O pensamento na era da liberdade e da criatividade

filosofia da mente

            Em grande parte dos balanços que se fazem do
pensamento pós-moderno, ressalta-se, compensando a ruína das "grandes
narrativas", dos "mega-relatos" filosóficos, teológicos,
sociológicos e outros, percebe-se o surgimento de um "canteiro de
obras" entregue à liberdade e à criatividade das pessoas. Se por um lado
amarga-se a falta de segurança e dos pontos de referência,  por outro, aumentam
os espaços limpos para novas construções.

            Sendo assim, o filósofo é solicitado a deixar
os jargões fáceis, os sistemas decorados, para ir construindo seu próprio
pensamento com abundância de elementos acessíveis. Se o risco de errar cresce,
o fascínio da aventura entusiasma.

O Mito e a Filosofia

Mircea Eliade, em sua obra “História das Crenças e das Idéias Religiosas” nos dá uma boa indicação do porque do desenvolvimento da filosofia na Antiga Grécia. Segundo Eliade, a religião grega sempre foi um politeísmo, no qual os deuses tinham comportamento parecido aos dos homens; os mesmos desejos, impulsos e emoções, com a diferença de que eram imortais. A religião grega, pelas suas características, nunca chegou a ser uma religião estritamente normativa e ligada a um povo específico (os gregos também dividiam muitos deuses com outros povos), como o foram a religião egípcia e a judaica.

Os gregos nunca tiveram um Livro dos Mortos ou um Decálogo. Todavia, os relatos dos bardos – entre eles os mais famosos Homero e Hesíodo – influenciaram a cultura grega da mesma forma

Glossário de Termos de Arquitetura

GLOSSÁRIO E DICIONÁRIO COM O LÉXICO DOS PRINCIPAIS TERMOS DE ARQUITETURA

Abaco…….. Parte superior do capitel, que assenta sobre a corbelha.

Abóbada…… Construção que cobre uni espaço, acima do qual se mantém por si só,

História da Arte – América Indígena e África Negra

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

América

QUANDO os Europeus, no extremo limite do século XV, desembarcaram na América, os indígenas que encontraram ignoravam a roda, tinham em metalurgia conhecimentos muitíssimo elementares e só opunham aos mosquetes dos recém-vindos flechas de todo insuficientes. Só, no entanto, por um extraordinário abuso de linguagem poderiam ser, em geral, classificados de primitivos. A aparelhagem nem sempre caminha forçosamente a par da civilização. Vários desses grupos participavam duma vida social muito diferenciada. Possuíam um sistema de escrita, pelo menos sagrada, e deuses que a sua crueldade não impedia de se mostrarem subtis; erguiam-lhe vastos templos, estátuas, ofereciam-lhes sacrifícios humanos com cerimonial complicado e que denotava pronunciado gosto pelas especulações intelectuais, cultivavam de bom grado divertimentos colectivos, como a dança. A estrutura social e as artes tinham evoluído independentemente do resto do Mundo mas não sem certo paralelismo.

A bem dizer, uma análise mais aprofundada tende a reduzir a dois os centros de civilização que enxamearam na América e cuja influência enfraquece cada vez mais à medida que cresce a distância: o da América Central com os Maias, o do Peru com os Incas.

As Artes do Extremo-Oriente

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 15As Artes do Extremo-Oriente<

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

15

HISTÓRIA das artes europeias e até não europeias da bacia do Mediterrâneo pode fazer-se desprezando de maneira quase total as artes do Extremo-Oriente, cuja influência só se exerceu de maneira esporádica, quase sempre tardia e superficial. Mais suscitaram modas do que propriamente agiram em profundidade. Mas a recíproca não é verdadeira.

História da Arte – O Século XX

Marechal deodoro da fonseca

O Século XX

PeRCORREMOS quase metade dum século em que Marte sobrelevou às Musas. Uma Europa dilacerada, uma guerra que durou quatro anos, outra que provocou mudanças talvez mais profundas e cujas consequências são impossíveis de prever, sobressaltos económicos que arruinaram classes sociais inteiras e particularmente aquelas que pareciam ser a armadura das sociedades, e bem assim o súbito aparecimento e desaparecimento de países e a instauração de novos regimes sociais que consideramos com assombro misto de esperança ou de receio. Não nos deixemos, porém, equivocar. Não é provavelmente por essas catástrofes temporais que o futuro nos há-de julgar. Um quadro, uma estátua pesarão mais. Além disso, a arte não reflecte, ao que parece, essas convulsões, como não reflectiu, no passado, as da História.

Até hoje, não se pode pretender, apesar dos esforços de nacionalismos cada vez mais virulentos, que o primado francês esteja abalado. Pelo contrário, durante os anos que se seguiram à guerra de 1914-1918, Paris tornou-se o ponto de convergência de artistas de todos os países, tomando assim para si o antigo papel de Roma. Pôde falar-se duma escola de Paris, que compreendia Russos, Escandinavos, Espanhóis, Italianos, Checos e muitos outros ainda.

No entanto, torna-se-nôs difícil, hoje em dia, dominar essa balbúrdia.

Que o dealbar do século haja sido assinalado por uma reacção radical contra o impressionismo e que nos encontremos ainda nesta fase de reacção, eis o que não oferece dúvidas. Ela teve já vários episódios.

O Século XIX – História da Arte

Pierre du Columbier – História da Arte – Cap. 13 – O Século XIX

Tradução de Fernando Pamplona. Fonte: Editora Tavares Martins, Porto, Portugal, 1947.

O meio romano

 UM observador houvera podido conjecturar, em meados do século XVIII, que a Itália,e particularmente Roma iam retomar a direcção das artes, que lhes pertencera durante tanto tempo, e que a opinião geral estava inteiramente disposta a atribuir-lhes de novo. Reinava, com efeito, nessa cidade um estado de espírito que lembra, guardadas as devidas proporções, o do século xvi. De novo se descobria o antigo. Esta fermentação é por vezes relacionada com as escavações recentemente executadas em Pompeia e Herculano. Elas não lhe são estranhas e concebe-se o choque que produziu a vida íntima da Antiguidade de súbito revelada à luz do dia; no entanto, este género de explicação é demasiado fácil, assim como os achados arqueológicos feitos três séculos atrás não bastavam para justificar a Renascença. Trata-se antes de um episódio desseeterno movimento pendular que faz com que a um período de frivolidade suceda um período severo, a um período de liberdade um período de disciplina. A reacção contra o barroco tinha de vir: agarrou-se ela á antiguidade romana e etrusca, visto que a antiguidade grega continuava a ser quase por completo ignorada.

A Arte na Europa no Século XVIII – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Preponderâcia francesa   O papel de mestra das artes que aItália assumira havia dois séculos,passa de facto, durante o século xviii, para a França. A mudança opera-se de maneira mais prática do que teórica. Porque esta França tão imitada não cessa de enviar os seus artistas à Academia fundada por Colbert em Roma e de venerar os gigantes da Renascença. É certo que se não abstém de criticar os seus sucessores e particularmente esse espírito barroco cujos êxitos, entre nós, foram sempre passageiros e se limitaram a actividades menores, como a ourivesaria ou o mobiliário, não sem incorrer aliás nas condenações severas de muitos artistas.

A psicologia evolutiva

maravilhas das antigas civizações


Uma das grandes dificuldades apontada por diversos autores na psicologia é a construção de uma história desta ciência. A maneira mais simples consiste em descrevê-la em uma seqüência cronologicamente ordenada – porém não logicamente correta – no que se refere à análise dos problemas e tentativas de soluções. A perspectiva mais coerente focaria as questões isoladas, seguida das análises lógica e cronologicamente ordenadas das soluções que lhe foram propostas.

A Arte Europeia no Século XVII – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Pierre du Columbier – História da Arte 

A Arte Europeia no Século XVII

CONTRARIAMENTE ao que se imagina por vezes sem razão e a despeito da emancipação, em toda a Europa, de escolas nacionais que brilham com o mais vivo fulgor, o primado da arte Galiana não foi seriamente abalado no século xvii. A bem dizer, não dispõe já de artistas da estatura dos grandes do século precedente, mas apresenta ainda alguns mais do que estimáveis — e foram eles que, em grande parte, determinaram as modas de pintar e de sentir da época.

Quando se procura definir o que distingue, nas artes, o século xvii do seu predecessor, acham-se duas palavras de que se abusou enormemente nestes últimos anos e de que importa usar com grandes precauções: «Contra-Reforma» e «Barroco». A primeira delas é relativa a um aspecto moral, a segunda a um aspecto plástico.

Contra-Reforma

A Alta Renascença do Século XVI – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

A Alta Renascença do Século XVI

NO Século XVI, a atenção de toda a Europa concentra-se definitivamente sobre a Itália. A fabulosa fecundidade que favorecera este país durante os últimos cem anos decorridos não aumenta nem diminui. Todas as novidades — conhecimento do corpo humano, inteligência do antigo, aquisição do efeito de profundidade nos quadros e da materialidade dos objectos neles representados (valores tácteis) — tinham sido descobertos havia muito tempo e continuavam apenas a exercer os seus benefícios. No entanto, com o consenso universal, produz-se, por volta do ano de 1500, sob a acção de alguns homens, os mais célebres dos quais se chamam Leonardo de Vinci, Rafael e Miguel Angelo, uma completa mudança. Estes homens não pertencem todavia à mesma geração: Leonardo de Vinci é pelo menos vinte anos mais velho do que os dois outros, pode considerar-se perfeitamente um oontem porâneo de Botticelli e contudo não é ao lado de Botticelli que geralmente o colocam. Para justificar o que tão bem se concebe, há que recorrer a palavras que têm um sentido muito preciso para os artistas e é no entanto quase indefinível. Em suma, as que parecem mais convir aqui são as de segurança e de grandeza. Na maneira por que os homens do século XV exploravam as suas conquistas, havia quase sempre uma espécie de embaraço, de rigidez e também de secura: até os mais fortes, como Signorelli, não estavam isentos de tais fraquezas. Ora os seus sucessores assimilaram a tal ponto a nova linguagem que usam dela com uma naturalidade total. A forma era muitas vezes subdividida, acanhada, tinha qualquer coisa de quebrado, de fatigado, de incompleto. Agora, tudo se amplia e se arredonda, tudo parece tornar-se fácil.

Renascença- As Origens da Arte Moderna – História da Arte

Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

Pierre du Columbier – História da Arte

NÓS somos até certo ponto vítimas do nosso vocabulário. A uma variação lenta chamamos evolução e supomos com facilidade que em tal fenómeno não intervieram elementos estranhos verdadeiramente novos. Essas evoluções não nos deixam, por exemplo, discernir perfeitamente uma mudança de estilo: é-nos preciso então, de quando em quando, determo-nos um pouco para darmos conta do fenómeno. A lentidão da mutação não prova, de forma nenhuma, que ela se não tenha produzido, como o verificamos no que respeita à passagem do românico ao gótico.

Pelo contrário, uma revolução faria supor, no nosso espírito, um contributo exterior capaz de provocar, na curva que parecia representativa da arte através dos tempos, uma súbita inflexão.

Assim, estaríamos dispostos a admitir que, ao longo dum período que abrange seguramente todo o século XV e que, segundo os lugares, começa mais tarde ou mais cedo no século xiv e excepcionalmente no século XIII, se deram dois fenómenos: no Norte, uma evolução que corresponde à decadência da arte gótica e, em Itália, uma revolução determinada pela intervenção das recordações antigas e que marca o alvorecer da Renascença.

A bem dizer, haveria motivo para desconfiar desta lei imposta a todas as artes: arcaísmo, apogeu e decadência. Ela pressupõe juízos qualitativos por vezes difíceis de justificar.

A Arte Gótica – História da Arte

DA arte românica à arte tão universalmente chamada gótica que se tornou de todo inútil procurar uma justificação para este termo, a passagem fez-se quase insensivelmente; os graus intermédios entre uma e outra são a tal ponto numerosos que se experimentou geralmente a necessidade de distinguir um estilo de transição. E, nos nossos dias, alguns historiadores da arte propuseram o regresso ao vocabulário dos teóricos da arte clássica, que, em vez de «românico» e de «gótico», falavam dum gótico antigo e dum gótico recente.

E todavia a morosidade da gestação não faz nada ao caso. Quem observar um monumento gótico bem caracterizado, uma das catedrais da região parisiense, por exemplo, acha-o diferente na sua essência dum monumento românico, mais diferente talvez do que o é este edifício românico dum edifício carolíngio, ou até, no fundo, dum edifício antigo.

A Arte Românica – História da Arte

A Arte Românica

Os Preliminares

O Império do Oriente mantinha, durante algum tempo pelo menos, a sua supremacia numa parte do mundo civilizado, o Império do Ocidente sucumbira, tanto em consequência de sua própria decomposição como em resultado dos golpes dos invasores. No fim do século V, cessou a autoridade romana na Gália. Mas a organização administrativa de Roma não desapareceu do mesmo modo e muitas vezes forneceu quadros de funcionários, que todos aceitaram de comum acordo, à falta de quem os substituísse. E, sobretudo, compreende-se hoje cada vez melhor que a irradiação de Bizâncio não cessou de atingir os países que marginam o lago mediterrâneo e até os próprios recém-vindos. Muitas vezes, esta arte sumptuosa parece seduzi-los bem mais do que as ruínas imponentes de Roma. E é também do Oriente bizantino que veio o monaquismo, cuja acção devia ser decisiva para a civilização do Ocidente.

 Arte dos Nômadas

Arte Oriental Muçulmana e Islâmica – História da Arte

A Arte Muçulmana

EM 32, morre Maomete, fundador duma nova religião, que até então se confinara na Arábia. Quase imediatamente, as tribos que ele fanatizara lançam-se numa guerra santa. Cem anos depois, em 732, os Muçulmanos combatem em Poitiers e recuam ante os golpes de Carlos Martel. Entretanto, haviam conquistado perto de metade das costas desse lago de civilização que é o Mediterrâneo. Ocupam todos os países que se estendem da Ásia Menor até ao norte da Espanha: Síria, Palestina, Egipto, Africa do Norte e a maior parte da Península Ibérica. Para o interior da Ásia, haviam conseguido abater o antigo Império Persa.

E certo que os artífices desta conquista a empreenderam sem embaraçar os seus movimentos com uma pesada bagagem artística. Os historiadores mais favoráveis aos Árabes confessam que estes nada mais tinham do que urna cultura literária. Por outro lado, tão grande rapidez não deixa grandes possibilidades para a elaboração duma arte. Na verdade, a que adoptaram, quando as suas próprias conquistas os tornaram mais acessíveis às necessidades do luxo, foi em boa parte a que tinham encontrado. Ora, por mais fortemente abalada que estivesse em algumas das suas partes pelas invasões bárbaras a estrutura do Império Bizantino, por menos dedicadas que lhe fossem as populações, por muito carcomida que se encontrasse a sua armadura de defesa, nem por isso deixava de representar, mais ou menos por toda a parte, a civilização mais alta que se conhecia. Equivale isto a dizer que a arte muçulmana deve enormemente à arte bizantina, da qual possue aliás os caracteres essenciais: arte de decoração mais do que de estrutura. No conjunto, ela preocupa-se até muito menos com a solidez do que a arte bizantina. Esta dera-lhe o exemplo de transformar em ornamento as formas vivas e Bizâncio não hesitava até em empregar o ornato puro, destituido de quaisquer referências ao reino animal ou vegetal. Tal tendência ia depois ao encontro da lei muito conhe-‘ cida mas não geralmente observada que interdiz aos muçulmanos a representação dos modelos animados. Todavia, os muçulmanos levaram a abstracção mais longe do que os seus predecessores, no sentido de que a sua decoração floral se tornou por vezes irreconhecível e que a pura geometria exerceu sobre eles atracção extraordinária, como a exercera já sobre os Gregos, mas com uma exuberância que estes ignoraram.

Além do seu bizantismo predominante, a arte muçulmana recebeu, da parte de vários países onde se instalou, certas sugestões: assim, não foi mais insensível do que a própria arte bizantina às seduções persas, cuja influência se fez sentir até no Egipto. Na extremidade oposta os Árabes de Espanha acharam na arte visigótica muitos elementos dignos de atenção.

Etrúria e Roma – História da Arte

mapa roma itália

 

Pierre du Columbier – História da Arte

Tradução de Fernando de Pamplona .Fonte Livraria Tavares Martins, Porto, 1947.

Á Etrúria e Roma

A Etrúria

SEJAM embora muito vincados certos caracteres da arte etrusca, não se pode dissimular que ela deve em boa parte o lugar que se lhe atribui à sua grande herdeira, a arte romana.

A Grécia – Arte Grega Antiga

Templos gregos 

  • Ordens
  • Arquitectura Clássica Grega Antiga
  • Escultura na Grécia Antiga
  • Curos e Coré 
  • Período pré-clássico 
  • Fídias
  • Arte na Grécia no Século IV a. C
  • Período Helenístico
  • Vasos 
  • OBRAS CARACTERÍSTICA DA ARTE GREGA
  • ARQUITECTURA
  • ESCULTURA
  • VASOS
  •  

    Á Grécia

    Reserva feita da opinião dos que sustentam — será acaso um paradoxo? — que a arte grega nunca cessou de viver pois que inspira ainda hoje toda a Europa, esta arte teve uma existência bastante breve. Durou praticamente do vil século até cerca do ano 150 antes de Jesus Cristo, até à conquista romana. O seu domínio também foi relativamente limitado: Grécia propriamente dita. Asia Menor e Grande Grécia.

    Mas a sua duração global dá uma ideia bastante imperfeita dos fenómenos ocorridos: importa ter em consideração épocas em que o movimento se acelera; menos de cem anos bastam para passar do Triplo ATereuáo Hecatompédon às esculturas de Parténon.

    O Próximo-Oriente – História da Arte

    História da Arte de Pierre du Colombier

    O Próximo-Oriente

    Os povos pré-históricos deixaram singulares obras-primas, quer encaradas no aspecto quase inevitável da imitação fiel assim como no da transposição artística, atestam faculdades muito altas e facilidade surpreendente. Mas não conseguimos liga-las às obras posteriores. Pelo contrário, quando assistimos à elaboração duma arte que se tornará, depois dc múltiplas mudanças a nossa, parece que quase em toda a parte os homens partem do r.ada. Em primeiro lugar, são as olarias de utilidade cujo ornamento geométrico se diferencia; depois, tentativas mais ou menos tímidas, mais ou menos bem sucedidas para representar a figura humana. Estas tentativas surgem em diversos lugares e em épocas diversas com mais ou menos êxito.

    A pré-história da arte

    A idade a que pertencem todos estes documentos chama-se quaternária, ou pleistocénica, ou paleolítica — e as diversas camadas de terra onde se encontraram distinguem-se umas das outras pelo aspecto das armas c utensílios dc pedra nelas descobertos. Algunsarqueológos extasiam-se perante os requintes de arte de que nos dá testemunho a talha destes objectos utilitários. É certo que ela mostra, frequentemente habilidade considerável, mas que pouco nos elucida acerca das aspirações daqueles que a praticaram. Com efeito. uma convenção tácita não autoriza a reconhecer o carácter de arte senão à interpretação ou até à imitação das formas vivas. As épocas aurignacense (que tira o seu nome da localidade de Aurignac), solutreense (que tira o seu nome da localidade de Solu-tré) e madalenense deram as colheitas mais frutuosas e mais precoces.

    Formas de Governo, Sistemas de Governo, tipos de regime de governo

    O Estado

    Estado — vem do latim "status" e designa uma "comunidade jurídica", isto é, significa um conjunto de indivíduos, submetidos à mesma legislação e à mesma autoridade política. O Estado através dos tempos assumiu as mais variadas formas de governo até chegar ao moderno Estado democrático. Sua prin-

    cipal obrigação é promover o Bem-Comum. Os Estados modernos gozam da prerrogativa da soberania, isto é, têm poderes autônomos e não estão sujeitos a nenhum outro governo estranho.

    Os indivíduos que integram um Estado constituem o povo.

    O Brasil é um estado soberano e os que nascem aqui constituem o povo brasileiro.

    — Você não deve confundir Estado soberano e Estado-mem-bro. O Brasil, por causa de sua grande extensão territorial, é dividido em 22 Estados. Estes são Estados-membros da União Federal. Seus governos só são relativamente autônomos e subordinam-se nas suas bases estruturais ao Governo Federal.

    A Nação

    EMPIRISMO E RACIONALISMO


    Desde as origens da filosofia o problema do conhecimento sempre ocupou a maioria dos filósofos. O tema já era tratado pelos pensadores pré-socráticos, os quais, dada a maneira como abordavam o assunto, se dividiam entre racionalistas e empiristas. O racionalismo e o empirismo representam visões opostas na maneira de explicar como o homem adquire conhecimentos. A classificação em correntes de pensamento, evidentemente, foi realizada pelos pensadores posteriores, já que nem os gregos ou os medievais tinham clara a separação entre as duas tendências. Parmênides (cerca de 530



    a.C. -460 a.C.) e os pitagóricos (século VI a.C.) concordam que além do conhecimento empírico existe também o racional, e é somente este último que efetivamente tem valor absoluto. Por outro lado, os sofistas Protágoras (480 a.C. -410 a.C.) e Górgias (480 a.C.375 a.C.) reconhecem somente o conhecimento sensível. Assim, como sabiam que as experiências eram falhas e que não eram as mesmas para todo e qualquer indivíduo, os sofistas concluíram pela rel

    A crítica à metafísica aristotélica clássica e o despontar da subjetividade cognoscente-autônoma em Immanuel Kant 

    maravilhas das antigas civizações

     

    Francisco Nunes de Carvalho

    Licenciado em Filosofia – [email protected]

     

    O presente trabalho objetiva apresentar o processo
    histórico-filosófico de decadência da metafísica enquanto ciência sobre o mundo
    objetivo em sua totalidade – ciência do ser – na vertente de Aristóteles,
    relacionando-o à afirmação do sujeito cognoscente que se volta para si mesmo e
    estabelece a própria autonomia racional, o que ocorre na chamada Modernidade e
    atinge momento privilegiado em Immanuel Kant. Analisaremos assim a transição de
    uma racionalidade ontológica, típica da metafísica aristotélica do ser, a um
    pensamento centrado no problema gnosiológico como pressuposto para ulteriores
    desenvolvimentos filosóficos, inclusive na ética.

    O ROMANCE DO TEATRO

    Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

    O ROMANCE DO TEATRO

    Henry Thomas

    Mistérios dos bastidores

    JAMAIS vos ocorreu, quando vos sentais num teatro, que o espetáculo a que ides assistir é o resultado de uma série extraordinariamente complexa de atividades? Atravessemos a ribalta e tentemos reconstituir alguns dos preparativos requeridos para a representação duma peça. A primeira coisa que vemos é a variedade de luzes coloridas que se derrama sobre nós de todos os lados. Para o espectador, o palco está colocado numa espécie de moldura, iluminada do fundo, dos lados, de cima, de baixo e de frente. Quer estejam na ribalta, nas extremidades, nos bastidores, nas bambolinas, os glóbulos são cobertos de gelatina côr de âmbar, rósea, azul ou verde, combinadas de modo a produzir o efeito desejado. Começamos a ver que a física foi chamada a prestar auxílio aqui, e que só se obteve resultado almejado depois de incontáveis experiências.

    Lançando um olhar para o palco, vemos que representa uma sala, com paredes, janelas, portas, instalação elétrica, mobiliário, tapetes e tudo quanto é mister para dar uma ilusão de realidade. Artistas e peritos desenhistas foram utilizados para fazer com que tudo quanto ali está forme uma harmoniosa unidade de conjunto e de côr. Porque quando os atores se movem diante desse fundo, o efeito sobre o observador deve ser semelhante ao da pintura. De modo que a arte se associa à ciência, contribuindo para nosso prazer.

    REALIZAÇÕES DA ARQUITETURA

    Yafouba, o mágico da trilso, com uma das meninas que foram jogadas em cima de pontas de espadas.

    * As mais antigas construções do mundo
    * O misterioso labirinto
    * O mais belo edifício do mundo
    * A magnificência de Roma Eterna
    * Maravilhas dos Muçulmanos
    * As três mais belas catedrais góticas
    * Realizações do século XIX
    * Maravilhas da arquitetura moderna
    * A Casa Bonita

    REALIZAÇÕES DA ARQUITETURA

    As mais antigas construções do mundo

    HÁ grande diferença entre escultura, de uma parte, e arquitetura, de outra. A escultura é primacialmente estética. A arquitetura é ao mesmo tempo estética e funcional. Por outras palavras, a escultura serve apenas a uma finalidade de beleza; a arquitetura serve ao objetivo da beleza e da utilidade.

    A arquitetura é a bela arte de construir: construir templos para deuses, casas para morar e túmulos para os mortos.

    O costume de construir túmulos começou no Egito há uns 5.000 anos. Esses túmulos eram grandes, espaçosos e confortáveis, porque os egípcios acreditavam que as almas dos mortos viviam e mantinham casas naqueles quartos subterrâneos. Os túmulos eram providos de todo o necessário e de todo o luxo das casas dos vivos. E eram construídos com imensas e pesadas pedras. Porque deveriam ser sólidas e permanentes essas casas dos mortos. Seus habitantes iriam "viver" nelas para sempre.

    OS FORJADORES DE IDEAIS | O Homem Medíocre

    O Homem Medíocre (1913)

    José Ingenieros (1877-1925)

     

    Capítulo VIII – OS FORJADORES DE IDEAIS

    I. O clima do gênio. — II. Sarmiento. — III. Ameghino. — IV. A moral do gênio.

    I — O clima do gênio

    A desigualdade é força e essência de toda seleção. Não existem dois lírios iguais, nem duas águias, nem dois lagartos, nem dois homens: tudo o que vive, é incessantemente desigual. Em toda primavera, algumas árvores florescem antes de outras, como se fossem preferidas pela Natureza, que sorri ao sol fecundante; em certas etapas da história humana, quando se plasma um povo, se cria um estilo ou se formula uma doutrina, alguns homens excepcionais antecipam sua visão à dos outros; concretizam-se num Ideal, e a expressam de tal maneira, que perdura através dos séculos. Arautos, a humanidade os escuta; profeta, acredita neles; capitães, segue-os; santos, imita-os. Enchem uma era, ou assinalam uma rota: semeando algum germe fecundo de novas verdades, pondo a sua assinatura em destinos de raças, criando harmonias, forjando belezas…

    A genialidade é uma coincidência. Surge como chispa luminosa no ponto onde se encontram as mais excelentes aptidões de um homem, e a necessidade social de aplicá-las no desempenho de uma missão transcendente. O homem extraordinário só ascende à genialidade se encontra clima propócio: a melhor somente necessita da terra mais fecunda. A função reclama o órgão: o gênio torna atual o que, no seu clima, é potencial.

    Nenhum filósofo, estadista, sábio ou poeta, alcança genialidade, enquanto, em seu meio, sentir-se exótico ou inoportuno; necessita de condições favoráveis de tempo e de lugar, para que a sua aptidão se converta em função e marque uma época na história.

    Ebook de Introdução à Sociologia – CONCLUSÃO

    Introdução a Sociologia –

    Professor A. Cuvillier (1939).

    CONCLUSÃO

    Há uma conclusão a tirar, parece-nos, de tudo o que fica dito: aquela mesma já indicada sumariamente ao estudarmos a forma por que se determinaram, no decurso da sua história, os problemas que a sociologia apresenta. É que, para ser uma verdadeira ciência, esta não necessita de pôr de lado nenhum dos elementos propriamente humanos da realidade social.

    AS HIPÓTESES FUNDAMENTAIS DA SOCIOLOGIA

    Introdução a Sociologia – PRIMEIRA PARTE OS PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS Capítulo I

    Professor A. Cuvillier (1939).

     

    Capítulo VI AS HIPÓTESES FUNDAMENTAIS DA SOCIOLOGIA

    A sociologia não é uma filosofia da história: não supõe uma explicação unilateral dos fenômenos sociais, mas, pelo contrário e como já dissemos, o sentido das interferências e das interações múltiplas cuja reunião forma a vida social. Se, contudo, não quisermos cair num círculo vicioso, que consistiria em explicar os fenômenos sociais sucessivamente uns pelos outros, essas ações recíprocas supõem, necessariamente, uma ação primordial, ou, como dizia Durkheim, um "substrato" fundamental. A sociologia necessita, portanto, como sucede com todas as outras ciências, de uma hipótese diretriz, de uma hipótese de trabalho, incidindo aqui sobre a natureza desse substrato.

    I. —O "substrato" biológico

    Será esse "substrato" de ordem biológica? E será a sociologia, neste sentido, um apêndice das ciências naturais? Esta interpretação pode apresentar-se — fora das vagas analogias do organicismo, de que já tratamos — sob duas formas principais.

    1. O fator racial: a antropossociologia. — A primeira é a teoria da raça ou antropossociologia, a qual, como veremos adiante, é muito antiga. Mas é sabido que, na sua forma atual, ela tem, sobretudo, por origem um livro de Arthur de Gobineau, Essai sur l’inégalité des races humaines (1853-1855). Desenvolveu-se em França, nos fins do século passado, graças aos trabalhos de Vacher de Lapouge. A própria revista L’Année Sociologique, nos seus três primeiros volumes, julgou dever, ainda que com prudentes reservas acerca, do fundo da doutrina, consagrar uma rubrica à antropossociologia.

    OS PROBLEMAS SOCIOLÓGICOS – OS MÉTODOS SOCIOLÓGICOS – Introdução à Sociologia

    I. — O "MÉTODO" MONOGRÁFICO

    Nestas condições, se é preciso tomar como ponto de partida os fatos, o concreto, não será o melhor método o que descreve atenta e minuciosamente casos especiais e convenientemente escolhidos, isto é, o "método monográfico"?

    Foram, sobretudo, a escola de Le Play e a sua filial, a escola da "Ciência Social", que preconizaram este método como o sistema fundamental da sociologia. O que fará, diz Paul Bureau, eminente representante desta escola, na sua Introduction à la méthode sociologique, um mineralogista que pretenda estudar um terreno? Não irá estudar aqui e além certos estratos, não multiplicará as análises parciais e fragmentárias. Colherá uma amostra do jazigo que pretende conhecer e dela fará uma análise completa, levando-a até ao fim.

    É sabido que, na realidade, as investigações de Le Play incidiram, principalmente, sobre as monografias de famílias operárias. Estabeleciam o orçamento de uma família normal, numa profissão, lugar e época determinados, e fixavam suas diversas despesas, consagradas à alimentação, ao vestuário, à habitação, à saúde, à instrução, aos divertimentos e à economia. Para estas monografias Le Play constituiu quadros que foram desenvolvidos por Henri de Tourville numa Nomenclature detalhada, em que os fenômenos sociais são agrupados em vinte e cinco grandes classes, subdivididas, por sua vez, em 326 elementos. Le Play estabeleceu, igualmente, um quadro para a monografia de uma nação, que aplicou na sua "Constituição da Inglaterra": Emile Cheys-son, um quadro para as monografias de oficina, etc.

    Por outro lado, os geógrafos da escola de Vidal de la Blache preconizaram, por oposição ao método analítico e comparativo dos sociólogos, as monografias regionais, de que podemos encontrar modelos nos estudos, já antiquados, de Demangeon sobre a Picardia, de Blanchard sobre a Flandres, de Vacher sobre o Berry, de Jules SION sobre os camponeses da Normandia oriental, ou no notável e

    ainda recente estudo de Demangeon e Febvre acerca do Reno. Em vez de tomar por base um elemento social, como a habitação (formas da casa, distribuição das aglomerações, etc), o povoamento, a irrigação, a localização das indústrias, etc, e de lhe estudar as variações no tempo e no espaço, escolhem uma região geograficamente delimitada e estudam todos os fenômenos que nela ocorrem e as relações entre esses fenômenos e ela.

    Este método permitiria, a acreditar em seus partidários, estudar a sociedade na sua evolução, na sua vida, no seu dinamismo, enquanto que todos os outros conduziriam a uma sociologia estática. É assim que P. Bureau critica Durkheim por estudar com os seus métodos não o "já feito" e o "acabado", mas "o envelhecido e o velho, o que amanhã será caduco e depois de amanhã desusado", e desconhecer as "instituições sociais que se elaboram e se experimentam, tímida e, por vezes, dolorosamente, ainda muito modestas e desprezadas pelas "pessoas de qualidade" para terem direito de cidadania e se exprimirem nessas sentenças imperativas que tão bem ficam às pessoas que venceram na vida".

    Lionel Bataillon julga, igualmente, poder afirmar que "a diferença de atitude (entre partidários do método analítico e partidários do método monográfico regional) provém de uma diferença de concepção das reações recíprocas do homem e do meio". Os primeiros imaginariam "os homens passivos diante das forças naturais", ao passo que os segundos estariam penetrados da idéia de que "o homem atua sobre a natureza tanto como a natureza atua sobre o homem".

    Em boa verdade, não é esta a questão. É possível que os sociólogos durkheimianos não tenham posto suficientemente em relevo a reação do homem sobre a natureza. Mas disso voltaremos a tratar no último capítulo. Mas nunca a negaram. De resto, o "método monográfico" não evita de modo algum os inconvenientes da sociologia estática. Para o provar basta-nos a seguinte observação de Wilbois: as nossas sociedade modernas, diz êle, estão em evolução permanente; nelas se criam sem cessar novas tendências, que ainda não têm órgãos apropriados. Poderão essas tendências, essas novas necessidades, ser interpretadas por meio das monografias? "Por mais preciosas que sejam essas monografias, só indireta e inexatamente respondem à pergunta que fazemos. O que delas se deduz não é uma tendência, ou, mais precisamente, uma "necessidade", se chamarmos necessidade a uma tendência aplicada a um objeto; é, como observou Schmoller, um "pedido": ora, uma necessidade pode ser imperiosa e, por falta de dinheiro, aquele que a sente nem sequer pensar em exprimir o pedido com que a satisfaria: os operários das grandes cidades têm, evidentemente, necessidade de férias ao ar livre, e contudo só recentemente se encontram ligeiros vestígios dessa despesa no seu orçamento".

    Na realidade, a questão é puramente metodológica. O que devemos perguntar é se, efetivamente, a monografia constitui um método, que possa levar a uma determinação e a uma interpretação satisfatória dos fatos sociais. Seja-nos permitido recordar aqui alguns princípios elementares que, parece-nos, têm andado muito perdidos de vista nesta discussão:

    1.° O singular não é objeto de ciência. Em primeiro lugar, a monografia, pelo simples fato de se referir a um único exemplo, nunca pode esgotar o assunto. Era já essa a objeção formulada por

    Durkheim nas Régles: "Inventariar todos os caracteres de um indivíduo é um problema insolúvel. O indivíduo é, só por si, um infinito, e o infinito não pode esgotar-se". Além disso, a descrição pura, tal como é aqui possível, coloca-nos apenas em presença de um conjunto confuso, no qual nada se pode distinguir, aproximadamente como se um físico tivesse a fantasia de Rescrever o estado total de um sistema, misturando, ao mesmo tempo, o que diz respeito aos seus estados mecânico, térmico, elétrico, magnético, higrométrico, etc. "Supondo mesmo — escrevia Simiand, na polêmica a que atrás fizemos referência — que as regiões consideradas são, realmente, unidades ao mesmo tempo geográficas e humanas (com preferência, de resto, mais humanas que geográficas), começar por estudar o todo dessa região, querer compreender e explicar, ao mesmo tempo, tudo o que nela existe, é pretender começar pelo mais difícil, por aquilo que, quando muito, se pode considerar como o fim da ciência: porque é, com efeito, pretender explicar um indivíduo em toda a sua individualidade completa e inteira, em vez de começar, como em todas as ciências, pela análise das relações gerais mais simples".

    Por conseqüência, a monografia pode, no máximo, fornecer-nos — e, repetimos, de maneira incompleta — um "dado" que então se apresenta com a complexidade e, também, com a ambigüidade da realidade. "Complexo indivisível", diz-nos Hauser. Indivisível, portanto incompreensível. Porque, se é verdadeiramente rebelde à análise, não pode ser cientificamente conhecido.

    2.° Na realidade, a análise é indispensável. E isto é tão verdadeiro que, apesar de a possuírem, os partidários do método monográfico introduzem, naquilo que pretendem ser uma simples exploração dos fatos sociais, hipóteses, pré-concepções, classificações, quadros lógicos, que implicam já uma interpretação completa. Mas essa interpretação é tanto mais perigosa quanto é inconsciente e, muitas vezes, provém, simplesmente, dessa "metafísica do senso comum" que, em 1903, Simiand assinalava como constituindo "os ídolos da tribo dos historiadores".

    Vejamos, por exemplo, por que razão Le Play se dedicou, de preferência, às monografias de famílias cie operários. Êle próprio explica-o no seu livro Ouvriers européens. A família burguesa ou rica, diz, tem, em larga escala, a faculdade de se subtrair à influência do meio. "Não sucede assim com a classe operária: a imprevidência que implica um estado habitual de penúria, ou a previdência que a economia aconselha nas despesas, colocam cada família na necessidade de prover às suas necessidades pelas combinações mais diretas e mais simples. Os meios de existência do operário estão, portanto, essencialmente subordinados às influências reunidas do solo e do clima.. . Nestas condições, obtém-se como que um reflexo da constância e da regularidade que os naturalistas constatam entre os indivíduos da mesma espécie". E mais claramente ainda, na Introdução da mesma obra, Le Play declarava: "Apliquei à observação das sociedades humanas regras análogas às que o meu espírito utilizava no estudo dos minerais e das plantas. Construí um mecanismo científico".

    Não se pode confessar com maior ingenuidade uma concepção fixista e mecanista da vida social.

    Por outro lado, por que razão se há de fazer incidir o estudo especialmente sobre a família? O seu discípulo Paul Bureau não no-la deixa ignorar:

    Capítulo VII – A MEDIOCRACIA – O Homem Medíocre – José Ingenieros

    O Homem Medíocre (1913)

    José Ingenieros (1877-1925)

     

    Capítulo VII – A MEDIOCRACIA

    I. O clima da mediocracia. — II. a pátria. — III. a política das piaras. — IV. os arquetipos da mediocracia.— V. a aristocracia do mérito.

    I — O clima da mediocridade

    Em raros momentos, a paixão caldeia a história, e se exaltam os idealismos; quando as nações se constituem, e quando elas se renovam. Antes, é secreta ânsia de liberdade, luta pela independência; mais tarde, crise de consolidação institucional a seguir e, depois, veemência de expansão, ou pujança de energias. Os gênios pronunciam palavras definitivas; os estadistas plasmam os seus planos visionários; os heróis põem o seu coração na balança do destino.

    A VELHICE NIVELADORA – ebook de O homem medíocre

    O Homem Medíocre (1913)

    José Ingenieros (1877-1925)

    Capítulo VI – A VELHICE NIVELADORA

    i. as cãs. — ii. etapas da decadência. — iii. a bancarrota dos engenhos. — iv. a psicologia da velhice. — v. a virtude da impotência.

    I — As cãs

    Encanecer é coisa muito triste; as cãs são u’a mensagem da Natureza, que nos adverte da proximidade do crepúsculo. E não há remédio. Arrancar as primeiras — e quem não o faz? — é como tirar o badalo ao sino que toca o Angelus, pretendendo, com isso, prolongar o dia.

    As cãs visíveis correspondem a outras mais graves, que não vemos; o cérebro e o coração, todo o espírito e toda a ternura encanecem ao mesmo tempo, com a cabeleira .

    A alma do fogo, sob as cinzas dos anos, é uma metáfora literária desgraçadamente incerta. A cinza afoga a chama, e protege a brasa. O engenho é chama; a brasa é a mediocridade.