam patriotas até a eclosão do 7 de setembro.

O Brasil sob o Domínio Espanhol

Compromisso que Filipe I assumiu perante as Cortes Lusas

Filipe I assumiu sérios compromissos, em Tomar, perante as cortes lusas, no que diz respeito à sua política administrativa face aos portugueses. Entre eles estava o de guardar os foros e costumes, privilégios e isenções que os reis haviam concedido a seus reinos; que as autoridades administrativas de Portugal ou as suas colônias seriam sempre portuguesas; "que todos os cargos superiores ou inferiores da justiça e fazenda e qualquer outro de governo, somente seriam dados a portugueses; que todos os ofícios existentes em Portugal e suas colônias seriam providos por portugueses, o mesmo acontecendo com os cargos de mar e terra e com as guarnições de soldados nas praças; que o ouro e a prata que se fizesse em moeda, que seria tudo que dos seus domínios fosse à Metrópole, teria apenas as armas de Portugal; que, ainda, não interviria na igreja portuguesa e que seriam conservadas as ordens militares lusas".

João Ribeiro escreve:

O NORDESTE – DESENVOLVIMENTO SOCIAL. MONOCULTURA AÇUCAREIRA E A SOCIEDADE PATRIARCAL ESCRAVOCRATA.

Marechal deodoro da fonseca

O NORDESTE.

DESENVOLVIMENTO SOCIAL. MONOCULTURA AÇUCAREIRA E A SOCIEDADE PATRIARCAL ESCRAVOCRATA.

Brasil Bandecchi

A sociedade patriarcal brasileira tem início com a cultura açucareira, que deu origem ao poderoso senhor de engenho, pro* prictário de enormes latifúndios.

A indústria do açúcar, que foi a única que realmente merece esse nome, permitida no Brasil durante o período colonial, instalou-se primeiramente, em São Vicente, com a chegada da esquadra de Martim Afonso de Sousa. É verdade que há referência a açúcar pernambucano desembarcado em Lisboa em 1526, e, ainda, uma anotação de Antônio Pigafetta, o autor do Diário em que descreveu a viagem de Fernão de Magalhães, na qual fala da existência da cana-de-açúcar no Brasil, em 1519. Mas notícia clara, precisa, sem resquício de qualquer dúvida, temos com a vinda de Martim Afonso.

"Eis como auspiciosamente se iniciou o nosso ciclo do açúcar, em São Vicente: o primeiro engenho foi dos irmãos Pêro e Luís de Góis (este, que depois entrou na Companhia de Jesus, foi quem daqui levou para Portugal o petum, batizado cientificamente por Nicotiana íabacum), levantado em 1532, na região santista depois chamada Nossa Senhora das Neves; o segundo ergueu-o ali, em 1533, nas proximidades do atual Morro de São Bento, o italiano José Adorno (com seus irmãos expulsos de Gênova pelos Dórias, e, refugiados em Portugal, de lá rumaram para nossa pátria, como colonos, agregando-se à expedição dos Irmãos Sousa); e o terceiro deveu-se a Martim Afonso de Sousa (já então em sua terra natal, donde depois seguiu para vice-reinar na Índia, sem jamais retornar ao Brasil), como cabeça de um consórcio firmado em 1534, e do qual faziam parte dois holandeses, João van Hielst e Erasmo Shetz*; chamou-se, a princípio (enquanto dele foi Martim Afonso o principal proprietário), Engenho do Trato e Engenho do Senhor Governador; mas depois de transferido à firma Hielst & Shetz, tomou as denominações de Engenho dos Armadores, Engenho de São Jorge dos Erasmos. Até o fim do século XVI, havia em São Vicente seis engenhos."1