A organização do Estado e seus órgãos na monarquia brasileira

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

III — O estabelecimento da organização constitucional

(CONTINUAÇÃO)

 

Por força do sistema da colonização, pelo desenvolvimento histórico e, finalmente, pela legislação constitucional, tomou o Brasil o caráter de monarquia federativa, e a vida do Estado pulsa, portanto, em duplo círculo, no governo provincial e no do império.

Inteiramente como na União Norte-Americana, as funções cie cada um dos Estados e as da federação procedem e se completam umas ao lado das outras. Todavia, com uma distinção histórica: na América do Norte, a plena soberania de cada um dos Estados foi a origem, e somente pela renúncia, que fizeram de certos direitos, é que o Estado federativo foi dotado de poderes; no Brasil, ao contrário, o governo do império compreendia primitivamente tudo na sua exclusiva esfera (pri: meiro, o soberano absoluto, depois, desde a nova ordem constitucional, o mesmo com a cooperação da assembléia geral), e somente mais tarde é que passaram especialmente às províncias certas competências para sua plena autonomia. Portanto, não pode de todo existir nas províncias do Brasil a fantasia de recuperar a primitiva soberania plena de cada Estado, como aconteceu uma vez na América do Norte (secessão e decretos de nulificação da Carolina do Sul, 1832); aqui, um tal propósito só poderia ser considerado, em face do direito público, como alta traição e rebeldia.

Processo de independencia do brasil e Primeiro Reinado – História do Brasil

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

 

CAPÍTULO XIV

A independência nacional

"Já podeis, da pátria filhos, Ver contente a Mãe gentil; Já raiou a Liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira, Longe vá temor servil! Ou ficar a Pátria livre, Ou morrer pelo Brasil!"

(Do Hino Nacional Brasileiro.)*.

Os acontecimentos dos últimos meses haviam abalado e transformado tão completamente a disposição constitucional interna dos reinos unidos de Portugal e Brasil, que, antes de prosseguirmos na nossa narração histórica, se torna absolutamente necessário recordarmos o estado atual das coisas políticas.

Um rápido golpe de vista bastará.

O antigo absolutismo pesava desde séculos sobre todo o desenvolvimento do Estado, pelo que tudo, até nos mais extremos ramos da administração, estava intimamente impregnado pela revolução, que irrompia repentinamente; e sobre os seus destroços devia surgir uma nova ordem constitucional de coisas, que tornasse possível ao povo tomar realmente parte nas mais diversas esferas da vida do Estado.

Semelhante missão não se resolve facilmente, nem depressa, pois para a sua resolução era ao mesmo tempo necessária uma regeneração do povo; de um lado, tanto como do outro do Atlântico, foi preciso que primeiro, durante anos, se travassem duros combates, antes que se firmassem seguros alicerces, e, para a geral satisfação, nada mais que as formas externas da nova Constituição; porém, sob essa estrutura, escondia-se ainda, especialmente nos círculos inferiores da vida do Estado, o antigo sistema inalterado.

"No Brasil continuava apenas o velho regime português".

A princípio, de fato, deu-se somente pouca atenção, no lado brasileiro, à parte liberal da nova organização do Estado; é que o antagonismo nacionalista, que lavrava entre ambos os povos irmãos, de aquém e de além-mar, a relegava ao segundo plano. Antes de tudo importava, pois, a posição política de ambas essas partes do reino, uma para com a outra.

* Os versos de Evaristo da Veiga colocados à guisa de moto neste capítulo e para os quais D. Pedro I escreveu a música, nunca tiveram o caráter de hino nacional brasileiro, pelo menos oficialmente. Ê possível, contudo, que, até o aparecimento do belo hino de Francisco Manuel da Silva, o que ocorreu para celebrar a abdicação do primeiro Imperador, em 1831, fosse, de fato, o hino de Evaristo-D. Pedro I freqüentemente tocado em cerimônias oficiais. Possível, escrevemos, porque nada há documentado a respeito. Atualmente essa composição é conhecida como Hino da Independendo. (O.N.M.).

 

A província de São Pedro – História e Colonização do Rio Grande do Sul

Gottfried Heinrich Handelmann (1827 – 1891)

História do Brasil

Traduzido pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (IHGB) Publicador pelo MEC, primeiro lançamento em 1931.

TOMO II

CAPÍTULO X

A capitania geral do Rio de Janeiro

(continuação)

A província de São Pedro ou, como é chamada habitualmente, Rio Grande do Sul, situada no extremo sul do império do Brasil, compreende, segundo as mais novas avaliações, uma área de 8.230 léguas quadradas e uma população de 201.300 almas; deve-se, porém, notar que, do conjunto dessa área, cerca de um terço é coberto com lagoas e pântanos, ou é impróprio para o cultivo.

De mais a mais, são necessárias algumas palavras sobre a formação geográfica do território. As montanhas da costa, que separam a leste a província da de Santa Catarina e que podem ser consideradas última ramificação do núcleo de rocha do Brasil, estendem-se, na parte nordeste de São Pedro, em um planalto diversamente ramificado, a chamada Serra Geral; para oeste, partem dali, em todas as direções, os primeiros veios da bacia fluvial do Prata e jazem as férteis regiões do Paraná e do Uruguai, que pertencem principalmente à província brasileira do Paraná e às repúblicas da Confederação Argentina; todavia, também possui São Pedro uma importante parte delas, que, porém, até hoje, pouco entram em consideração no ponto de vista de colonização e história provincial.

Que é a tolerância? – Dicionário Filosófico de Voltaire

Dicionário Filosófico de Voltaire TOLERÂNCIA Que é a tolerância? É o apanágio da humanidade. Somos modelados por nossas fraquezas e erros. Perdoarmo-nos mutuamente nossas loucuras é a primeira lei da natureza. Na bolsa de Amsterdão, de Londres, de Surate ou Baçorá vemos o guebro traficar com o baniano, o judeu com o maometano, o deícola … Ler mais

VOLTAIRE – O século de Luís XIV – Particularidades e anedotas do reinado (trechos)

VOLTAIRE – O século de Luís XIV

CAPÍTULO XXV

(Excertos)

Particularidades e anedotas do reinado de Luís XIV

Luís XIV deu à sua corte, como ao seu reinado, tanto esplendor e magnificência, que os mínimos detalhes de sua vida parecem interessar à posteridade, da mesma maneira por que eram objecto da curiosidade de todas as cortes da Europa e de todos os contemporâneos. O esplendor do seu governo manifestava-se nas mínimas acções. Há maior avidez, sobretudo na França, de conhecer as particularidades dessa corte, do que as revoluções de alguns outros Estados. Tal o efeito de tão grande reputação: interessamo-nos mais em saber o que se passava no gabinete e na corte de Augusto do que em conhecer detalhes das conquistas de Átila ou Tamerlão.

Sobre a comédia – CARTA XIX – Voltaire

Cartas Filosóficas de Voltaire CARTA XIX Sobre a comédia Se na maior parte das tragédias inglesas os heróis são emproados e as heroínas extravagantes, em compensação o estilo é mais natural na comédia. Mas esse natural nos parece, com frequência, antes o do deboche do que o da honestidade. Ali chama-se cada coisa pelo seu … Ler mais

Cartas Filosóficas de Voltaire – Parlamento Inglês

Sobre o Parlamento

OS membros do Parlamento na Inglaterra gostam de comparar-se, tanto quanto lhes é possível, com os antigos romanos.

Não faz muito tempo, o Sr. Shipping, na Câmara dos Comuns, começou seu discurso com estas palavras: "A majestade do povo inglês seria ferida, etc."

A singularidade da expressão causou enorme hilaridade; mas, sem desconcertar-se, ele repetiu as palavras num tom firme, e já ninguém mais riu.

Confesso não ver nada de comum entre a majestad lo povo inglês e a do povo romano, e menos ainda entre os dois governos. Há um Senado em Londres, alguns membros do qual são suspeitos, embora sem justa razão, naturalmente, de vender os votos na ocasião oportuna, como se fazia em Roma: eis aí toda a semelhança.

A filosofia de Platão e conceito de justiça

a filosofia de Platão e conceito de justiça


Gisele Leite

Refletir sobre Platão pode
ser um grande desafio mesmo nos dias de hoje. Não resta dúvida de que Platão é
mesmo considerado o pai da herança intelectual ocidental, um pensador que
posicionou a Filosofia em direção que até hoje é seguida, dois anos depois…

Uma lenda do Popol-Vuh (Livro Sagrado Maia – Guatemala)

Uma lenda do Popol-Vuh (Guatemala)

os AVÓS

ENTÃO não havia gente, nem animais, nem árvores, nem pedras, nem nada. Tudo era terra agreste, desolada e sem limites. Sobre as planícies o espaço jazia, imóvel, enquanto que, sobre o caos, descansava a imensidade do mar. Nada estava junto nem ocupado. O de baixo não tinha semelhança com o de cima. Coisa alguma via-se de pé. Sentia-se apenas a tranqüilidade surda das águas, que pareciam despenhar-se no abismo. No silêncio das trevas viviam os deuses chamados: Tepeu, Gucumatz, e Hurakan, cujos nomes guardam os segredos da criação, da existência e da morte, da terra e dos seres que a habitam.

O ESPÍRITO LIBERAL E O ESPÍRITO CONSERVADOR. A EUROPA DE 1820 A 1848

Liberais e Conservadores

A revolução de 1820 e a Vilafrancada

A arma da Santa Aliança foi a intervenção aplicada às nações que davam mostras de querer dotar-se de instituições liberais. Em Nápoles intervieram os austríacos para derrubar a constituição imposta ao rei. No Piemonte um movimento análogo foi abafado, instalando-se em Turim uma guarnição austríaca e sendo dizimados os patriotas lombardos. Foi nessa ocasião que Sílvio Pelico, por haver celebrado a liberdade, foi condenado a 15 anos de “cárcere duro”, onde, no isolamento e na tortura da alma, escreveu esse livro patético — Minhas Prisões, que, no dizer de um historiador, preparou uma nova geração de patriotas italianos, essa geração que em 1846 julgaria encontrar no papa Pio IX o centro da independência nacional e um fator decidido da liberdade na Europa, e que, desiludida dessa esperança que eles próprios destruíram por seus excessos, se lançaram com Mazzini e Garibaldi no caminho da revolução sem tréguas.

A UNIVERSIDADE À LUZ DA FILOSOFIA CRISTÃ

Representation of a university class in the 1350s (wiki)

O objetivo deste texto é enfocar a Universidade hoje, segundo os valores evangélicos que permitam uma orientação que obvie as funestas distorções conducentes a uma neo-escravização do ser racional, as quais impedem uma ordem que favoreça o desenvolvimento integral do homem, nem propiciam condições para que ele se situe no mundo a fim de, com seu agir e operar, transformá-lo, humanizando-o.

Liberdade e Responsabilidade moral

… Atos propriamente morais são aqueles nos quais podemos atribuir ao agente uma responsabilidade não só pelo que se propôs a fazer, mas também pelos resultados ou conseqüências da sua ação. Mas o problema da responsabilidade moral está estreitamente relacionado, por sua vez com o de necessidade e liberdade humanas, pois somente admitindo que o agente tenha certa liberdade de opção e decisão é que se poder responsabilizá-lo pelos seus atos.

Resumo de Filosofia Grega – Terceiro Período

Noções de História da Filosofia (1918) Manual do Padre Leonel Franca. CAPITULO III TERCEIRO PERÍODO — (300 a. C. — 529 p. C.) 36. CARÁTER GERAL — Apesar dos esforços construtivos da escola estóica e epicuréia, este período assinala a decadência e a dissolução da filosofia grega. Os discípulos dos grandes mestres do período precedente … Ler mais

PLUTARCO – COMPARAÇÃO ENTRE AS VIDAS DE PAULO EMÍLIO E TIMOLEON

mapa roma itália

PLUTARCO – VIDAS PARALELAS COMPARAÇÃO ENTRE AS VIDAS DE PAULO EMÍLIO E TIMOLEON Tais foram estes personagens, segundo o que se encontra nas suas histórias. É evidente que, conferindo um com o outro, não encontraremos muita diferença nem dissimilitude entre eles, pois as campanhas que conduziram foram contra grandes e famosos adversários, um contra os … Ler mais

OBSERVAÇÕES SOBRE A VIDA DE CÍMON, SERTÓRIO, LÚCULO e NICÍAS

Arte etrusca

Plutarco – Vidas Paralelas OBSERVAÇÕES   SOBRE A VIDA DE CÍMON CAP. VIII, pág. 16. Cornélio Nepos, em seu prefácio e na Vida de Cimon, diz categoricamente que Cimon esposara sua irmã, sem que tal casamento produzisse o menor dano à sua reputação, por ser permitido pelas leis atenienses. A lei, com efeito, permitia que … Ler mais

Agesilau – Vidas Paralelas de Plutarco (século III)

Arte etrusca
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Primeira Guerra Mundial – Resumo Completo da História

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Biografia de Arato nas Vidas Paralelas de Plutarco.

Arte etrusca

Plutarco – Vidas Paralelas

Ebook da Biografia de ARATO

Desde o segundo ano da 127.ª olimpíada, até o terceiro ano da 141.ª. antes de Cristo, ano 214.

  • Por que Plutarco dedica a Vida de Arato a Polícrates.
  • II. Arato, criança, salvo das mãos de Abântidas.
  • III. Exercícios a que se entrega na sua juventude.
  • IV. Nicocles apodera-se do poder em Sicíone depois da morte de Abântidas.
  • V. Arato toma a deliberação de dar a liberdade à sua pátria.
  • VI. Determina tentar a escalada da cidade.
  • VII. Preparativos: como êle engana as sentinelas e os espiões de Nicocles.
  • VIII. Põe-se em marcha.
  • IX. Embaraço que lhe causam alguns cães e as patrulhas da cidade.
  • X. Apodera-se da cidade, Nicocles foge.
  • XI. Êle associa Sicíone à liga dos acaios.
  • XII. Caráter de Arato.
  • XIII. Sua moderação e liberalidade.
  • XIV. Vai ao Egito.
  • XV. História do quadro de Aristrato.
  • XVI. Arato restabelece a concórdia entre seus concidadãos.
  • XVII. Antígono procura indispô-lo com Ptolomeu.
  • XVIII. Determina apoderar-se da cidadela de Corinto.
  • XIX. Importância dessa praça.
  • XX. Como Antígono se tinha apoderado dela.
  • XXI. Ergino promete entregá-la a Arato, mediante 50 talentos.
  • XXII. Arato empenha seus objetos de valor para reunir a importância.
  • XXIII. Como a empresa pensou terminar.
  • XXIV. Arato entra na cidade de Corinto.
  • XXV. Ataca a fortaleza.
  • XXVI. Toma-a.
  • XXVII. Convence os coríntios a entrar na liga dos acaios.
  • XXVIII. Outros feitos de Arato.
  • XXIX. Grande autoridade que êle obtém na liga dos acaios.
  • XXX. Determina libertar Argos da tirania de Aristômaco.
  • XXXI. Aristômaco é morto. Aristipo se põe em seu lugar.
  • XXXII. Vida miserável deste tirano.
  • XXXIII. Arato tenta apoderar-se de Argos, de surpresa.
  • XXXIV. Inutilmente tenta apoderar-se dela à força.
  • XXXV. Bate Aristômaco, que é morto.
  • XXXVI. Esta vitória restabelece a sua reputação.
  • XXXVII. Lisíadas, tirano de Megalópolis, deixa a tirania e anexa sua cidade à liga dos acaios.
  • XXXVIII. Lisíadas, antes muito estimado; perde o seu crédito.
  • XXXIX. Vitória de Arato, conquistada sobre os etólios em Palene.
  • XL. Singular aventura no templo de Diana.
  • XLI. Tenta surpreender o Pireu.
  • XLII. Paz entregar o Pireu aos atenienses.
  • XLIII. Paz Aristômaco segundo entrar na liga dos acaios.
  • XLIV. Surpreende Mantinéia.
  • XLV. Morte de Lisíadas: descrédito em que este fato faz Arato cair.
  • XLVI. Êle recusa a preteria.
  • XLVII. Reflexões sobre o proceder de Arato.
  • XLVIII. Impede a Cleômenes entrar na liga dos acaios. Conseqüências funestas deste fato.
  • XLIX. Êle torna-se odioso, fazendo castigar os que tinham ligações com Cleômenes.
  • L. Os coríntios querem-se apoderar da sua pessoa. Êle lhes escapa.
  • LI. Recusa os vantajosos oferecimentos de Cleômenes.
  • LII. Chama Antígono em auxílio dos acaios.
  • LIII. Honrosa maneira com que Antígono o trata.
  • LIV. Êle retoma Argos de Cleômenes.
  • LV. Diversas censuras feitas a Arato.
  • LVI. Seu proceder com relação à cidade de Mantinéia, inescusável.
  • LVII. É vencido pelos etólios, perto de Cáfias.
  • LVIII. Prestígio de Arato perante Felipe.
  • LIX. Felipe muda de proceder.
  • LX. Arato convence-o a entregar Itome aos messênios.
  • LXI. Arato retira-se da corte de Felipe.
  • LXII. Felipe fá-lo envenenar.
  • LXIII. É enterrado em Sicíone. Honras fúnebres que lhe prestam.
  • LXIV. Como o céu castigou Felipe por seu crime.

COMPARAÇÃO ENTRE ANÍBAL E CIPIÃO AFRICANO

mapa roma itália

Plutarco- Vidas Paralelas COMPARAÇÃO ENTRE ANÍBAL E CIPIÃO É tempo de compararmos em poucas palavras os feitos e os gestos de Cipião e de Aníbal e o que diz respeito à sua disciplina civil. Primeiramente, se formos considerar os seus feitos bélicos, é notório que ambos foram excelentes e mesmo soberanos generais e cabos de … Ler mais

COMPARAÇÃO ENTRE ALEXANDRE, O GRANDE, E JÚLIO CÉSAR

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COMPARAÇÃO ENTRE ALEXANDRE, O GRANDE, E JÚLIO CÉSAR

por

De H a i ll a n sobre capítulos de Plutarco – Vidas Paralelas.

Quando se consideram, Alexandre e César, é fácil de se dizer e mais fácil ainda de se provar, que são os dois mais valentes generais de que se faz menção na história, que suas virtudes, fora da luta, são excelentes e têm grande semelhança entre si: que ambos, foram de mui nobre descendência, doutos, eloqüentes, liberais, moderados, muito afeiçoados aos amigos e servidores; sinceramente queridos, obedecidos por seus oficiais e soldados, bondosos para com seus inimigos: que desde seus mais verdes anos deram grandes provas de sua futura grandeza e de sua coragem; que seus feitos são perfeitamente admiráveis, que são dois milagres na arte militar,

quer se considere a brevidade do tempo de suas guerras e os países que eles percorreram, num instante, quer se lancem os olhos sobre os inimigos por eles derrotados, as cidades e províncias conquistadas, sua sabedoria, valor e bondade; jamais foram repelidos, mas sempre tiveram a vitória nas mãos, fazendo valer a vantagem com um objetivo determinado. Ambos se encontraram em gravíssimo perigo de vida, um na cidade dos malianos, e outro, na Espanha, contra os filhos de Pompeu. Ambos foram avisados mui claramente de sua morte pelos adivinhos, aos quais amavam e respeitavam: no entretanto, ambos lançaram-se como de olhos fechados no perigo do qual os queriam afastar.

GONÇALVES DE MAGALHÃES – biografia e poesias selecionadas

Antologia Nacional de Escritores

Parte 2 – Poetas

Poetas Brasileiros.

CAPÍTULO 1

FASE CONTEMPORÂNEA
(Séculos XX e XIX, depois de 1820)

POETAS BRASILEIROS

DOMINGOS JOSÉ GONÇALVES DE MAGALHÃES, Visconde de Araguaia, (1811-1882), desempenhou no movimento romântico do Brasil o mesmo papel que em Portugal coube a Garrett.

DAMIÃO DE GÓIS

Marechal deodoro da fonseca

DAMIÃO DE GÓIS (Alenquer, 1501…) passou vinte anos de sua vida a viajar e conversar com todos os reis, príncipes, nobres e povos de toda a cristandade — como dele diz Antônio Galvão. Privando com Lutero e outros heresiarcas, de tais relações se ressentiu a sua ortodoxia, pelo que em 1571 foi encarcerado pela Inquisição. Obtida a liberdade e volvendo a seu domicílio, aí o encontraram morto. Sete anos esteve proso, e assim à sua morte se deve atribuir data posterior a 1578. Compus várias crônicas em que se faz notar, pelas tendências que lhe cornuni-cou a freqüência de Erasmo.

D. FRANCISCO MANUEL DE MELO

Marechal deodoro da fonseca

D. FRANCISCO MANUEL DE MELO (Lisboa, 1611-1666). Diz o Sr. Teófilo Braga que foi esse o homem com mais alta concepção da História em Portugal, no século XVII. Este elogio é com referência à História das Guerras da Catalunha, escrita em castelhano, e reproduz o juízo encomiástico de Philarête Chasles. Em língua portuguesa são suas … Ler mais

Biografia e coletânea de Raymundo de Farias Brito

Dentro do campo de estudos a que se volveu desde moço, Farias Brito publicou as seguintes obras: Finalidade do Mundo, em que se integram A Filosofia como Atividade Permanente do Espírito Humano (Ceará, 1895), A Filosofia Moderna (Ceará, 1889) e Evolução e Relatividade (Pará, 1905); e A Verdade como Regra das Ações (Pará, 1905), A Base Física do Espírito (Rio, 1912) e O Mundo Interior (Rio, 1914).

Visconde de TAUNAY – biografia e obra Inocência

ALFREDO D’ESCRAGNOLLE TAUNAY (Visconde de Taunay), nascido no Rio de Janeiro, em 1843 e falecido em 1899, foi um operoso polígrafo que brilhantemente se distinguiu no jornalismo, na tribuna parlamentar, na história, no romance e no teatro.

O agir moral à luz da liberdade e da responsabilidade

maravilhas das antigas civizações

Introdução

            Paulo
já lançara as bases de uma ética para a vida[1].
No alvorecer do cristianismo, a originalidade da proposta desenvolvida por
Paulo consistiu em aliar a liberdade à responsabilidade: "tudo me é
permitido, mas nem tudo convém"[2].
Todos os seres humanos prezam a liberdade, tendo sido criados para ela. Para
não diminuí-la ou até destruí-la, no entanto, requer-se que se viva com
responsabilidade.

            Em
tempos mais recentes, o Vaticano II resgatou essa intuição, sobretudo,
com a Gaudium et Spes, atribuindo grande valor à consciência: "a
consciência é o sacrário das pessoas"[3].
Vê-se aí a enorme importância dada às decisões individuais. Até então, o que
trazia tranqüilidade moral às pessoas de fé era o seguimento às normas. O
importante era "enquadrar-se" nas leis. O que vigorava era a
heteronomia moral. De agora em diante, as leis passam a funcionar como
importantes subsídios, mas nunca como elementos decisórios às pessoas. A última
palavra é sempre dada pela pessoa, em consonância com seu contexto vital (Sitz
im Leben), seu desenvolvimento psíquico e sua situação particular. O que passa
a vigorar é a defesa da autonomia moral.

            Por
conseguinte, permeando o horizonte da ética, é possível encontrar um grande
desafio lançado a todo ser humano: saber discernir quais são os melhores
caminhos a serem percorridos no dia-a-dia. "O sentido da responsabilidade
é uma atitude do homem total que o impele a colocar-se em situação de radical
disponibilidade quanto aos imperativos morais"[4]
assim que a pessoa se realiza e edifica o mundo à sua volta.

            A
liberdade se exerce no relacionamento entre os seres humanos. Dessa forma, toda
pessoa tem o direito natural de ser reconhecida como ser livre e responsável[5].
"Quanto mais pratica o bem, mais a pessoa se torna livre. Não há
verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça. A escolha da
desobediência e do mal é um abuso de liberdade e conduz à ‘escravidão’"[6].

            Em
tempos de pensamento fraco e de relativismo, nesse contexto do século XXI, onde
até o amor é tido como líquido, é mais do que oportuno revisitar as intuições
éticas que nos foram legadas na Tradição.

JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL – Poeta Português

JOSÉ DA SILVA MENDES LEAL (Lisboa, 1818-1886) foi destinado por seus pais à vida eclesiástica e fêz estudos no Mosteiro de São Vicente de Fora; mas com tais intuitos não se coadunava a ambição que o impelia à conquista de renome no mundo das letras e da política.

Escreveu muito para o teatro, filiando-se na escola romântica e principiando pelos Dois renegados: foi um triunfo.

Alexandre Herculano

Biografia de ALEXANDRE HERCULANO DE CARVALHO E ARAÚJO (Lisboa, 1810-1877), tendo-se envolvido numa revolta militar em 1831, emigrou para a Bretanha; e no ano seguinte embarcou para a Ilha Terceira, sentou praça de soldado e tomou parte na campanha em prol de D. Maria II contra D. Miguel. Serviu como bibliotecário público no Porto, desempenhando depois igual cargo na biblioteca particular do rei D. Fernando. Ultimamente, desavindo com adversários a quem talvez exacerbava com as asperezas do rijo caráter, retirou-se para a quinta de Val-de-Lôbos, onde faleceu.

Filosofia especulativa – História Universal

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Césare Cantu – História Universal

CAPÍTULO XXXV

Filosofia especulativa

Uma vez dado o impulso aos espíritos proclamando orgulhosamente os direitos da razão, acaso podia a filosofia permanecer em sua primitiva infância? As universidades, as academias prosseguiam em sua habitual tarefa, pondo obstáculo às inovações: a grave Sorbona discutia se se podia dizer ego amat; ela se declarava contra aqueles que queriam que se pronunciasse qui e quamquam à tirania, em vez de os pronunciar ki e kankan à francesa: chegou até a privar do seu benefício um professor que achava o outro modo melhor, e foi preciso que o parlamento interviesse na contenda. Os sábios espanhóis tinham repelido, com argumentos tirados de Aristóteles, as idéias experimentais de Colombo sobre o Novo Mundo; e João Ginésio Sepulveda, de Córdova (1490-1573), defendia contra Las Casas a legitimidade da opressão dos naturais americanos. O respeito por Aristóteles era levado tão longe, que tendo um médico mostrado em um cadáver, a um sectário do filósofo, que o fígado não está à esquerda, este lhe respondeu: Muito bem, porém Aristóteles assim o diz

A escolástica, porém, era combatida com arma diversas pelos humanistas, pelos platônicos, pelos neo-peripatéticos, pelos místicos, pelos neopitagóricos, pelos estóicos, pelos céticos, e sobretudo pelos reformados; as fórmulas caducas e a venerável tradição pareciam um alimento insuficiente, pretendia-se comparar as sentenças dos doutores com o "manuscrito original de Deus", isto é, com o mundo e com a natureza. O espanhol Luís Vives (1492-1540), atacou a escolástica. Erasmo seguiu seus passos, e tentou substituir pela discussão clara e elegante as formas de uma argumentação bárbara. Lutero, que acreditava que a escolástica era o fundamento do catolicismo, arrojou-se contra Aristóteles com a sua impetuosidade habitual, no que foi ajudado por Melanchton, que se mostrou depois partidário do antigo método em seus Initia doctrinae physi~ cae, obra de astrologia e de prejuízos.

Erudição e história na Idade Moderna

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Todos estes poetas são excedidos pelo escocês Buchanan, que compôs muitas poesias obscenas, e muitas outras contra os frades e a religião, confessando, sem se envergonhar, que o fazia por ordem do rei. A sua melhor obra é a Esfera, que fornece vasto campo às digressões; pelo que respeita a seu Psalmos, são mais gabados do que o merecem.

A erudição tinha-se tranqüilamente exercido sobre os clássicos e nas buscas de palavras, quando a reforma veio pôr em suspeição, aos olhos dos católicos, um estudo que fazia invasão nos campos da fé, e tornar ridículos para os protestantes as suas freqüentes necedades.